segunda-feira, 17 de outubro de 2011

OBRIGADA POR ME OUVIR




Uma das máximas do Espiritismo é a de que "Fora da caridade não há salvação."

Muitas vezes lembramos de caridade como se ela fosse apenas doar dinheiro, objetos, roupas, móveis, cestas básicas ou distribuir sopa. Essas são as formas mais fáceis de fazer um trabalho caridoso.

Difícil mesmo é fazer a caridade, por exemplo, de "ouvir alguém". Se for ver bem, seria a forma mais fácil e barata de se fazer caridade. Mas é a forma mais difícil, porque envolve sentimento e doação, não só de tempo, mas de si próprio. É estar disposto a se entregar fraternalmente. É estar disposto a ser indulgente. É deixar de lado o nosso tempo, muitas  vezes até parar tudo que estamos fazendo, para se envolver com a questão do outro. Às vezes, a gente não tem isso nem dentro da nossa família. Aliás, esse é outro ponto envolvendo caridade: ela deve começar dentro de casa. A gente tem condições de ajudar o outro quando nos dispomos a acudir a nós mesmos e a quem está mais próximo da gente.

Lembrei-me em escrever sobre a caridade de ouvir o outro, porque por vezes o que me aliviou em um momento difícil foi poder ligar para alguém e desabafar.

Há pessoas que têm muita dificuldade em falar de si. Se você é uma delas, acredite: desabafar ajuda até a quem escuta. Pode reparar que quando alguém desabafa conosco, as nossas dúvidas, as nossas angústias, os nossos problemas ficam menores, ou até os solucionamos, ouvindo a experiência do outro.

Gosto muito de uma estória que li, acho que numa apresentação de PowerPoint, que dizia mais ou menos assim: se pudéssemos colocar os nossos problemas lado a lado com os problemas dos outros, e nos fosse dado o direito de escolher quais problemas realmente quereríamos para nós (dentre os demais das outras pessoas), pegaríamos os nossos próprios.

Deus, na sua infinita bondade, e com o nosso consentimento, nos deu um fardo com o peso exato que poderíamos carregar. Nem mais, nem menos. Deu-nos também o livre-arbítrio para escolhermos o caminho que queremos seguir. Mas se pudermos contar com pessoas que nos ouçam, como a viagem fica muito mais fácil! Da mesma forma, quando nos dispomos a ouvir o outro, o nosso próprio fardo se torna mais leve. Naquele momento deixamos nossas "malas" descansando, para depois pegá-las novamente. E na maioria das vezes, as nossas "malas" se tornam mais leves.

No Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo XIII - Não Saiba a Vossa Mão Esquerda O que Dê a Vossa Mão Direita, Allan Kardec, com a orientação da espiritualidade, trata da Caridade de todas as formas. Transcrevo um pequenino trecho:

"14. Várias maneiras há de fazer-se a caridade, que muitos dentre vós confundem com a esmola. Diferença grande vai, no entanto, de uma para outra. A esmola, meus amigos, é algumas vezes útil, porque dá alívio aos pobres; mas é quase sempre humilhante, tanto para o que dá, como para o que a recebe. A caridade, ao contrário, liga o benfeitor ao beneficiado e se disfarça de tantos modos! Pode-se ser caridoso, mesmo com os parentes e com os amigos, sendo indulgentes para com os outros, perdoando-se mutuamente as fraquezas, cuidando não ferir o amor-próprio de ninguém."


O capítulo todo é muito bonito e esclarecedor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário