quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A NATUREZA SEMPRE DÁ UM JEITO

Flor da Cerejeira - Arapongas - PR

Volta e meia compro mudas de flores para plantar nos pequenos vasos de casa. 

Não precisa dizer que nem todas vão pra frente, uma vez que nem  todas condizem mesmo com a pretensão de quem mora em apartamento pequeno e deseja, ainda assim, ter jardim.

Mas a natureza é sábia!

Mesmo a muda que morre, e o seu lugar é ocupado por outra planta, lá um dia ela insiste em ressuscitar na terra do vaso, sôfrega, mas com uma vontade enorme de se reestabelecer. Não fosse assim, nem teria colocado a "carinha" pra fora.

E lá tem outra, que de um galho seco surge uma folhinha tímida, mostrando que, se a achávamos morta, estávamos redondamente enganados. É como se ela dissesse: - Mesmo seca, me rega, me dê uma chance de dar a volta por cima, please! 

E tem outra ainda, que embora sendo uma árvore, aceita morar no apartamento, mesmo crescendo a passos lentíssimos, mais parecendo um bonsai de araque. Mas querendo ficar. Um dia, quem sabe, dará pitangas.

E por fim, outra muda que mesmo sendo de jardim, nem se importa com o seu exíguo espaço no vaso, aproveita o sol e  floresce sem parar.

(E olha que não contei das violetas vivendo em coletividade, da Cheflera que, mesmo de bengala - cresceu muito, segue alegre e altiva há bons anos e da Espada de São Jorge que peguei no meio de um caminho.)

As minhas plantas parecem gente!

Lá tem um dia que desistimos de lutar por algo, seja um trabalho, um amor, um reconhecimento, por estar cansada de batalhar e não dar certo. Mas de uma hora pra outra aparece alguém, ou uma oportunidade “cai” de relance na frente da gente, e a gente ressurge. É que no fundo, no fundo, quando a gente batalha por algo que quer muito, mesmo que não dê certo num primeiro momento, já ficou um “bichinho” dentro da gente: sonhos não envelhecem.

Tem vezes que as coisas dão errado desde manhãzinha quando levantamos da cama, e aí o dia passa amarrado, nada dando certo, muito frio com chuva, a ponto da gente dizer que “não deveria ter posto os pés fora de casa!.” No final do dia a gente fica até esperando o que de pior ainda pode acontecer.  E quando a gente menos espera,  quando a gente já “secou” as lágrimas, alguma coisa de boa, nem que seja pequena, acontece nesse dia, ou no dia seguinte. Daí a gente “levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”.

Como a árvore dentro do apartamento assim é quando nos dispomos a ter a virtude da resignação, quando ela é cabível e não confundida com a negação do sentimento e da vontade. "A resignação é o consentimento do coração.” *

Quantas vezes o que temos é pouco para crescermos rápido, mas já é alguma coisa para crescermos. Como a minha árvore que cresce devagar porque em ambiente fechado, a gente sempre começa assim a nossa vida profissional, conjugal, escolar, e vamos aos pouquinhos galgando espaço. É claro, que diferente da minha árvore no apartamento, a gente quer ganhar o mundo. Ela quereria também. Mas muitas vezes, em nome de que temos alguém para cuidar, ou tarefas a cumprir naquele lugar, nos resignamos em ficar, embora parecendo pequenos, mas continuando íntegros. A minha árvore é ainda uma árvore.

E por fim, como tem gente que é feliz independente de onde viva! Que consegue ver o belo e florescer independente das condições momentâneas, como a minha planta de jardim, que embora no pequeno  vaso,  floresce sempre.

Bem... faz parte da vida da gente as coisas darem errado ou não saírem do jeito que a gente quer. Como as mudas que não foram pra frente. 

Agora, admiro todas as plantas que ainda vingaram: as que "morreram" e ressurgiram porque souberam aproveitar a rega. A minha árvore que aceita viver comigo embaixo de um teto, porque sabe que gosto dela. As violetas em bando, a Cheflera fiel há anos, a Espada do santo a me "proteger". E a planta que sempre floresce, que cumpre o seu papel de ser feliz e me proporcionar felicidade, embora morando em um pequeno vaso. E não parecem gente mesmo?


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* (O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. IX – “Bem Aventurados os que São Brandos e Pacíficos”).

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