domingo, 6 de outubro de 2013

LIBERTADOR


Fabrício Carpinejar, como cabeçalho do seu blog tem uma frase que gosto muito: “Liberdade na vida é ter um amor para se prender.”

Ouso dizer que não só um amor para se prender. Mas amores!

Haroldo Dutra Dias, um palestrante espírita que gosto por demais, em uma de suas palestras nos lembrou que “Perdoar é libertador”. Puxa, e olha que é mesmo, pois que perdoar tem tudo a ver com amar!

Santo Agostinho disse que “Onde está o amor, aí está a liberdade.” E é mesmo: em tudo que o amor é um dos ingredientes, há paz. E pra mim, liberdade tem tudo a ver com paz. Com bem-viver, com bem-querer, com estar com a consciência tranquila.

Pensando bem, quanta coisa é libertadora! Quero listar algumas:

O perdão... é libertador!
Um sorriso... é libertador!
Um abraço... é libertador!
Uma palavra de carinho... é libertadora!
Um olhar carinhoso... é libertador!
Ouvir... é libertador!
Estender a mão... é libertador!
E atender ao gesto... também!
Um beijo... é libertador!
Compreender... é libertador!
Saber dos meus e dos limites do outro... é libertador!
Estar feliz com o que se tem... é libertador!
Olhar para a natureza e ver a presença do Criador... é libertador!
Saber que nunca estamos sós... é libertador!
Ter uma casa para voltar... é libertador!
Ter um trabalho para realizar... é libertador!
Ter amigos... é libertador!
Ter saúde... é libertador!
Poder oferecer um trabalho voluntário... é libertador!
Aceitar-se... é libertador!

Amar-se... é libertador!
Amar (mesmo a quem não nos ama)... é libertador!
Amar é libertador!
Liberta... da dor!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

SIMPLESMENTE AMAR

http://justyna-kopania.artelista.com

O pior do fim de um relacionamento é querermos voltar a ser o que éramos antes de nos envolvermos com o ser amado que "perdemos". Não dá! Simplesmente não dá!

A casa, os lugares, as pessoas, não são mais os mesmos. E justamente por não sermos mais os mesmos. Um relacionamento amoroso faz mudanças em nós - pra melhor e pra pior. Se desse para passar uma borracha no sofrimento, passar a mão e assoprar o resíduo, como fazemos num caderno... mas não dá...

O jeito é aceitar que o tempo vai passar, em meio a dias com dor de saudade, dias com respiro de alívio, dias de cobranças internas e dias de tréguas. Com o nosso pensamento voando solto, ora nos cobrando, ora nos redimindo, num incessante julgamento! Quer pior algoz que esse?

Mas é justamente esse algoz, esse vai-e-vem de confusão na cabeça da gente, que vai nos fazer enjoar, nos esgotar a tal ponto, que uma hora vamos dizer: "Chega! Deu! De agora em diante, vida nova!”

Só que o problema é chegar até aí. A gente não se acha dentro da gente, não reconhece mais a nossa casa, a casa mesmo! Parece que habitamos outro lugar, fomos despejados e temos que voltar para o que não nos é mais familiar.

Quando a gente se separa gostando ainda do outro, a gente fica num limbo, como se a alma não coubesse mais no corpo, e muitas vezes como se o corpo quisesse expulsar a alma. Ela é incômoda, redundantemente doente de tanto doer.

Aí a gente olha para os lados e vê gente que já saiu do estágio de sofrimento pelo qual estamos passando, e ficamos até com "inveja". E ainda nos questionamos: "Quando? Quando eu vou estar nessa situação também?".

“- Calma!”. É a única coisa que podemos dizer pra nós mesmos! Quando tudo passar (e vai passar!), a gente começa a olhar o amor de fora, e inverte o quadro. Conseguimos até ficar felizes por termos amado, embora não tenhamos sido amados, ou termos sido amados de uma maneira menos intensa que a nossa. Penso que aí, sim, verdadeiramente a gente pode dizer se amou mesmo: sem posse, sem necessidade, somente com o gosto e o gozo de ter vivido uma história.

E então pergunto: por que não conseguimos sair de um relacionamento, amando o outro, mas com a aceitação plena de que o outro não nos ama mais, e mesmo assim sairmos felizes por termos experimentado um sentimento divino?

E ouso responder: porque ainda somos muito, muito primitivos. O dia que chegarmos a amar sem querer retorno algum, compreenderemos o que Jesus veio nos dizer há mais de 2000 anos atrás. Daí, estaremos em outro estágio de mundo. Não neste! 


domingo, 23 de junho de 2013

#fuiprarua

Londrina, sábado, 22 de junho de 2013

Ontem fui pra rua em Londrina: abaixo a PEC 37!

Quando eu pensava que não iria ver mais, tão cedo, um movimento ganhar corpo e sair às ruas reivindicando coisas justas neste país de meu Deus, tenho uma surpresa muito, mas muito grande! Eu, e acredito, que muitos de nós brasileiros!

Participei das Diretas Já, e de uma época em que, mesmo com ditadura, tivemos coragem de sair às ruas. Numa época em que não havia celulares, nem câmeras digitais, nem redes sociais, em que tudo era marcado por partidos políticos (existia a diferença entre esquerda e direita), e que era marcado de boca a boca ou por panfletos.

Ontem, enquanto caminhava na multidão de 15 mil pessoas (foi o estimado), no meio de braços que se erguiam, não só pra gritar “Vem pra rua!”, mas pra fazer uma foto com o celular, ou segurar cartazes cujas frases reunidas dariam um programa de governo, lembrei-me também da época em que fazia política estudantil. Em que ia de sala em sala pedindo voto,  para o Diretório ao qual eu me candidatei a vice-presidente, junto com um colega chamado Jorge, como presidente. E nós ganhamos! E tudo isso sem nunca (e nunca é uma palavra forte, heim), ter sido militante do PT. Nunca precisou e nunca vai precisar. (hehe)

Ontem, a multidão de gente de tudo quanto é idade, mas cuja maioria era formada de jovens, fez política. E sem precisar de partido algum também. Não temos representatividade nem no Governo, nem no Congresso, nem no Legislativo mais próximo da gente, que é o da cidade. Mas não faz mal! As redes sociais estão aí, como ruas virtuais, e quem sabe dessa galera toda saiam novas lideranças, novos modos de pensar o país, a cidade;  um país, uma cidade cujos futuros pertencem a esses jovens mesmos!

Foi tudo muito ordeiro, com exceção de alguns momentos em que grupos de meia dúzia de jovens (isso mesmo: meia dúzia!) subiam em marquises ou em pontos de ônibus e atiçavam a multidão. E o bacana que a resposta dessa multidão a eles foi: “Sem violência! “Mostra a cara!”.

Caminhei por mais de duas horas, e me sinto quite comigo mesma, que sempre critiquei tudo o que representa corrupção, mau uso do dinheiro público, principalmente dos impostos que arrecadam da gente em desde uma lata de milho verde, até no imposto de renda. Criticar é fácil. Difícil é mostrar a cara. Por isso que dou tanto valor, me emociono e me sinto orgulhosa de poder participar, mais uma vez, pra dizer: “Basta!”

sábado, 15 de junho de 2013

UMA QUEDA PARA PENSAR

Exposição "Paulo Leminski", Museu Oscar Niemeyer, Curitiba-PR,  junho/2013

O que faz um tombo, com direito a pontos na cabeça?

Sempre achei que, em geral, vamos levando a vida como se tivéssemos um tempão pela frente!  Como se tivéssemos controle sobre o que vamos fazer amanhã, por exemplo, no almoço do domingo. Como se tivéssemos certeza de que estaremos vivos e que aquela maionese que gostamos tanto de fazer aos domingos, estará na mesa.

Adiamos tanta coisa em nome de que “- Tem tempo!”. Dizer que gostamos muito do outro, vai ficando pra depois. Dizer que ficamos magoados ou que estamos muito felizes por estarmos juntos, também vai ficando pra depois. Vamos economizando nos sentimentos bons, ao passo que pra gastar tempo com sentimentos ruins, todo tempo é tempo. (hehe)

Vamos deixando, pra uma hora melhor, pra mudar de vida, mesmo que o aparato todo para a mudança já esteja em nossas mãos: dinheiro, oportunidade, vitalidade, e tudo o que demanda esforços em qualquer mudança.  Imbuímo-nos de uma certeza de que haverá amanhã.  Talvez seja porque estejamos bem de saúde, bem de cabeça, bem de grana, ou de bem com a vida. Ou porque não estamos com nada disso, e achamos que até pra conseguir isso “- Ah! Tem tempo!”.

Vamos guardando as roupas pra uma ocasião mais chique; vamos comprando sapato, achando que ainda não temos aquela cor; vamos ajuntando tralhas que achamos um dia precisar; vamos achando que ainda não temos o suficiente pra ser feliz.

“- Depois eu vejo isso” é uma frase que todo mundo, todo mundo, diz, em algum momento. A gente foge das coisas, na nossa vã ilusão de que temos total controle sobre tudo o que diz respeito ao nosso tempo. Pensamos que somos donos e senhores dele, mas não é bem assim. (hehe)

Aquelas frases prontas de que “o tempo cura tudo”, ou “o tempo é o senhor da razão”, ou “eu quero dar um tempo”, são maneiras de não dizer o que se devia, ou não fazer o que se deveria fazer. A gente deveria assumir a vida e não deixar ao tempo  a incumbência de assumi-la.

Acidentei-me, na segunda-feira, de manhãzinha, dentro do apartamento. Bati a cabeça na quina da parede e ganhei  dois pontos na fronte. Foi o suficiente pra modificar os planos e a rotina da semana. Contudo, o acidente me fez pensar pelos próximos anos.

Por um triz não me mudei para o plano espiritual. É que não era a hora mesmo. Minha avó materna, se estivesse viva, diria: “Você nasceu de novo”. Minha irmã foi realista e direta, dois dias depois: “- Nossa! Você poderia ter morrido esvaída em sangue.”  E é verdade! (hehe)

O meu tempo aqui na Terra ainda não findou; o meu anjo da guarda estava a postos;  e aliado a ele, meu querido amigo Matheus, pôde me levar ao hospital. Não fui eu quem disse: “- Não é a hora.”! O tempo não é meu. Mesmo eu  estando otimista, tendo estancado o sangue na cabeça, não tinha garantia de que sobreviveria. Pelo menos até ser atendida.

Se já presto atenção na vida, há uma semana que presto mais ainda. Revi planos e até me ensimesmei. (hehe).

Ao que de bom eu já prestava atenção, os meus sentidos dobraram. Se eu prestava atenção às pessoas que me são caras, redobrei. Se alguns sentimentos ruins que trago comigo, e que já me incomodavam, agora que quero corrigi-los. Se já não compactuava com tudo o que é enrolado, agora que não quero me enredar mais. Aquela correria pra chegar a lugar algum, não quero mais saber. Se eu já valorizava o material que amealhei com os anos de muito trabalho, vejo que o que tenho já está de bom tamanho, precisando apenas de manutenção. Se eu valorizava o espiritual que amealhei, vejo que ainda tem espaço pra mais. Se eu pensava em simplificar minha vida, como venho tentando simplificar há um bom tempo, agora que quero simplificar mais.

Quando a gente se dá conta, realmente, de que o tempo que há pela frente não é mensurável, apenas estimável com as variáveis que temos – a medicina, a ciência, a qualidade de vida, e de cuca, e que algo inesperado pode de uma hora pra outra mudar o curso da história, a gente passa a ter a real noção de que a hora é agora, se a oportunidade e a vida nos apresentar.

E a gente busca tanta garantia nesta vida, tanto “só faço isso, se aquilo”, e a única garantia mesmo que existe é a morte! Ter a noção de que, por um triz chegamos perto dela, dá uma chacoalhada e tanto na vida da gente!

Bem... como diria Paulo Leminski:

“Pelos caminhos que ando
Um dia vai ser
Só não sei quando.” 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

ENGANOS

www.jardinaria.com.br

Engana-se quem pensa que uma viagem ajuda a esquecer o amor perdido, o amor não ganhado, o amor que não deu certo, enfim. Pode notar que só funciona nas novelas: uma viagem arrumada de última hora, pra Paris, pra qualquer lugar glamouroso, por causa do fim de um relacionamento. E nós, mortais, ainda pensamos que aceitando  fazer um passeio, mesmo que num final de semana, vamos conseguir ficar longe dos problemas amorosos, como se o sentimento pudesse ser deixado em casa!

É... a gente pode ir pra cidade vizinha ou pro Paquistão, que vai dar na mesma: nossa cabeça vai junto, com todos os pensamentos que não damos conta. (hehe). Ouso dizer que parece que a falta do outro até aumenta! Ou, então, até conseguimos olhar o passado recente com menos apaixonamento, mas acabamos ou enxergando melhor a dura realidade (que já era dura), ou nos enchendo de esperanças, pois de longe parece que o bicho é mais esmirrado; ou ainda, ficamos pensando como seria bom se voltássemos logo pra casa, pois lá tem vestígios do que foi (mesmo ruim), mas é o lugar aonde a gente se encontra com a gente mesmo.

Bem... em todo caso, toda vez que contamos pra um amigo de outra cidade, que estamos curtindo uma “dor de cotovelo” ou que “estamos na fossa” (puxa, que expressão antiga, meu Deus), a primeira coisa que escutamos é: “Vem pra cá! Aqui você se distrai!” É ou não é assim? E lá vamos nós, com uma baita esperança de nos deixarmos pra trás! E, depois, quando voltamos pra casa, parece que nem é a casa da gente mais.  Sabe... penso que é melhor enjoar, de uma vez por todas, de sentir a falta do ser amado, do que tentar driblar essa falta. Acho que essa coisa de drible só funciona no futebol. (hehe)

É claro que devemos agradecer sempre, e muito, e tanto, por termos amigos salva-vidas! Com eles, conseguimos ter momentos de engano, quando os ouvimos dizer que  “ele ainda vai voltar!”, “ele ainda vai repensar!”, “ele ainda vai considerar!”. Mesmo que a realidade não seja tão generosa quanto os amigos a veem (infelizmente)! É que os amigos nos enxergam primeiro, em detrimento de qualquer realidade, e querem sempre o melhor. Não vá me dizer que, amigo que é amigo, nos tira do engano. Amigo que é amigo, tenta nos deixar no engano, sim, pois torce pra que dê certo, do jeito que a gente quer que dê certo. Mesmo que o que parece ser bom pra gente não seja tão bom assim, e no fundo, no fundo, ele saiba disso. (hehe)

Bem... uma coisa é certa: pra esquecer um amor, só outro. E até ele chegar, vai ser difícil, mas penso que temos que tentar ser indulgentes conosco mesmos, aceitando que a dor existe, e não tem como escapar dela. Ela é nossa! Sem subterfúgios, sem querer se livrar da gente mesmo, sem querer mudar de casa, de alma, e aceitando que o tempo nos trará outro amor e a cura de tudo. E se não curar e deixar marcas, eu já cansei de falar aqui: é caso pra um Analista! Senão, a gente ainda vai encher malas de mágoas, que vão atrapalhar, ou até boicotar, a nossa viagem nesta vida.

sábado, 9 de março de 2013

GUARDE NOS OLHOS

Museu Pe. Carlos Weiss - Londrina-PR

Que experiência ímpar!

Por força do trabalho e por falta de melhores horários de voos pra ir rapidamente a Curitiba, não fui a XV Conferência Estadual Espírita, um evento anual da Federação Espírita do Paraná, e que começou ontem. Até dava pra ir, mas perderia algumas das palestras e eventos, principalmente as palestras do Haroldo Dutra Dias, escritor e orador Espírita que amo muito.

Estou assistindo pela internet, online, pela primeira vez!

Só perdi uma palestra, a primeira de hoje, e tem sido quase como se estivesse lá. Ainda prefiriria estar, presencialmente, absorvendo todas as emanações boas da Espiritualidade, juntamente com as pessoas, que como eu, se identificam com o Espiritismo. O contato pessoal nunca será substituído pelo virtual, pelo menos pra mim.

Todos os momentos foram intensamente maravilhosos, nestes dois primeiros dias:

O Coral Espírita Nosso Lar, daqui da minha amada cidade (Londrina), apresentando-se juntamente com outro Coral de Curitiba.

A abertura com  Divaldo Pereira Franco, sempre tão iluminado, falando sobre o amor (um dos temas que mais gosto), e tendo como base o livro “O Profeta” de Gibran Khalil Gibran. "Quando nos amamos, nos desarmamos. Quando nos armamos, nos desamamos."

A leitura de textos do Momento Espírita, que pra mim é o que existe de melhor em termos de mensagens de vida, sendo lida pelo dono  da  voz que faz o programa e grava os CDs e DVDs.

A primeira palestra de Haroldo Dutra, começando com uma poesia de Drummond, seu conterrâneo, e terminando dizendo que “a regeneração do mundo é, no fundo, primordialmente, a regeneração de nós mesmos”.

Suely Caldas Schubert dizendo que “nós temos que pensar que já temos um capital do passado e não mais somente fardos”, que caminhamos muito, cada qual com os fardos que escolheu carregar, mas agora com muitos créditos amealhados.

Divaldo, na sua segunda palestra, falando-nos de gratidão, com palavras ternas e cheias de poesia, como só ele sabe fazer, dizendo-nos que “o indivíduo que ama, automaticamente enflorece-se com o sentimento da gratidão”.

Alberto Almeida, sabedor do ser psicológico que somos, veio nos falar da autoestima, das máscaras sociais que assumimos, ora com nossos ares de superioridade, ora com nossa autodepreciação ao nos colocarmos como “um zero”. E dizendo, muito bem, como que a autoestima mexe com nossas relações amorosas e afetivas, de como temos dificuldades em reconhecermos que temos pontos frágeis, mas que temos pontos fortes, e que todo mundo é assim; somos todos seres em transformação e necessitamos do encontro conosco mesmo e com o outro. E em aceitando isso, podemos começar a amar o próximo, e a nós mesmos, com todo o coração, e de verdade, sem máscaras.

E pra completar, antes de começar as palestras da noite, o Coral cantou uma música do Ivan Lins e do Vitor Martins, que está em um dos vídeos da aba “MPB” deste blog, e que se intitula “Guarde nos Olhos”. Essa música não está à toa no blog. Pra mim, era um hino de quando eu morava em Curitiba e tinha saudades do interior.

“Corra os campos pela última vez... Vai um pouco com a gente, rumo à capital. Vai dentro da gente, vamos pra capital.”

Repeti o vídeo aqui nesta postagem. 

Guardei tanto nos olhos, e nos sonhos, que voltei pra Londrina! 





terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O PAPA É HUMANO!

zerohora.licrbs.com.br


Não sou católica, razão pela qual não escrevo movida pela crença.

Ontem ouvi vários comentários sobre a renúncia do papa, e se fosse fazer uma estatística, a maioria das pessoas se disse surpresa com a atitude do pontífice.

Confesso que eu também fiquei, de um ponto de vista: nunca imaginei que um papa fosse agir como um mortal, que tem vontade de mandar parar o bonde pra descer, e não ficar só na vontade.

Bento XVI foi vencido pelo homem Joseph Alois Ratzinger. Que bacana!

Falta muito para a igreja católica trazer o seu papa, os seus cardeais, bispos, e até mesmo os padres, para o plano terreno, onde nós, fiéis seguidores ou não, cumprimos nossa jornada evolutiva. Tudo bem que depois da morte, cada religião acredita numa destinação diferente para a alma, mas uma coisa é certa, neste momento, o que importa é que a alma está aqui, bem pregada no chão. E o rebanho de Pedro também quer olhar para o lado e ver que o guardador é tão humano, tão falível, tão cheio de desejos, de culpas, de alegrias, de tristezas, de dúvidas, de certezas, de dores, tão cheio de tudo que é humano e transitório.

Bento XVI assumiu a sua falibilidade; assumiu sua incapacidade; foi sincero consigo mesmo. Outra coisa muito bacana: ser sincero consigo e abrir mão do que os outros vão pensar. Em nome de ser o que se é, e o que se pode ser.

Não importam as reais razões que levaram o pontífice a pedir as contas: o que valeu foi a coragem de enfrentar o mundo, sem perguntar “Posso?”. Nem precisava: pode sim!

Paulo Leminski, nosso amado e saudoso poeta paranaense, já havia poetado que “isso de a gente querer ser exatamente o que a gente é, ainda vai nos levar além.” E nos leva mesmo!

E ainda, como diria Martha Medeiros, se a gente quer mesmo, a gente “abre a cancela de qualquer fronteira, seja ela geográfica ou emocional”.

O papa, do alto do seu trono, poderia ter dirigido o povo católico (e o mundo, já que a igreja católica pauta muita decisão ainda), mesmo doente, mesmo sofrendo, em nome de manter um papel, manter uma tradição. Mas optou, por, sozinho com Deus, escolher e dizer: não dá mais!

Quem dera Renan Calheiros dissesse o mesmo. O Sarney também, o Hugo Chaves e os irmãos Fidel idem. Mas, para pedir demissão, de qualquer coisa, é preciso coragem. Não coragem, como oposição só à falta de medo. É preciso coragem para se mostrar, para aguentar as críticas, para mostrar o lado humano, que acerta, que erra, e que se aceita e aceita o que está à volta.

Gostei da atitude do Papa. Acredito que ela vá inspirar muita gente que vive de aparência, que vive para os outros, que tem vontade de dar um basta em tanta coisa, mas não tem coragem de se mostrar, de colocar em prática o seu desejo mais íntimo, de dizer “chega, pra mim já deu!”

Fico imaginando agora a leveza que ele deva estar sentido!

É isso aí... a vida não tem bula. 


sábado, 2 de fevereiro de 2013

UFA! QUE SEMANA!



Estou quase chegando à conclusão que somos um país surpreendentemente caridoso e indulgente.

Ontem, saindo da Leroy Merlin, sinaleiro fechado, sou abordada por um moço, no lado do meu carro. Janelas fechadas, eu o ouvia dizer que é aidético, levantou a camiseta para mostrar que não é malandro e não estava armado, que não era um assalto, e que precisava completar um dinheiro para comprar comida para a filha, que não é soropositiva. Moço, jovem, faltando dentes. Sem entrar no mérito de qual poderia ser a história de vida dele, foi  tocante e chocante. Era muito sincero o pedido do rapaz, beirava o desespero, pelo menos foi o que me pareceu. Peguei algumas moedas, nem sei qual a quantia e dei a ele, desejando-lhe sorte. Sinaleiro abriu e pelo retrovisor o vi abordar outro carro, quando o sinaleiro fechou novamente.

Logo em seguida, no supermercado Angeloni, na panificadora, comprei três bolinhos de chuva para comer ali na hora (apenas para enganar o estômago e não comprar o mercado todo), e o troco era de 66 centavos. Ao que o caixa da seção me perguntou se não queria transformá-lo em “troco solidário”, para um lar de vovózinhas. Mal tinha doado umas moedas a um moço jovem, já me vi diante de uma oferta de outra doação de moedas, agora para velhinhas. Acabei não doando, porque já faço dois trabalhos voluntários, um deles enorme, e que acaba beneficiando também o mesmo lar de vovós.

No carro, volto escutando a CBN (como de eterno hábito), e sou obrigada novamente a ouvir sobre a posse do Renan Calheiros na presidência do Senado, mesmo debaixo de denúncias gravíssimas do procurador-geral da República.

O que tem a ver alhos com bugalhos?  O que tem a ver Renan Calheiros com o que escrevi anteriormente?  

Se o que relatei acima tem a ver com caridade, a história do Renan tem a ver com indulgência, duas virtudes que têm limites e dependem de merecimento.

Fora do Brasil devem nos achar o povo mais indulgente do mundo, quando não os mais complacentes e resignados. Os senadores que elegeram o Renan Calheiros não estão nem aí pra todos nós, que votamos neles. E pior é que continuaremos, indulgentemente, votando neles. É muita indulgência sem merecimento!

Some-se a isso, o horror todo de Santa Maria. Iguais àquela casa de shows há inúmeras outras, chiques ou não, nas mesmas condições ou piores, ou sem condição alguma. Tudo em nome de ganhar dinheiro de uma forma fácil e barata. E do nosso lado, clientes, aceitamos pagar por horas de prazer e divertimento a troco de muito pouco. Não sou contra as casas de shows; a crítica é à nossa falta de crítica ao que nos oferecem!

E pode reparar: agora em tudo quanto é cidade as prefeituras apertaram o cerco com os locais públicos. Acharam até teatros famosos no Rio, com peças de elenco renomado, que estavam funcionando sem condições. E se não tivesse havido Santa Maria? Estaria tudo como dantes!

A indulgência insana é tanta que vamos levando a vida assim. Acontece uma tragédia, a gente se comove, começa a ser seletivo nas escolhas de onde se divertir, mas depois caímos no esquecimento. Ganhamos uma banana dos políticos corruptos e ainda votamos neles nas eleições futuras, pois temos memória curta. Pedem-nos dinheiro para subsidiar o atendimento de idosos, quando esses mesmos idosos, muitos deles têm aposentadoria, cujo valor defasou tanto que já não dá para mais nada (embora tenham pago a vida inteira). Um aidético precisa pedir dinheiro na rua para sustentar a família, porque coitado, as empresas ainda são preconceituosas em contratar gente assim. E se há programas do Governo que fornecem medicação para controlar a doença, falta informação a esse pessoal mais carente ou sobra ignorância (de ignorar) mesmo. Quando não, falta medicação nos postos!

E pra completar, subiu a gasolina. Sabe aquela história de querer ficar bem na fita, mas uma hora a máscara cai? Pois foi assim. Não teve jeito de o governo segurar o aumento. Há um bom tempo, a Petrobrás estava tendo prejuízo por arcar com os custos, e não os repassar, para que o governo pudesse “mostrar” que a economia vai muito bem obrigada. Não teve jeito mais, e quem tem ações da estatal ainda pagou o pato – elas caíram. E nós, vamos ver o resultado no supermercado, porque diferentemente do que o ministro Mantega afirma, vai ter reflexo sim. Praticamente 90% dos produtos do supermercado são transportados por rodovias. Haja bolinho de chuva pra não fazer compra com fome e querer levar o mercado todo!

É... já cansamos de ouvir que o Brasil é o país dos contrastes. Pode ser uma frase batida, mas é isso mesmo! O dia que a Educação (com E maiúsculo) nos fizer conscientes de nossos direitos e deveres, talvez possamos viver mesmo a indulgência e a caridade dentro de todos os seus limites e merecimentos.

Que semana! 

domingo, 20 de janeiro de 2013

O BLOG ESTÁ NO FACE


O blog está no Facebook: facebook.com/paginadoquintaldamaricota.

Estamos com uma página de fãs, ou "fan page", ou "fanpage". Não sei como é o certo escrever, uma vez que na hora de aportuguesar o inglês, ou escrevê-lo num país que não fala a língua, cada qual faz de um jeito. Basta procurar no Google pra constatar. (hehe)

Ficarei com fanpage (com pronúncia em inglês), mas sem aspas, sem itálico, aportuguesado ou abrasileirado, como queiram.

O blog continua sendo o esteio, o ponto de partida. A fanpage será o lado "fun" ou "funny" do blog. Com publicações mais diversas que o blog, até para não deixá-lo mais poluído. (hehe)

Nasceu uma "filha" do blog, e espero que vocês curtam!


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A PIMENTA DA PACIÊNCIA



Meia-noite.

Desligo o notebook, vou pra a cozinha pegar o iogurte da noite e aproveitar para regar as plantas do parapeito da janela da área de serviço. Hoje, apenas pés de pimenta Dedo-de-Moça. Até ontem havia manjericões. Hoje, espaços aguardando os que estão em um vaso, enfeitando a cozinha, criando raízes. Sim, até os manjericões para serem felizes em um lugar, primeiro precisam criar raízes, feito gente! Aprendi isso, depois de cuidar de quatro gerações de uma muda que ganhei de um amigo, no ano passado.

Paciência é uma virtude que a gente aprende, e de diversas formas. Uma delas, é cultivando plantas, seja um jardim, seja uma horta. Já diz isso o livro do Pe. Fábio de Melo – “Tempo de Esperas”. Não sou fã dele, mas adorei o livro. Como é  bom a gente ler de tudo um pouco! (hehe)

Acho que tenho paciência, às vezes até de mais, embora muitas de menos. (hehe) Mas, no afã de ter uma horta, a qualquer custo, aprendi a esperar as plantinhas crescerem em vasos pequenos, embora desejassem viver em quintais (elas e eu). Já testei cebolinha, salsinha, manjericão, amor-perfeito, hortelã, e colhi sucessos e fracassos. As cebolinhas e salsinhas ficaram “inhas”, de tão fininhas e pequenininhas. O amor-perfeito não amou o local, a hortelã não foi pra frente nem sei porquê, algumas flores adoraram, e outras, como eram de jardins, se recusaram a viver.

Mas os manjericões, por exemplo, foram fiéis ao meu desejo de que durassem até estarem prontos a me fornecer mudas e complementarem molhos, pizzas, pastéis, sopas e tudo o que eu achava que eles dariam um toque e um tom,  e realmente deram. Foram eternos enquanto duraram, e ainda deixaram herdeiros.

Com o sucesso dos manjericões, animei-me a comprar no supermercado um saquinho de sementes de pimenta Dedo-de-Moça. Amo pimenta e molho de pimenta. A minha geladeira pode não ter nada, mas tem pelo menos meia dúzia de molhos, comprados e presenteados por amigos. O saquinho valeu-me três pés, em três vasos diferentes.

Que experiência: o pé que mais cresceu tem um vaso todo para ele. Apenas dividiu um mísero espaço com um pé de cebolinha (isso mesmo: um). O segundo, ocupando um vasinho pequeno, cresce na mesma proporção. Já o terceiro, como dividia espaço com o manjericão, cresceu timidamente e também não deixou crescer o manjericão, como ele gostaria. Ou seja, parece que as pimentas são espaçosas e gostam de viver isoladas (hehe).

Mas voltando ao início desta postagem, que eu conto que fui à cozinha para, também, regar as plantas, qual não foi a minha surpresa ao enxergar, no meio dos galhos, uma pimenta madura, vermelhinha! A minha primeira pimenta! Cultivada pacientemente, cuidadosamente, carinhosamente, amorosa e fielmente! E surpresa maior ainda: a mesma pimenta que resistiu, mesmo estando em um galho quebrado.  Quando ela já estava formada, ao abaixar o varal de roupas, ele enroscou na planta e acabei quebrando justo o galho da pimenta. Só que ainda acreditei nela e resolvi esperar, pacientemente. A natureza é surpreendente mesmo: deu um jeito. Mesmo em um galho quebrado, a pimenta continuou crescendo e amadureceu! O galho acabou se fundindo novamente, e permitiu que ela crescesse. Que bom se a gente fosse também assim: numa adversidade, numa quebra de algum sentimento, a gente ainda tentasse colar os pedacinhos, pra dar chance de amadurecermos, de crescermos. Sempre há uma chance se a gente tem paciência: com a gente e com o outro.

Tirei fotos e fotos da pimenta, de tão feliz que fiquei. Me deu ainda um misto de dúvida do que fazer com ela: deixo, colho, qual prato merece ser presenteado com o seu sabor, como eternizá-la? Mas, como em tudo na vida, a gente tem que curtir o máximo enquanto pode. Não dá para eternizar, a não ser a lembrança, a lição, e a virtude de plantar e esperar, qualquer coisa, desde uma planta até um sentimento.

Há meses vejo o pé crescer, depois florir e brotar a primeira pimenta. Ao longo da espera, nem me dei conta de quantas outras pimentas, verdinhas, estão no pé. E é aí que mora a paciência: de esperar, mesmo não sabendo se vai vingar ou não; mesmo sabendo que embora com rega feita, não há promessa de retorno. Aliás, do que e de quem a gente pode ter garantia de retorno, não é mesmo?

Viver é assim também. Ter paciência de cultivar amizades, empreender um trabalho, esperar um amor, sempre regando e tendo fé que desta vez dará certo. Os meus pés de pimenta me mostraram essa possibilidade no sucesso. Os meus pés de cebolinha me mostraram a possibilidade da paciência mesmo no fracasso. E que com paciência a gente consegue sair de um fracasso e encontrar o sucesso; experimentar um fracasso e não perder a esperança.