segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

TER OUVIDOS PARA OUVIR

Colheita de trigo - estrada Apucarana - Califórnia - PR

A gente tem que ter olhos para ver e ouvidos para ouvir. Não necessariamente físicos, mas necessariamente da alma.

Tive um colega de trabalho que, quando eu contava de problemas que tinha com porteiro do prédio onde morava, tais como falta de colaboração ou displicência, me dizia: “se o porteiro fosse capaz de entender, ou responder ao solicitado, não estaria trabalhando de porteiro.”

Por vezes até correspondia mesmo com o que o meu colega justificava. Mas, atualmente, no meu prédio, tenho exemplo contrário. E a cada dia, vejo que já não cabe mais essa máxima, em várias outras profissões.

Tem um monte de gente boa trabalhando em serviços para “menos capacitados”. Tem muita gente batalhando em serviços “menos nobres”, para alcançar um objetivo muito nobre, como por exemplo, complementar a renda para pagar o estudo de um filho, e no caso de um de nossos porteiros (que está substituindo o de férias), para pagar o seu próprio estudo – Medicina Veterinária.

A mulher já é Veterinária e trabalha como tal em uma empresa. Ele, trabalha de porteiro, pelos horários que lhe permitem continuar os estudos. E se desloca para a cidade vizinha, onde fica a faculdade.

Para somar a isso, o casal é gaúcho, de Passo Fundo, e veio pra cá pela oportunidade que a mulher teve, na sua profissão. Ela realizara o mesmo sonho de fazer Veterinária, anos antes na sua cidade, com o marido custeando parte da faculdade, com a bolsa que a empresa dele fornecia. Primeiro ele a ajudou, agora está sendo a vez dela.

E fiquei sabendo de tudo isso, quando passei pela portaria e perguntei pelo meu carnê do IPTU. Na conversa que tive com ele, soube que estava lendo um livro, por estar tranquilo o dia. 

Derrubou inteiramente a tese do meu colega.

Derrubou a tese de conhecidos meus que me dizem que não tiveram oportunidade de estudar, ou que não têm tempo, ou que.... blá, blá, blá....

Está certo que não posso ser tão simplista assim, que cada um "sabe a dor e a delícia de ser o que é", mas quando a gente escuta uma história como a do porteiro, a gente pára pra tentar entender as razões do que não estudou e do que não procurou melhorar na vida.

E fico pensando até onde vai o preconceito de quem vê em profissões como a de porteiro, uma opção de quem não tem capacidade para mais.

Adorei ouvir a história de vida do nosso colaborador, contada com uma simplicidade e uma alegria que por vezes não vejo em muitas pessoas em cargos para “mais capacitados”, em profissões “mais nobres”. E o que dizer da paciência, da resignação e da perseverança do casal, incentivada pela esperança e pela fé em dias melhores? Uma lição e tanto!

Esta postagem é um contraponto da que fiz dias atrás, sobre o Brasil do Bolsa-Família.  Existe o Brasil batalhador, formado por pessoas como o porteiro do meu prédio, que quer  um lugar ao sol, que luta pra isso, que faz parte do Brasil que lê, porque quer ser protagonista do seu próprio futuro.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

SONHOS


No que pode dar uma reunião de mulheres, amigas, numa tarde chuvosa, ao redor de uma mesa retangular com duas travessas enormes de sonhos quentinhos, fritos na hora e envoltos em açúcar,  na frente delas? E a bacia de sonhos em cima do fogão, esperando para o reabastecimento? E ainda mais: pão-de-queijo, salgadinhos, torradas, patê, refrigerante e café fresco. E uma chuva ralinha lá fora?

Pois foi assim nosso final de quarta-feira, 11 mulheres, todas inteligentes (sem falsa modéstia), bem arrumadas, bem humoradas, desbocadas, de bem com a vida, sem medo de contar qualquer coisa e parecerem ridículas ou inoportunas, todas com muuuuiita história pra contar.  E, principalmente para rir!

Fico imaginando se os homens conseguem imaginar o que sai dessas reuniões? Acho que ficariam corados (hehe).

É... somos mulheres do nosso tempo mesmo! Graças a Deus!

Fico imaginando minha mãe, na sua época de solteira (ou mesmo agora), com suas amigas, do que falariam numa reunião dessas?

Por exemplo: falariam abertamente  sobre seus relacionamentos e sobretudo sobre sexo? Que se casaram e odiaram a primeira vez? Sim, porque muitas das mulheres da geração da minha mãe só tinham intimidade  com um homem (ou o seu homem) depois do casamento. E se foi muito bom, será que falariam? Acho que sim, porque o que é bom a gente tem a coragem de falar. Qual o destino dessas mulheres trocando confidências sobre sexo?  Acho que elas seriam excomungadas, deserdadas, colocadas para fora de casa,  e ainda chamadas de “biscates” (adjetivo que minha avó usava).

Os sonhos que comemos na quarta foi uma das amigas quem fez, aproveitando que está de férias.  De goiabada e doce de leite. Deliciosos. Mas dali da mesa, acredito que só ela mesma para fazer um prato “difícil”, como uma massa de sonhos. Se minha avó estivesse viva e ouvisse isso, me diria que sou preguiçosa e que homem me quereria como esposa?  Tempos outros, vó! E não quero um homem para eu ser “esposa”, mas sim “mulher”.

Quando minha avó materna “arregimentou” os maridos para suas filhas (ela fez pressão psicológica enorme), ela pensou alguma vez se deu ou daria química entre as filhas e os candidatos? Sim, porque tem que ter química – de pele, de sentimento, de coisas em comum. Acho que não, pelas histórias da maioria delas. Com exceção de uma tia que era “avant” para o seu tempo, tanto que na época que as mulheres começaram a usar calças compridas (uma vergonha ainda), ela ousou ter o prazer de usá-las, morando numa cidade minúscula e provinciana.

Fico pensando como evoluímos. Falamos de sexo abertamente com nossas amigas, do enésimo casamento em que estamos, em que o que nos separa do companheiro “é apenas um portão” (palavras de uma das amigas), queremos ter prazer e mostrar ao nosso companheiro “o como”, e até decidimos a cor do carro que o nosso companheiro vai “escolher” (sim, o carro, algo tão antes ligado ao masculino).  

Fico pensando que os homens estão assustados mesmo conosco. Não faz tanto tempo assim que seus pais tinham um comportamento compatível com a época de suas mães, e isso era modelo para eles. Nós não somos mais como suas mães. Deve ser difícil acompanhar a evolução feminina, mas uma coisa eu digo a eles: continuamos a ser mulheres e esperamos que eles sejam homens. Só isso.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Minha irmã indicou-me para assistir um programa “Sem Censura”, da Leda Nagle, que foi ao ar no dia 23/12/2011, na TV Brasil. Assisti e adorei!

Todas as férias, a Leda Nagle faz reprise de seus programas, montando novos programas a partir dos que foram ao ar durante o ano. Pega uma parte aqui, outra ali, e desta feita acabou montando um programa “ecumênico” que trata da Fé, “um canal de comunicação com Deus”.

O advogado Pedro Siqueira, que escreveu o livro “Senhora das Águas”, falou da fé como uma coisa muito particular, muito individual. E contou sua experiência de ter visões desde menino, com uma simplicidade e autenticidade tão grandes.

O Pe. Fábio de Mello falou principalmente da espera em tempos de pressa, da esperança e da simplicidade (“a simplicidade é uma conquista”), tema este que particularmente amo. Pelo que ele descreveu do seu livro “Tempo de Esperas” deu uma vontade enorme de ler.

O terapeuta holístico Armando Falconi Filho, um Espírita como eu, falou da perda de pessoas que amamos, ele mesmo tendo passado por experiências dolorosas. Autor do livro “Perda de Pessoas Amadas”, também tem um site –  www.falconi.com.br.

O rabino – Nilton Bonder, falou principalmente do seu livro “Segundas Intenções – Vestindo o Corpo Moral”, em contraponto a seu primeiro livro que virou uma peça de teatro.

E por fim, o Padre Reginaldo Manzotti, de Curitiba, levou seu livro “20 Passos para a Paz Interior”, e que acabou conquistando pessoas que nem católicas são. Falou da paz que “não é egoísta”, e da potência que temos para o bem, mas que requer de nós “disciplina e renúncia”.

Vale a pena assistir!



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

BEM-VINDA, SENHORA ROTINA!

Relógios do saguão do Museu Pe. Carlos Weiss - Londrina - PR

Como é bom sair da rotina!

Mas... como é bom voltar à rotina!!!!

Engrenar o trabalho com hora marcada, retomar o trabalho voluntário, os exercícios regulares, a dança, e olha que ainda faltam atividades que estão em férias, mas em fevereiro retornam! Oba! Estava morrendo de saudades da rotina!

Hoje até mudei o CD do carro – coloquei Paul McCartney*, que queria ouvir há meses, mas quem diz que eu lembrava de pegar em casa? Mudei até os óculos, de tão animada que fiquei. Quero entrar na rotina normal de trocá-los todo dia (mania de quem odeia óculos e encontrou algum glamour para usá-los). E depois de quase dois meses, voltei a fazer bolo de milho verde. E que gostoso que ele ficou!

Bem-vinda, Senhora Rotina!

Assim como ela causa stress, a falta dela também. A gente precisa de uma ordem, uma organização para o dia. A nossa cabeça funciona melhor, mais logicamente, quando temos tarefas fixas no cotidiano. Daí conseguimos até distribuir o restante do tempo para as tarefas variáveis, tão igualmente importantes.

Pode notar que quando tiramos a ordem da nossa cabeça, a gente tem a impressão de que o dia passou e não conseguimos fazer nada, ou nem metade do que “planejamos”. E a ansiedade que dá depois?

Quando a gente fala em rotina, quase todo mundo torce o nariz, porque lembra “todo dia ela faz tudo sempre igual”, como na música do Chico Buarque. O problema é que muitas vezes falta é “apimentar” a rotina, daí ela não se torna pesada. Por exemplo, trabalho o dia todo, numa rotina igual ao dia de ontem, de anteontem, de ...., mas o que eu faço depois de cada dia desse? Coloco coisas prazerosas para fazer depois de um dia rotineiro na empresa?

Tem gente que fala que rotina é uma prisão. Pois eu acho que ela pode ser libertadora, quando a gente institui coisas no dia-a-dia que nos melhoram como pessoa -  física, mental e emocionalmente.

Quer ver? Uma atividade física “x” vezes por semana – vira rotina, mas rotina saudável. Uma atividade intelectual – um curso “y” vezes na semana – vira rotina, mas rotina que nos traz conhecimento. Uma atividade religiosa em algum dia fixo – é uma rotina, mas que nos permite nos ligarmos a Deus, a evoluirmos moralmente. E até os encontros com os amigos, pode virar rotina, e que é rotina boa!

O nosso corpo gosta e se acostuma com a rotina. O metabolismo funciona melhor. Pode notar que nas férias, tem o lado bom de não termos horário pra nada. Mas tem o seu preço: invariavelmente ganhamos quilinhos extras por conta de bagunçarmos os horários das refeições (o cérebro fica perdido), os horários de dormir e acordar ficam todos confusos, e quando voltamos a trabalhar, até o relógio interno voltar a funcionar direito leva um tempo. Daí, no primeiro dia de trabalho, parece que não tiramos férias (hehe).

Bom... até agora falei da rotina levando-se em conta algo de extrema importância: a priorização do que fazer dentro dessa rotina. As metas a serem atingidas pelo menos no dia. Porque senão, a rotina realmente é o inferno em vida.

Tenho uma amiga cuja grande reclamação era de que fazia muita coisa no dia, uma atrás da outra, e no final restava um monte de coisas começadas e não finalizadas. Era essa a sua rotina diária. Estressante, segundo ela mesma.

Só que, o que ela produz no dia reverte em pontos, e estes pontos mostram aos seus superiores como está sendo a produção dela na empresa.

Ela me pediu uma sugestão do que fazer e sugeri que ela, no começo do dia, ou ao final do anterior, pegasse todas as pendências e elegesse algumas delas para resolvê-las no dia, e dar conta dessas e somente dessas pendências. Ao final de alguns dias, todas as pendências estariam resolvidas.  E ela começou a fazer assim, e a notar que o trabalho fluiu e melhorou consideravelmente. Chegou a um ponto de ela mesma conseguir se enxergar em outra colega e orientá-la também. 

Mas o que de melhor ela teve de retorno, foi a quantidade de pontos que conseguiu atingir. Foi melhorar a forma de lidar com as tarefas rotineiras do seu dia-a-dia, que ela mesma nem tinha se dado conta de que já tinha ultrapassado a meta.

Logo, a rotina em si não é ruim. Tudo depende da forma como lidamos com ela.

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* (Tem música no player ao lado - Band On The Run - Paul McCartney - Música nº 8)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A NATUREZA SEMPRE DÁ UM JEITO

Flor da Cerejeira - Arapongas - PR

Volta e meia compro mudas de flores para plantar nos pequenos vasos de casa. 

Não precisa dizer que nem todas vão pra frente, uma vez que nem  todas condizem mesmo com a pretensão de quem mora em apartamento pequeno e deseja, ainda assim, ter jardim.

Mas a natureza é sábia!

Mesmo a muda que morre, e o seu lugar é ocupado por outra planta, lá um dia ela insiste em ressuscitar na terra do vaso, sôfrega, mas com uma vontade enorme de se reestabelecer. Não fosse assim, nem teria colocado a "carinha" pra fora.

E lá tem outra, que de um galho seco surge uma folhinha tímida, mostrando que, se a achávamos morta, estávamos redondamente enganados. É como se ela dissesse: - Mesmo seca, me rega, me dê uma chance de dar a volta por cima, please! 

E tem outra ainda, que embora sendo uma árvore, aceita morar no apartamento, mesmo crescendo a passos lentíssimos, mais parecendo um bonsai de araque. Mas querendo ficar. Um dia, quem sabe, dará pitangas.

E por fim, outra muda que mesmo sendo de jardim, nem se importa com o seu exíguo espaço no vaso, aproveita o sol e  floresce sem parar.

(E olha que não contei das violetas vivendo em coletividade, da Cheflera que, mesmo de bengala - cresceu muito, segue alegre e altiva há bons anos e da Espada de São Jorge que peguei no meio de um caminho.)

As minhas plantas parecem gente!

Lá tem um dia que desistimos de lutar por algo, seja um trabalho, um amor, um reconhecimento, por estar cansada de batalhar e não dar certo. Mas de uma hora pra outra aparece alguém, ou uma oportunidade “cai” de relance na frente da gente, e a gente ressurge. É que no fundo, no fundo, quando a gente batalha por algo que quer muito, mesmo que não dê certo num primeiro momento, já ficou um “bichinho” dentro da gente: sonhos não envelhecem.

Tem vezes que as coisas dão errado desde manhãzinha quando levantamos da cama, e aí o dia passa amarrado, nada dando certo, muito frio com chuva, a ponto da gente dizer que “não deveria ter posto os pés fora de casa!.” No final do dia a gente fica até esperando o que de pior ainda pode acontecer.  E quando a gente menos espera,  quando a gente já “secou” as lágrimas, alguma coisa de boa, nem que seja pequena, acontece nesse dia, ou no dia seguinte. Daí a gente “levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”.

Como a árvore dentro do apartamento assim é quando nos dispomos a ter a virtude da resignação, quando ela é cabível e não confundida com a negação do sentimento e da vontade. "A resignação é o consentimento do coração.” *

Quantas vezes o que temos é pouco para crescermos rápido, mas já é alguma coisa para crescermos. Como a minha árvore que cresce devagar porque em ambiente fechado, a gente sempre começa assim a nossa vida profissional, conjugal, escolar, e vamos aos pouquinhos galgando espaço. É claro, que diferente da minha árvore no apartamento, a gente quer ganhar o mundo. Ela quereria também. Mas muitas vezes, em nome de que temos alguém para cuidar, ou tarefas a cumprir naquele lugar, nos resignamos em ficar, embora parecendo pequenos, mas continuando íntegros. A minha árvore é ainda uma árvore.

E por fim, como tem gente que é feliz independente de onde viva! Que consegue ver o belo e florescer independente das condições momentâneas, como a minha planta de jardim, que embora no pequeno  vaso,  floresce sempre.

Bem... faz parte da vida da gente as coisas darem errado ou não saírem do jeito que a gente quer. Como as mudas que não foram pra frente. 

Agora, admiro todas as plantas que ainda vingaram: as que "morreram" e ressurgiram porque souberam aproveitar a rega. A minha árvore que aceita viver comigo embaixo de um teto, porque sabe que gosto dela. As violetas em bando, a Cheflera fiel há anos, a Espada do santo a me "proteger". E a planta que sempre floresce, que cumpre o seu papel de ser feliz e me proporcionar felicidade, embora morando em um pequeno vaso. E não parecem gente mesmo?


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* (O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. IX – “Bem Aventurados os que São Brandos e Pacíficos”).

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

VAI UM PERFUME AÍ?

Frascos de perfumes - imagem pública modificada - picasaweb.google.com

Hora do almoço, estou no sinaleiro, esperando o sinal vermelho pra atravessar a rua, quando de repente, do nada, aparece uma mocinha oferecendo dois perfumes para o rapaz do meu lado, que também aguardava o sinal. Foi tudo muito rápido.

Ela tirou de uma pequena sacola, dessas acartonadas,  primeiro um e depois outro frasco de perfume, em embalagem parecendo desodorante, meio esquisito até. E os ofereceu dizendo que era um produto inédito que estava sendo divulgado na cidade, que um deles era réplica de um perfume famoso masculino (não me lembro o nome), e o outro, feminino, réplica do Amor-Amor.

Chegou a ser bizarra a cena. A mocinha falava rápido, como aqueles homens que vendem cortadores de legumes nas praças, praticamente intimou o rapaz a deixar ser borrifado em um braço com a fragrância masculina e no outro com a feminina, e finalizou com a pergunta: “casado, namorada, ficante, amante ou piriguete?” Assim, as palavras decoradas como saindo de uma metralhadora. (hehe)

E aí o sinal ficou vermelho pros carros e eu atravessei. Olhei pra trás, rindo, e lá ficou o rapaz, sem saber o que fazer. Bom... eu não soube o que deu depois disso.

E assim como essa mocinha, há rapazes no centro da cidade, engravatados (num calor infernal) vendendo frascos esquisitos de perfumes.

Outro dia, bem perto da hora do almoço também, estava nas Lojas Americanas, na fila dos caixas - três caixas e uma fila imensa.

De repente, ficaram dois caixas. E em seguida, somente um. Não precisa dizer que teve um senhor que começou a assobiar alto e a gritar, e todo mundo foi ficando indignado, mas esperando.

Chegou a minha vez, e o caixa saiu do seu posto, para buscar dinheiro trocado. Fiquei esperando, e quando ele retornou perguntei: "lhe deixaram sozinho, neste horário? Cadê o restante dos caixas? Estão de férias ou em horário de almoço, justo no horário mais movimentado?” Ao que ele me respondeu: "não tem gente pra trabalhar! Houve um processo seletivo e a loja não conseguiu completar as vagas porque não teve candidato suficiente!"

E eu acredito mesmo.

Depois do Bolsa-Família é mais compensador oferecer perfume pra “casado, namorada, ficante, amante ou piriguete” do que ocupar um posto de trabalho numa empresa, e a família perder o benefício.

É que na empresa o sujeito tem que cumprir 8 horas diárias de trabalho, bater ponto, se subordinar a uma chefia ou chefiar, atender os clientes conforme as normas da empresa, ter hora para entrar, para almoçar e para sair, conviver com os colegas de trabalho, participar de treinamento, ter responsabilidade, e ganhar experiência. Daí dá pensar em voltar a estudar (pra quê, né?), vai ter dinheiro pra saldar as dívidas (não vai dar mais pra dizer que está desempregado e deixar rolar), vai ter férias (que chato ficar dias parados em casa, não é mesmo?), vai contribuir com a Previdência ou investir em um Plano Privado (pra que se preocupar com aposentadoria tão cedo, né?), vai vender produtos lícitos, com origem, todas essas coisas que muita gente, em nome de obter o dinheiro fácil e sem muito esforço, acha que é anormal.

Não é à toa que depois que o governo instituiu que para ter direito ao seguro-desemprego, agora tem que primeiro passar pela Agência do Trabalhador, pegar três indicações de vagas, e ir em cada uma delas. Se o candidato não for aprovado em nenhuma das três, aí tem direito ao seguro.

Só que aconteceu o inesperado (ou o esperado!): tem candidato pedindo pelo amor de Deus, para a empresa que oferece a vaga dizer que ele não tem o perfil desejado. Mesmo ele tendo! Em simples palavras: muitos candidatos preferem ficar com o dinheiro do seguro a trabalhar. Chega a ser inacreditável!
  
Voltando à moça do perfume... fiquei pensando que ela poderia até continuar a vender seu produto, nas horas vagas, mas poderia muito bem estar começando uma carreira numa empresa, como as Americanas.

Ah! Ela poderia não ser mão-de-obra qualificada, mas para ser atendente em uma loja basta começar em alguma para ganhar experiência. Daí tem condições de ter um dinheiro que entra todo mês para estudar, e buscar a qualificação dentro e fora da empresa.

Bom... esse é o meu pensamento, e você tem o direito de não concordar. Mas uma coisa é certa: o dinheiro vem do meu e do seu bolso, Contribuinte!

domingo, 15 de janeiro de 2012

PAIXÃO, AMOR E ADMIRAÇÃO

Um pato e uma galinha: um casal de jardineiros na minha casa

Assisti a uma entrevista do médico psiquiatra e analista Carlos Byington, na TV Cultura, sobre paixão e amor, na qual ele dizia, reduzidamente,  mais ou menos assim:

Que na paixão nos vemos, a nós mesmos, no outro. Estamos no terreno da imaginação. Só que quando começamos a ver no outro que há coisas que ele difere de nós, começamos a nos frustrar. E justamente aí que mora a fragilidade da paixão:  vai ter um momento que iremos enxergar no outro, não a nós mesmos mais, mas o outro real, como ele realmente é.

Então, de duas uma: ou nos desencantamos e partimos para nos enxergarmos em outra pessoa, ou aceitamos as diferenças e aí entra o amor, que ele chama de “o encontro das diferenças”, a transformação. Porém, para que essa transformação seja efetiva, cada um dos indivíduos envolvidos tem que aceitar as suas próprias diferenças e as do outro. Não basta apenas um.

Achei fantástica essa diferenciação de paixão e amor. Essa maneira de explicar quando uma paixão se transforma em amor, e quando ela morre em si mesma.

Não tenho formação pra falar sobre um tema tão difícil quanto o amor, e sua ação transformadora na vida da gente, mas  adoro falar sobre. Viver, então!

E é bem isso.  Já reparei que um dos sinais de que o relacionamento está dando certo é quando o outro consegue que façamos transformações positivas na vida da gente. Que o diferente que ele nos apresenta faz com que queiramos mudar. Ou se não, quando nós aceitamos o indivíduo (diferente) que ele é, e ele nos aceita também.  Não por imposição, mas pelo exemplo, pelo incentivo,  pela consideração pelo outro.  

E ouso acrescentar ainda, a amizade, antes ou ao invés de uma paixão antecedendo o amor. Não consigo ver um bom relacionamento amoroso sem amizade junto.   

Já tive a experiência da amizade ter se transformado em amor. E aí entrou mais um componente: a admiração. Talvez porque, de certa forma, ela em si seja um componente da amizade. Se não for assim, como o outro poderá fazer parte da minha vida, se não o vejo capaz tanto de respeitar a minha entrega, quanto mais de se entregar também? 


E já passei por paixões que não se transformaram em amor,  justamente pela falta de amizade. E por amor que morreu pelo descuido com a amizade. Ou pela perda da admiração.

Bom... se acabou a admiração é sinal de que as coisas não estão indo muito bem, ou estão indo por água abaixo.

Só que levei um tempo para pensar nessa questão da admiração no amor. Foi com o passar dos anos.  Ainda hoje encontro bilhetinhos dentro de livros, e dedicatórias de namorados que me disseram da sua admiração por mim e fico pensando se na época consegui retribuir. Ou, se dei a devida importância. Ou, se falei dela, como agora. Alguma vez devo ter feito por merecer, senão não teriam dado certo, não é mesmo?

Bem... mas o que vale mesmo é o hoje, e hoje tudo isso que acabo de postar me é pré-requisito. Acho que ainda dá tempo, né? E eu mesma vou me responder: sempre é tempo.


sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

GANHOS E PERDAS

Imagem pública do www.sxc.hu

Comecei a fazer academia ontem.

NÃO GOSTO de academia, mas tive que encará-la por questão de saúde: pra corrigir o que estava fazendo de errado.  Estava caminhando cinco vezes por semana, por conta e risco, sem planejamento algum. Estava feliz perdendo visivelmente massa gorda, mas silenciosamente a massa magra (muscular) estava indo junto também.

A avaliação feita pelo preparador acabou refletindo o lado positivo das caminhadas, e ainda bem que o negativo não tinha sido tão negativo assim. Deu tempo de me salvar, e comecei o meu socorro nesta quinta-feira mesmo, sem perda de tempo.

Veja o que dá a gente se enveredar, sem planejamento, por caminhos que não conhece. O quanto o conhecimento é importante! O quão é igualmente importante pedir ajuda, de preferência especializada, antes de uma mudança significativa que desejamos fazer, seja numa redução de peso, em um conflito de relacionamento, em um trabalho novo, em um novo desafio.

O primeiro dia  dos exercícios não foi tããão ruim como imaginava, acho que porque tenho consciência do que estava me prejudicando,  fui atrás de solução, e a encontrei a tempo.

Estou dolorida hoje, mas vai passar. De uma forma meio masoquista, até que é uma dorzinha boa. Dor necessária, de mudança. Bom... qualquer mudança traz alguma “dor”.

Vamos combinar... todo mundo tem alguma resistência a mudança, em um grau maior ou menor. Ainda mais se achava que estava fazendo tudo certo!

É que a mudança geralmente é uma porta a ser cruzada sem saber pra onde vai dar. A gente pode  até ter se preparado para passar por ela, ou saber o que tem do outro lado, mas só cruzando pra ter a resposta. O que precisa é ter coragem, e até aceitação.

Confesso que fiquei chateada de ser “obrigada” a fazer musculação além da caminhada. E ainda por cima reduzir a caminhada e intensificar a musculação, conforme o planejamento físico feito pelo preparador. Mas ele está certo!

E, pode notar, é lei de Murphy: se a gente tiver que enfrentar algo que a gente não gosta, é batata, vai enfrentar até enjoar. Hoje amanheceu chovendo, e o jeito é caminhar na esteira – da academia! Fazer o que? Coragem, Maricota! (hehe).

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

TENHO OU NÃO TENHO QUE?

Monumento no centro de Jandaia do Sul - PR - artista E. Porttalha


Passei um bom tempo da minha vida, vivendo e usando nos meus discursos, as palavras “tenho que”.

Todos os “tenho que” vêm da educação de meus pais, que como a maioria dos outros pais, projetam suas vidas na dos filhos, ou acabam repetindo os pais deles.

Com meus pais aprendi que tenho que ser uma boa filha, tenho que respeitar a professora, tenho que comer direito, tenho que fazer o dever de casa, tenho que fazer as contas, tenho que deixar tudo limpo, tenho que um monte de coisas. Como diria a música que a Elis canta: “Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais.” 

Só que eu acrescento: até que a gente vá pra um analista, pra tentar saber quem somos, o que nós desejamos, e o que realmente queremos “ter que”.

É muito louvável quando os “tenho que” são de cunho moral: tenho que respeitar os outros, respeitar as leis, ser paciente, ser benevolente, ser indulgente, ser educada.

Mas, e quando o “tenho que” é para despender a nossa vida só para o trabalho?

Sou de uma geração que primou por fazer carreira, mas que ela podia acontecer a passos não tão rápidos como são exigidos hoje. Mas tínhamos muito que... Hoje, ninguém tem tempo mais pra nada, só para trabalhar! Só para ter que. O trabalho virou uma devoção.

Você vai me dizer: mas eu preciso pagar o colégio, a prestação do carro, da casa, pagar um PGBL, guardar pra faculdade do Júnior, mas não é disso que estou falando. Estou falando do tempo que a gente teria depois do trabalho e que não aproveita. Trabalho é obrigação. O “tenho que”  significa uma obrigação. E depois do expediente, não é obrigação (pelo menos não deveria)!

Levamos o “tenho que” (obrigação) do trabalho pra dentro de casa. Tenho que jogar videogame com o meu filho, tenho que ajudar colocar o jantar, tenho que ter uma noite de amor com o meu companheiro, tenho que... E na realidade, não deveria ser assim. Chegar em casa não é uma tarefa a cumprir, não é um dever como é o do trabalho.  Depois do expediente é leveza, é desligar do mundo lá fora e se ligar no mundo particular da gente. Não é um “tenho que”, é um “eu quero”.  Está havendo uma mistura do profissional com o pessoal. O que não é trabalho está sendo tratado como se fosse, e aí por obrigação a gente não faz nada com prazer.

E olha que estou sendo otimista, não contando com os que chegam em casa tão cansados que não tem mais pique pra fazer nada. Nem para se desestressar com a família, nem para uma noite de prazer com a mulher/marido, nem pra saber o que aconteceu no dia de cada um dos seus afetos. Por isso até que tem casamento que acaba.

Não sei se me expliquei bem, mas eu digo por mim: cansei do “tenho que”.

Hoje me pergunto: por que tenho que? Analiso bem, e se não tenho uma resposta convincente pra mim mesma, se ela é baseada no que os outros vão pensar, abandono o "tenho que".... "não tenho que".

Sabe... é um exercício e tanto, que só pode ser feito pela gente. Se deixarmos para o outro, ele certamente vai achar um “você tem que” pra gente. 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

QUAL JUSTIÇA?

Imagem pública modificada - picasaweb.google.com

Ontem, vi pela chamada do Fantástico, que iria ter uma reportagem de um rapaz que furou o sinal vermelho e acabou causando a morte da sua mulher e do bebê que eles esperavam. Não assisti ao programa, mas pela manhãzinha ouvi rapidamente a reportagem na CBN, e o rapaz dizendo que vai carregar pelo resto da vida essa culpa. E que o delegado do caso já havia adiantado que o rapaz seria enquadrado em homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Fico pensando: será mesmo que precisa ainda da Justiça dos homens, num caso assim? E, não entro sequer no mérito da Justiça Divina!

Lembrei-me dos vários incidentes de pai que deixou o filho bebê dentro do carro, fechado, e quando lembrou ou voltou para o carro, o bebê estava morto, asfixiado pelo calor.

Num deles foi um mãe, que era gerente financeira, e passou na empresa para resolver algo e iria sair logo. Só que se viu às voltas com um problema (sei o que é ser gerente!) e acabou se envolvendo com o trabalho e esqueceu que naquele dia, excepcionalmente, estava com o bebê no carro e o deixou lá, porque iria ficar só um pouquinho na empresa.

Quantas vezes a gente se esquece da nossa vida, quando encontra um baita de um pepino para descascar no trabalho? Ainda mais se a gente precisa daquela remuneração pra viver! Precisa enquadrar um pai ou uma mãe dessa em homicídio e abandono de incapaz? Precisa da Justiça dos homens, em casos assim também?

Precisa, porque a lei é para todos. Mas a vida já se encarregou de arbitrar a pena maior. Pena humana alguma será páreo para o sentimento de culpa dos protagonistas de tragédias desse tipo. Só mesmo se o cara for um bandido, como não pareceu ser no caso do acidente do Fantástico. Pareceu ser qualquer um de nós, que, se disse a verdade, não parou no sinal porque ficou com medo de ser assaltado.

Quantas vezes cheguei no sinaleiro fechado, depois da meia-noite, e fiquei na dúvida: fico parada esperando abrir o sinal e arriscar ser assaltada, ou arrisco olhar pros lados e não vendo nada seguir em frente? Só que no “não vendo nada”, muita gente foi surpreendida por um carro que apareceu do nada, e sinceramente, a primeira opção de ser assaltada talvez não seria tão ruim assim.

Já  somos o pior algoz de nós mesmos, naturalmente. Se quando somos injustamente culpados, por coisas bobas, por nós mesmos, por algo que não seria tão condenável aos olhos dos outros, imagina na situação do rapaz do sinal ou no caso dos bebês nos carros? Não nos absolveremos jamais.

Talvez a prisão nesses casos até abrande o  sofrimento impune, silencioso, em liberdade ou respondendo em liberdade.

Pelo menos presos eles saberão estar “pagando” e a culpa poderá ficar menor: já estará sendo redimida. Sei lá... se é que qualquer coisa que se faça vai adiantar alguma coisa.

Acho que em todos esses casos, não tem como lidar sozinho. Se fosse comigo, procuraria ajuda psicológica para tentar suportar viver comigo mesma.

Está certo que são “fatalidades”, mas até a gente entender o porquê de ter sido conosco, pode nos custar uma vida!

Fiquei com muita pena dessa família da reportagem. Que ano novo!

sábado, 7 de janeiro de 2012

TEM RECEITA NOVA... TEM BOA-NOVA


Publiquei mais três receitinhas fáceis de fazer: um patê de atum, canudinhos de maionese e sanduíches de verão. Veja na página "Receitinhas".

Já as faço há um tempo, mas aproveitei a recepção, em meu apartamento, de um casal de amigos de coração, para fotografá-las e postá-las. 

Ficam perfeitas para serem tomadas com um suco de uva ou uma cervejinha gelada, e com um papo pra lá de bom, como foi no nosso caso.

Fico pensando que em vários lugares do mundo está tudo certo. E tem muitas e muitas vezes que o lugar certo é exatamente o nosso. Basta a gente prestar atenção e valorizar. Uma dessas vezes e um desses lugares foi aqui na minha casa, nesta tarde. Conversamos sobre tudo, como sempre: de coisas sérias a coisas muito engraçadas, como as tragédias ou comédias amorosas e familiares (que todo mundo tem) e que se não fossem cômicas seriam trágicas, não necessariamente nesta ordem.

E servi bolo e sorvete, como se eu adivinhasse que a minha amiga tivesse mesmo uma graaaaande notícia para me dar: está grávida. Foi uma comemoração! Um espírito com mais uma chance neste mundo, e numa família muito querida. Já é muito bem-vindo!

Como diz Ronnie Von, no seu programa Todo Seu: "Deus é tricoteiro! Ele sabe o que faz!"

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

BEM AVENTURADA A SIMPLICIDADE

Decoração de festa do Riquinho Festas - Londrina - PR


No Sermão da Montanha, ou das Bem-Aventuranças, Jesus traçou uma rota para nossa evolução moral e para a nossa felicidade.

E dentre as bem-aventuranças falou: “Bem aventurados os pobres de espírito, pois deles é o reino dos céus” e "os puros de coração, porquanto verão a Deus”.

Ambos – os pobres de espírito e os puros de coração – têm em comum a simplicidade e a humildade, que são características das crianças, razão pela qual Jesus as fez de exemplo. Mas a gente se torna adulto e acaba “perdendo” essas qualidades. A vida competitiva, estressante, num mundo onde somos mais um na multidão, onde vivemos ensimesmados, contribuem para abandonarmos essas virtudes de criança.

Lembrei-me dessa passagem de Jesus (O Evangelho Segundo o EspiritismoCapítulos VII e VIII), porque os anos vão se passando e cada vez mais tenho convicção que gosto é do simples. Que quero voltar à simplicidade em tudo o que puder na minha vida. Acho que a passagem dos anos me deu isso de positivo. O cronômetro da idade girando rápido tem que dar alguma coisa de positivo, não é mesmo? (hehe)

Mas falando sério: é muito melhor viver do lado simples da vida!

Ter amizade com pessoas simples, buscar soluções simples, viver uma vida confortável, porém simples, viver numa cidade com pessoas simples, optar por comidas simples e saudáveis, buscar convívio com pessoas sinceras e abertas, que contam os seus sucessos e os seus fracassos da mesma maneira, ganhar sorrisos sinceros que os simples têm; chorar, simplesmente,  sem ter vergonha alguma (lembrei-me que outro dia chorei um monte dentro do carro mesmo, voltando pra casa, e foi muito bom), ter a descontração que os complicados desconhecem, olhar os outros com confiança primeiro (se cairmos do galho, pelo menos tentamos, e estamos quites conosco mesmo), namorar gente descomplicada e que se propõe a se entregar. Enfim, se sentir feliz com o que se tem e com o que se é, com o que se batalhou para ter e para ser. É isso o que eu quero!

Observe que simples nada tem a ver com condição financeira. Tem muita gente simples e com muito dinheiro. E tem gente pobre com simplicidade nenhuma. Simples tem mesmo tudo a ver com o coração, com as coisas do espírito. Coração e espírito abertos ao bem. Quem faz diferença na vida da gente são as pessoas simples, pode notar! As complicadas até fazem diferença, mas para o mal. E ninguém, em sã consciência, quer viver do “lado negro da Força”. Só mesmo Lord Darth Vader, e na ficção. (Até ele no último episódio mudou de lado).

Afora que, se o reino dos céus está dentro da gente e se podemos ver a Deus se tivermos o coração puro, ou seja, se tivermos simplicidade e humildade, vamos fazer diferença no mundo. Se não nos interessar fazer diferença no mundo, faremos diferença num lugar igualmente importante: na nossa vida. Já é uma grande coisa!


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

E DÁ PRA ESQUECER?

Carro antigo de trem - Museu Pe. Carlos Weiss - Londrina - PR

Nas novelas quando alguém teve alguma desilusão amorosa, ou quando os pais não querem um determinado namoro dos filhos, ou sei lá, quando alguém quer esquecer um amor não correspondido, arruma uma viagem. E, pra bem longe. (hehe)

Como se a gente pudesse viajar somente com as malas, e deixar os pensamentos trancafiados em casa.

Pois eu digo que de nada adianta viajar pra esquecer. Talvez seja até pior!!! (hehe)

Lá tem uma hora que você fica só com você mesma e de quem você se lembra? Hummm!!!! Dá um aperto no coração por estar longe!

E ainda tem gente que diz "o que os olhos não veem o coração não sente.” Sente sim! E dá uma vontade tão grande de ver!

E na viagem certamente vai ter uma hora que dará outra vontade enorme: a de comentar algo, justamente com quem foi o motivo do distanciamento. E ele não estará lá; mas se pudéssemos usar uma varinha de condão, o traríamos ali naquele exato momento. Aposto que não usaríamos nunca a varinha para fazer desaparecê-lo de uma vez. (hehe)

Sem contar que acabamos nos imaginando com a pessoa, naquele lugar onde estamos. Quer maior presença do que a ausência?

E quem dá conta do pensamento? Se há uma coisa que nos domina, que foge do nosso controle é o pensamento. Por mais que sejamos analisados, calejados, experientes, e saibamos que não vai dar certo mesmo, que é uma loucura de verão, mas lá estamos nós mergulhados num mar de pensamentos, num tsunami de lembranças do nosso amado, que nenhum serviço de meteorologia ou sismologia consegue nos alertar.

Pior ainda do que viajar para esquecer é querer voltar logo para lembrar. Sim, porque mesmo que não queiramos, falo por mim, é muito bom estar na mesma cidade de quem a gente gosta. Não temos nos visto muito, nos falamos pouco, mas é muito bom saber que respiramos o mesmo ar, que estamos no mesmo espaço geográfico, que temos a mesma cidade para compartilhar, e quem sabe (a gente sempre tem esperança de) nos encontrarmos ao acaso (se é que ele existe).

O distanciamento voluntário tem lá suas vantagens. Qualquer problema, visto de longe, é encarado de forma diferente. Encontramos uma solução rapidamente, mas daí quando voltamos ao nosso cotidiano, ao nosso lugar-comum, a coisa não é tão simples assim. O fulano cai de paraquedas, na nossa frente, e tooooodos os nossos planos de esquecê-lo, de não pensarmos mais nele, todos os afazeres que planejamos para boicotar nossos pensamentos nele, meticulosamente arquitetados à distância, desabam. Viram um desastre!
  
É muito difícil gostar de alguém que não gosta da gente do mesmo jeito. Que nos olha como uma amiga apenas. (Apesar de que já é uma grande coisa, uma vez que é preciso muito de amigo para se entregar num relacionamento. Sem entrega, não tem amor).

Difícil ainda, é a gente gostar de quem nos olha apenas como  colega e que não se entrega nem para uma amizade, que talvez fosse um pulo para o relacionamento amoroso.

Mais difícil ainda é entender por quais motivos a gente se encanta por gente assim. Mas daí, acho que valeria uma outra postagem. Por enquanto, quis comentar apenas sobre a fuga numa viagem.

É... parece-me que para esquecer um amor, somente um outro amor. Quem sabe numa viagem, não é mesmo? Acho que achei um sentido para o distanciamento voluntário. (hehe)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

DIFERENÇAS

Maringá-PR em janeiro de 2012.


Estou convencida que são as diferenças que nos fazem fazer mudanças na vida. É claro, se a gente tem olhos para ver o diferente.

Passei a virada do ano em Maringá e ontem saí para uma caminhada, de manhã. Cada vez mais entendo porque os curitibanos preferem Maringá a Londrina, quando perguntados se conhecem as cidades e de qual delas mais gostam. Invariavelmente escolhem Maringá.

Em Maringá e em Curitiba conseguimos enxergar para onde vão os recursos arrecadados de IPTU. Cidades organizadas e limpas. São parecidas.

Tive oportunidade de caminhar pelas avenidas Paissandu, Anchieta (margeando o Parque do Ingá) e pela Avenida Brasil. Todas bem próximas ao centro da cidade. E tive oportunidade de ir para dois bairros distantes, mas unanimemente vi muita arborização, limpeza, e organização. Sim, a cidade é organizada.

É claro que não sou ingênua de comparar duas cidades como Londrina e Maringá de forma simplista. Londrina, embora com planejamento dos ingleses, é uma cidade, vamos dizer, que cresceu de forma espontânea. Maringá foi planejada, desenhada literalmente. Até anos atrás, a lei do zoneamento, por exemplo, proibia prédios em determinadas regiões (zonas, como os maringaenses chamam). A lei foi revista e agora o que mais se vê é um progresso sem par na cidade, com um monte de prédios despontando por tudo quanto é lado.

O comércio, então, é muito diversificado e há anos que vou para Maringá e nunca canso de notar como sempre tem muita gente e carro nas ruas. Mais que em Londrina.

Veja a importância de se viajar, ou se deslocar mesmo que a poucos quilômetros de casa: a gente volta com outra cabeça. Se realmente gostamos de onde moramos (como é o meu caso), temos condições de fazer até uma crítica conosco mesmo para avaliarmos se estamos votando bem nos nossos representantes. Se não vemos o diferente, não temos condições de fazer uma comparação e de termos opiniões formadas sobre a maneira como vivemos na nossa cidade. Se temos ou não qualidade de vida, se somos conformistas ou batalhamos por ver a nossa cidade mais limpa, mais bonita, mais organizada, e com manutenção.

Sim, porque tanto Curitiba quanto Maringá têm manutenção. Não adianta arrumar a cidade e descuidar.  Como no amor, sem cuidado e manutenção tudo deteriora.

Continuo amando a minha cidade – Londrina, e por isso mesmo gostaria de vê-la melhor. Mais arrumada, menos esburacada, com mais verde, mais limpa, mais organizada. Porque só falta isso, uma vez que o seu povo merece:  é alegre, hospitaleiro e acolhedor.

Acho que todo mundo daqui deveria sempre visitar Curitiba e Maringá. Está certo que o mundo acontece em São Paulo, e talvez fosse um modelo melhor, mas estou falando de organização e limpeza. A gente tem que se comparar ao que é melhor em qualidade de vida.

A foto que posto abaixo, é um exemplo de praticidade encontrada pela cidade de Maringá, numa simples placa de rua. A placa, para melhor cumprir a sua função, tem destacado um recurso mnemônico. Achei fantástica a ideia. Digna de ser imitada.



"Henrique" em destaque, acima do nome da "Rua Henrique Dias"