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Para mim, um dos piores sentimentos que existe é a inveja. É
pior do que a bomba atômica. A bomba acaba de vez com a pessoa; a inveja vai
acabando em doses homeopáticas. É claro que não é tão simplista assim. Depende
muito da importância que o invejoso dá ao seu sentimento e o invejado também.
Depende muito da frequência do pensamento dos dois.
Não raramente a inveja está associada à baixa autoestima do
invejoso. Não raramente a inveja é
decorrente de ver luz no outro, em contraponto com a falta da sua. Sabe...
penso que a pergunta é: o que eu posso fazer para a minha luz brilhar tanto
quanto a do outro? É preferível esse autoquestionamento, ao sentimento de botar o olho no outro e
querer prejudicá-lo de alguma forma.
A inveja existe desde que o mundo é mundo. Dentro de casa,
no trabalho, na vida em sociedade, na vida virtual. E o pior é que não raras vezes apesar de ser
algo silencioso, causa uma mudança de comportamento enorme na vida do sujeito.
Bem... dos dois envolvidos. O invejoso ou passa a evitar o invejado (mas bastou
uma oportunidade quer saber dele), ou gruda nele para viver os seus passos. O
invejado, por sua vez, se não notou ainda o sentimento do seu “algoz”, o fica
retroalimentando ingenuamente e nada colhe de bom dessa relação. Se notou, acaba se afastando pra
justamente não dar “milho aos porcos”.
Pode notar que atrás do sentimento de ódio pode haver um
sentimento contrário embutido, ou melhor, enrustido: o do amor. Por detrás de
uma inveja tem um reconhecimento da capacidade do outro; o outro ocupa um “trono”.
E o problema é justamente este: o trono
está ocupado!
A inveja paralisa a vida do invejoso, na medida em que os
pensamentos são tomados por redemoinhos que não saem do lugar. É um tal de
maquinar próximos passos, imaginar o
pensamento do outro, jogar verde pra colher maduro, armar pequenos boicotes nas
situações mais inusitadas ou inesperadas, quando o invejado sequer tem tempo de armar a guarda.
Quantos amores são enterrados pela inveja; quantas carreiras
são interrompidas ou ficam paralisadas pela inveja; quantas amizades bonitas
poderiam ter nascido se a inveja não tivesse se instaurado; quantas pessoas
sofrem por ondas negativas poderosas, advindas do orgulho e do egoísmo.
Não
consigo dissociar a inveja de outros dois sentimentos: o orgulho e o egoísmo. Orgulho por não reconhecer, muitas vezes, que ainda precisa trilhar caminhos que o outro já trilhou; orgulho pela falta
de humildade em admitir que talvez não consiga chegar aonde o outro chegou,
por qualquer motivo, afinal de contas somos indivíduos, únicos. No máximo conseguiremos seguir um exemplo,
jamais seremos iguais. Ainda bem, pois é exatamente isso que nos faz singulares
e espetaculares. Se o invejoso pudesse ter esse discernimento cuidaria mais da
sua vida. Mas não. Egoísta, quer para si
o que é do outro, não podendo ter paciência e humildade para fazer do outro um
exemplo a ser seguido e não invejado.
Sabe... acho que os anos me ensinaram que ao invés da gente
sentir inveja de uma pessoa que está em melhor posição que a gente (segundo
nossos critérios, é claro), deveríamos nos associar a essa pessoa e fazer de
tudo pra aprender com ela. A gente cresce assim, e mais rápido. Pena que o
invejoso ache que no mundo tem lugar só pra ele!