segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

QUAL JUSTIÇA?

Imagem pública modificada - picasaweb.google.com

Ontem, vi pela chamada do Fantástico, que iria ter uma reportagem de um rapaz que furou o sinal vermelho e acabou causando a morte da sua mulher e do bebê que eles esperavam. Não assisti ao programa, mas pela manhãzinha ouvi rapidamente a reportagem na CBN, e o rapaz dizendo que vai carregar pelo resto da vida essa culpa. E que o delegado do caso já havia adiantado que o rapaz seria enquadrado em homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Fico pensando: será mesmo que precisa ainda da Justiça dos homens, num caso assim? E, não entro sequer no mérito da Justiça Divina!

Lembrei-me dos vários incidentes de pai que deixou o filho bebê dentro do carro, fechado, e quando lembrou ou voltou para o carro, o bebê estava morto, asfixiado pelo calor.

Num deles foi um mãe, que era gerente financeira, e passou na empresa para resolver algo e iria sair logo. Só que se viu às voltas com um problema (sei o que é ser gerente!) e acabou se envolvendo com o trabalho e esqueceu que naquele dia, excepcionalmente, estava com o bebê no carro e o deixou lá, porque iria ficar só um pouquinho na empresa.

Quantas vezes a gente se esquece da nossa vida, quando encontra um baita de um pepino para descascar no trabalho? Ainda mais se a gente precisa daquela remuneração pra viver! Precisa enquadrar um pai ou uma mãe dessa em homicídio e abandono de incapaz? Precisa da Justiça dos homens, em casos assim também?

Precisa, porque a lei é para todos. Mas a vida já se encarregou de arbitrar a pena maior. Pena humana alguma será páreo para o sentimento de culpa dos protagonistas de tragédias desse tipo. Só mesmo se o cara for um bandido, como não pareceu ser no caso do acidente do Fantástico. Pareceu ser qualquer um de nós, que, se disse a verdade, não parou no sinal porque ficou com medo de ser assaltado.

Quantas vezes cheguei no sinaleiro fechado, depois da meia-noite, e fiquei na dúvida: fico parada esperando abrir o sinal e arriscar ser assaltada, ou arrisco olhar pros lados e não vendo nada seguir em frente? Só que no “não vendo nada”, muita gente foi surpreendida por um carro que apareceu do nada, e sinceramente, a primeira opção de ser assaltada talvez não seria tão ruim assim.

Já  somos o pior algoz de nós mesmos, naturalmente. Se quando somos injustamente culpados, por coisas bobas, por nós mesmos, por algo que não seria tão condenável aos olhos dos outros, imagina na situação do rapaz do sinal ou no caso dos bebês nos carros? Não nos absolveremos jamais.

Talvez a prisão nesses casos até abrande o  sofrimento impune, silencioso, em liberdade ou respondendo em liberdade.

Pelo menos presos eles saberão estar “pagando” e a culpa poderá ficar menor: já estará sendo redimida. Sei lá... se é que qualquer coisa que se faça vai adiantar alguma coisa.

Acho que em todos esses casos, não tem como lidar sozinho. Se fosse comigo, procuraria ajuda psicológica para tentar suportar viver comigo mesma.

Está certo que são “fatalidades”, mas até a gente entender o porquê de ter sido conosco, pode nos custar uma vida!

Fiquei com muita pena dessa família da reportagem. Que ano novo!

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