terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

QUE EU OUÇA, QUE TU OUÇAS

Paço da Liberdade -  Praça Generoso Marques - Curitiba - PR

Uma vida inteira doei roupas, sapatos usados e tudo o que não me serve mais, mas que serve para outras pessoas, numa boa. Sou desprendida nesse sentido, dentre tantas outras coisas que não sou.

E por último, volta e meia pego roupas e sapatos usados das amigas ou colegas, e os levo em um lar espírita que tem obra assistencial.

Antigamente, não contava para os outros que distribuía meus bens usados, pois nunca vi mérito na caridade que a gente divulgue e fale de boca cheia.

Ainda continuo pensando assim, mas agora conto pra qualquer um sobre esse tipo de caridade que faço.  Não busco mérito. Busco sim sensibilizar os outros a fazerem o mesmo. Porque a cada dia que passa, vejo que essa caridade é muito fácil de se fazer. Até um bandido é capaz de uma ação dessas.

Fora que esse tipo de caridade no mais das vezes é tão somente uma forma de se livrar do que se tornou supérfluo, porque se compra demais e não há armário que chegue.

Agora, quer ver uma Caridade, com “c” maiúsculo, e difícil de fazer?

Ouvir.

Se temos paciência e tempo para separar roupas e distribuí-las, devíamos tê-los para ouvir alguém que precisa desabafar. E olha que basta a gente convidar para um café ou para um bolinho de chuva no final da tarde. Se a gente começar a conversar e contar sobre coisas da nossa vida e não conseguir contar porque a outra pessoa precisa muito contar de si, deixe-a falar. Talvez a gente seja a única pessoa que ela encontrou pra desabafar.

Porém, perceba: as pessoas só desabafam com o outro quando veem receptividade, quando enxergam no outro uma pessoa que assume ter problemas como qualquer outra, e que também não tem vergonha de falar sobre. Parece algo fácil, mas não é. Até porque boa parte das pessoas não conta que a televisão pifou, que está com vazamento no banheiro, que está curtindo uma fossa danada por causa de um fora, que o dinheiro está contado neste mês. Daí, como é que a gente vai desabafar com uma pessoa tão perfeita?

Se há uma coisa que aprendi é falar do que não deu certo. Eu ganho, o outro ganha. Eu ganho por poder dividir o meu problema  e me sentir mais leve (penso que tudo a gente resolve pela palavra). E ganha o outro porque ele vê na gente uma pessoa normal, que não vai fazer prejulgamentos nos contando de suas mazelas.

Claro que pode acontecer do outro só querer falar de si por egocentrismo mesmo. Por não saber ouvir, por só enxergar o seu próprio umbigo. Mesmo assim eu digo: ouvir essa  pessoa também é caridade. Está certo que esse tipo de gente não vinga na nossa vida. Pelo menos na minha. É questão de tempo pra nos afastarmos de quem só enxerga a si. Mas já é uma caridade a gente atender uma pessoa assim. Muito provavelmente quem a cerca não tem mais paciência, e não tiro a razão.

Agora, se a gente pensar bem, ouvir requer apenas ouvir. Na maioria das vezes a gente não precisa dizer qualquer coisa, pois invariavelmente quem desabafa não vai ouvir mesmo. Falar já é libertador.

Outra coisa melhor ainda é que, ouvindo fazemos caridade para conosco também. Os nossos problemas ficam menores, e não raras vezes acabamos nos sentido melhores como pessoa e mais que tudo, valorizando a nossa vida em face da vida do outro.

Escrevendo assim, parece ser muito fácil ouvir. Mas, repito: não é! Acredite, tenho prestado muito atenção e tenho visto que poucos são os que estão com paciência de tudo nesses dias de pressa. Poucos estão disponíveis pra dividir a sua atenção com o problema dos outros. E confesso, fico feliz quando me vejo na condição de ouvinte. É sinal de que melhorei.

E assim, posso dizer que se você tem pelo menos uma pessoa com quem desabafar, agradeça a Deus, todos os dias, pela existência dela. Se você é uma pessoa que ouve, tenha certeza: Deus lhe agradece todos os dias. E isso pode ficar somente com você, não precisa espalhar mesmo: o mérito já é todo seu!


domingo, 26 de fevereiro de 2012

MEU OSCAR VAI PARA OS SENTIMENTOS

Entrada do Restaurante Velho Madalosso - Santa Felicidade - Curitiba - PR -  25/02/2012

Hoje tem entrega de Oscar. Antigamente, assistia antecipadamente a maioria dos filmes e ficava acordada até tarde da noite pra assistir à cerimônia. E me cobrava por não ter assistido um filme ou outro. Queria ter assistido pelo menos aos filmes que concorriam na categoria Melhor Filme.  

Tempos de cinema de rua, no centro da cidade, coisa que hoje nem existe mais, nem em cidade pequena. Tempos em que fazíamos fila do lado de fora, na calçada, ao ar livre, numa boa. Tempos em que eu ia tanto ao cinema, que um dia cheguei a levar um livro pra ler, de tão cedo que cheguei à sessão. E ainda ia sozinha, quando não tinha companhia. E tudo bem.

E passaram-se os anos, os cinemas de rua foram ficando pra trás, mudei-me do centro da cidade para um bairro, os cinemas de rua fecharam e foram substituídos pelas salas de cinemas dos shoppings, os filmes em DVDs ficaram extremamente acessíveis, primeiro pelas locadoras, depois pela pirataria, e de tanta oferta, acabei não valorizando mais o glamour de me arrumar para ir especificamente ao cinema. De tanta oferta, acabava deixando pra assistir ao filme em casa... colocá-lo em cartaz dependeria apenas de mim. E o que a gente tem sobrando acaba não valorizando.

Fora que com a tecnologia o tempo ficou escasso. Isso mesmo. O tempo que iria sobrar com o trabalho automatizado (era o que esperávamos com os computadores), assistiríamos a mais filmes, teríamos mais tempo de lazer. Que nada! Falo por mim: arrumei mais trabalho ainda, no tempo que “sobrava”.

E pode notar: a gente mede o tempo do dia pelo trabalho e não pelo lazer. A gente diz assim: ” - Nossa, como rendeu o meu dia hoje!”. Estamos dizendo do dia de trabalho; raramente dizemos essa frase em um final de semana!

Só que agora os meus tempos mudaram. Tenho contado o rendimento dos meus dias pelas coisas prazerosas que estou conseguindo reincluir neles. E hoje, estarei ligada à cerimônia do Oscar, pois consegui assistir dois filmes que estão na lista dos concorrentes a Melhor Filme: A Árvore da Vida e Os Descendentes. É muito pouco, mas depois de não sei quantos mil anos, isso é uma vitória!

E estou torcendo por Os Descendentes, pela estória tocante e pelo George Clooney (impecável e lindo!).

Adorei o filme por mostrar muito bem a culpa quando misturada à dor da perda: o sentimento de culpa por não ter sido presente na vida de quem está partindo. E o que fazer com ele, quando não é o único sentimento que se está experimentando?

Por mostrar que pode não haver amanhã para o que não deu tempo de viver hoje, em nome do trabalho e de ajuntar ou cuidar do dinheiro.

Por mostrar o quão difícil é tentar conhecer e entender alguém quando este alguém está indo, irremediavelmente, embora da vida da gente. Partindo de qualquer forma, não só pela morte. E que, qualquer que seja o motivo da partida, a gente deve, sim, tentar entender o porquê de termos “falhado” no relacionamento, pra não repetir mais ou pra tentar salvar o que restou, que no caso do filme foram os descendentes.

E mais, adorei  por ter mostrado o valor do perdão, ao longo do filme todo, de vários ângulos – perdão do Matt (Clooney) para com a mulher, para com as filhas, das filhas para com ele, dele para com os sogros, dele para com o amante da mulher, e dele para com o amigo “esquisito” da filha.  Todos os perdões em situações extremamente doloridas e difíceis. E acima de tudo: por ter mostrado o valor do autoperdão. Sem ele, não tem como perdoar o outro e vice-versa.

O filme mostra o tempo todo uma mistura de outros tantos sentimentos humanos tão verdadeiros, como o egoísmo, o orgulho, a cobrança, a avareza, a incerteza, o desleixo, a perseverança, e a vontade de dar a volta por cima e refazer a vida quando não se tem mais como voltar atrás. A gente se enxerga nesses sentimentos, de alguma forma, de qualquer forma.

É... na vida, na maioria das vezes, não tem como a gente voltar atrás, não é mesmo? Mas com diria Chico Xavier, temos chance de fazer um novo começo. Mesmo depois de uma tragédia, onde o coração está em frangalhos e a realidade nos cobra a razão. E o filme mostra isso. É maravilhoso!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

AMIZADE, ALTERIDADE E ASSERTIVIDADE

Entrada da chácara de minha amiga Celina - Apucarana - PR


Há duas palavras que não consigo dissociar da amizade, e que não por acaso rimam com ela: assertividade e alteridade.

Não que esses dois qualificativos sejam somente ligados ao amigo, mas devem ser elementos essenciais para que possamos colocar uma pessoa na posição de. E é a falta de zelo para com esses dois adjetivos que acabam retirando um amigo da posição de.

O princípio da alteridade é levar em conta o outro. É reconhecer a sua existência, os seus direitos, seus valores, sentimentos e expectativas. É levar em conta a nossa necessidade do outro, até para aprendermos sobre nós mesmos.

E quase sempre a visão moral que temos da gente é que faz com que saibamos ou não reconhecer o outro.

Ter assertividade é ser assertivo: dizer “sim” quando se tem que dizer “sim” e “não” quando tem que se dizer “não”. Mas, dizer! Não é pressupor que o outro tenha que adivinhar. Ser assertivo chega a ser uma virtude, uma vez que o sujeito que exerce a assertividade diz a que veio, e geralmente valoriza a alteridade. Sabe exercê-la sabendo de seus limites e dos limites do outro.

A assertividade é muito fácil de entender no meio profissional. É um requisito muito valorizado, principalmente nos líderes. Quem não é assertivo, não constrói carreira sólida, não consegue respostas de seus liderados, não consegue simplesmente. E ainda tem gente que espera que um curso de liderança vá ensiná-lo a liderar. Até pode, mas se o profissional não for assertivo, não se cria. Não é à toa que vemos tantas empresas falindo. Vai ver, lá no fundo faltou assertividade no dono ou nos ocupantes de cargos de liderança.

Quando falamos de amizade, falamos de uma via de mão dupla. O amigo é o outro que eu elegi dentre tantos outros, para partilhar da minha vida. E, ele também me elegeu. E é exatamente por essa característica da amizade – uma eleição mútua – que essas duas qualidades, a alteridade e a assertividade, devem estar presentes.

Contudo, quando as amizades murcham a gente vai ver que faltou um dos dois ingredientes ou os dois. Volta e meia a gente se depara com situações assim, não é mesmo?

Parecem tão simples esses conceitos, mas não são.  Dão-nos a impressão de que bastaria, por exemplo, o sujeito ter uma religião, ou ser espiritualizado, para ser imbuído do reconhecimento do outro. Nunca vou me cansar de contar de um colega de profissão, que se declarava abertamente ateu, mas que pelas atitudes, era mais cristão do que muitos que frequentavam as igrejas. Ser cristão é seguir o Cristo, e principalmente a maior de suas máximas: amai ao próximo como a ti mesmo. O que é isso senão a alteridade – o reconhecimento do outro?

Fico pensando que por essas e por outras que nossos amigos dão para contar nos dedos. Os meus dão. Hoje, não me cabe mais manter amizade com quem desconsidere o outro. Pode passar uma vez, no máximo outra, por sermos humanos e falíveis, mas não mais que isso.

Depois tem gente que reclama da vida, que se posiciona como vítima, diz que não consegue fazer amigos, que é brigado com o mundo, quando o que lhes faltou foi viver com assertividade, e mais que tudo, com alteridade. E depois quer que a vida  lhe seja generosa!

A vida gosta de quem gosta dela.”*  E não tem como gostar da vida sem incluir o outro. Não tem como gostar da vida sem ter assertividade para com ela.



(*) Frase do personagem Noel, do filme A Suprema Felicidade, de Arnaldo Jabor.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

MEIA HORA PARA ELE

Imagem pública do picasaweb.google.com

O Evangelho no Lar é uma das práticas espíritas. É uma maneira simples e eficaz de nos melhorarmos, de nos instruirmos e de crescermos espiritual e moralmente.

Uma vez na semana, em uma determinada hora (e sempre nessa hora), paramos tudo que estamos fazendo, nos reunimos com a nossa família e nos dedicamos a ler um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, deixando livre para qualquer um dos presentes comentar esse trecho. E pode ser feito “sozinho” também!

Há algumas “regras” a serem seguidas, como, por exemplo, fazer uma prece inicial e uma final. Na inicial solicitamos auxílio da Espiritualidade para que nos ilumine os pensamentos naquele tempo dedicado a Deus, e principalmente a nós mesmos (os primeiros beneficiados). E, na prece final, agradecemos. Prece deve ser feita para pedir e para agradecer.

Quem inaugurou o Evangelho no Lar foi Jesus Cristo: quando uma ou mais pessoas estão reunidas em Seu nome, Ele está entre elas. Na realidade, Ele sempre está entre nós. No Evangelho no Lar a gente apenas reverencia essa presença, que é feita através dos nossos amigos protetores na Espiritualidade e de nosso anjo da guarda.

Leva-se tão pouco tempo (não mais que meia hora) para realizar essa prática, cuja vibração beneficiará a vida das pessoas da casa, da vizinhança, do bairro, e a quem nós a dedicarmos em pensamento. Isso sem contar a caridade que fazemos para como os irmãos que estão no mundo espiritual, e que vêm ter conosco para ouvir as palavras consoladoras do Cristo. 

Gastamos tempo com shopping, com televisão, com computador, com celular, com tanta coisa, que meia hora é tão pouco, para o muito que a gente tem de retorno: aproximamo-nos de Deus, trazemos bons fluidos para a nossa casa, estudamos a palavra do Cristo, nos munimos de forças para enfrentarmos o dia-a-dia tão estressante, propiciamos um momento para colocamos em evidência nossos sentimentos de caridade e fraternidade, e tornamos o mundo melhor (no mínimo o nosso).

Evangelho no Lar é muito, mas muito mais do que estou falando aqui. Meu objetivo é tão somente de mostrar que, Espíritas ou não, qualquer pessoa, de qualquer religião, pode instituí-lo também em suas casas. Cada qual com o seu Evangelho, com a sua “bíblia”. Ou com algum livro de mensagens elevadas, que contenha os ensinamentos do Cristo. Ou até mesmo sem qualquer papel, somente com o coração e com a disposição em ceder uma parte do tempo da semana às coisas da alma, que somente nós podemos fazer por nós mesmos. 

Que tal começar hoje, de uma forma bem simples?

Publico esta pequena passagem do livro “A Caminho da Luz”, do Chico Xavier, pelo espírito Emmanuel, que gostei muito, pelo resumo que ele faz de Jesus Cristo. Dá pra começar por ela. É belíssima!

“Mas Jesus assinala a sua passagem pela Terra com o selo constante da  mais augusta caridade e do mais abnegado amor. Suas parábolas e advertências estão impregnadas do perfume das verdades eternas e gloriosas. A manjedoura e o calvário são lições maravilhosas, cujas claridades iluminam os caminhos milenários da humanidade inteira, e sobretudo os seus exemplos e atos constituem um roteiro de todas as grandiosas finalidades, no aperfeiçoamento da vida terrestre. Com esses elementos, fez uma revolução espiritual que permanece no globo há dois milênios. Respeitando as leis do mundo, aludindo à efígie de César, ensinou as criaturas humanas a se elevarem para Deus, na dilatada compreensão das mais santas verdades da vida. Remodelou todos os conceitos da vida social, exemplificando a mais pura fraternidade. Cumprindo a Lei Antiga, encheu-lhe o organismo de tolerância, de piedade e de amor, com as suas lições na praça pública, em frente das criaturas desregradas e infelizes, e somente Ele ensinou o "Amai-vos uns aos outros", vivendo a situação de quem sabia cumpri-lo. Os Espíritos incapacitados de o compreender podem alegar que as suas fórmulas verbais eram antigas e conhecidas; mas ninguém poderá contestar que a sua exemplificação foi única, até agora, na face da Terra. A maioria dos missionários religiosos da antiguidade se compunha de príncipes, de sábios ou de grandes iniciados, que saíam da intimidade confortável dos palácios e dos templos; mas o Senhor da semeadura e da seara era a personificação de toda a sabedoria, de todo o amor, e o seu único palácio era a tenda humilde de um carpinteiro, onde fazia questão de ensinar à posteridade que a verdadeira aristocracia deve ser a do trabalho, lançando a fórmula sagrada, definida pelo pensamento moderno, como o coletivismo das mãos, aliado ao individualismo dos corações síntese social para a qual caminham as coletividades dos tempos que passam - e que, desprezando todas as convenções e honrarias terrestres, preferiu não possuir pedra onde repousasse o pensamento dolorido, a fim de que aprendessem os seus irmãos a lição inesquecível do "Caminho, da Verdade e da Vida".”


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

Chapéu e raquete de tênis de Sir Arthur Thomas - desbravador de Londrina - Museu Histórico Pe. Carlos Weiss

Minha postagem de hoje é dedicada aos homens sensíveis. Aos homens que percebem que o mundo precisa da sua gentileza, e que há mulheres que os valorizam por isso. Digo por mim: agradeço por eles ainda existirem.

Almoçando no restaurante de uma amiga, na mesa ao meu lado havia um jovem casal. Ele o conheço da academia de dança, de algumas aulas que frequentou no ano passado. Chamou-me a atenção quando eles saíram e retornaram ao carro: ele abriu a porta do carro para ela entrar. Digno de ser filmado, uma vez que está difícil encontrar um homem mais velho fazendo isso, quanto mais um jovem! Bom... não é à toa que ele gosta de dançar, atividade que requer atitudes e gestos cavalheirescos como convidar a dama e conduzi-la.

Puxa, como é gostoso ver que essas virtudes ainda têm vez! Que ainda existem homens, como esse moço, que valorizam suas mulheres. Fiquei imaginando que um homem assim muito provavelmente a ajuda em casa, a elogia, a presenteia, e tem gosto de estar ao seu lado. Ainda vou perguntar a ele, numa oportunidade, com quem ele aprendeu a gentileza de abrir a porta do carro pra sua companheira, em tempos de pressa pra tudo? Deve ter sido com os pais, ou com os avós, ou com alguém que lhe mostrou o quanto é importante ser gentil. Não sei onde ouvi que “gentileza gera gentileza”. E é bem isso mesmo. Como não retribuir a uma pessoa assim? A um homem desses, eu estenderia um tapete vermelho! (hehe)

Domingo, assisti A Suprema Felicidade do Arnaldo Jabor. Confesso que esperava mais do filme, mas adorei ter assistido só porque é do Jabor. Um homem inteligente e sensível. Porém, impecável está a atuação do Marco Nanini, que faz um avô com uma alegria enorme pela vida. Que ensinou ao seu neto, como ser doce, e que fez a diferença na vida do menino.

“- Quem ama é capaz de ouvir estrelas”, falando ao seu neto de oito anos, ambos olhando o céu e as admirando. Fim da Guerra, tempo em que era normal os homens abrirem a porta do carro para suas mulheres. Acho que gostaria de ter vivido naquela época!

Mas, nem tudo está perdido, pois no mesmo domingo, conversando com uma amiga, ela me conta do café da manhã que ofereceu para o homem maravilhoso que conheceu, e que se não fossem as artimanhas e desencontros da vida (não cabe aqui eu relatá-los) estariam hoje juntos. Esse homem, após o café da manhã, dançou com ela, na sala de estar, ao som de uma música que para ela é significativa. Palavras de minha amiga: “Este homem me conquistou!”. Mas é pra conquistar mesmo! Cenas como essa, só em filme!

Nem tudo ainda está perdido, pois semana passada, noite dessas, um calor infernal, um querido amigo teve olhos para ver e comentar comigo no Messenger -  “a Lua compensa essa quentura”, e a Lua realmente estava maravilhosa! Fiquei pensando quantos homens naquela noite valorizaram o luar? Pois ele valorizou! E esse caro amigo, a cada despedida nossa, sempre me deseja bons fluidos com um "Fique na Paz!". E assim, é para ficar mesmo!

E cá tenho um recente amigo (ouso já chamá-lo de amigo, porque gostei muito dele), que além de ter uma alegria estampada no rosto e sensibilidade no que escreve,  teve a singeleza de me dizer “Ohh minha queridaaaa”, em uma frase de retorno a um e-mail meu. Pode parecer banal, mas pra mim não foi. Ainda mais hoje, que boa parte dos homens estão nos confundindo com as feministas (por culpa nossa mesmo), e acabam não nos enxergando como femininas. Ele soube diferenciar!

E, por fim, nem tudo está perdido mesmo, porque tenho uma amiga, casada há 22 anos, e que o marido ainda se preocupa em fazer surpresas, do tipo: fazer um prato que ela falou que estava com vontade de comer. E que a ajuda a limpar o apartamento, que prima por almoçar todos os dias juntos, e que depois a acompanha e fica na sua loja, com um olhar tão meigo para com ela, até dar o final do horário do almoço. Fora quando ele atende na loja, para ela ir à manicure, sem precisar pedir! Coisas que muitos casados há pouco tempo sequer fazem.

Não ficaria horas aqui falando desses homens, porque não os conheço aos montes. E acho até que há os que parecem não ser sensíveis, mas são. Estão quietinhos por culpa de suas próprias mulheres, que os podam ou podaram ou que não os reconheceram. É... por incrível que pareça, tem mulher que não retribui a sensibilidade do companheiro! Que pena!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

FICA A SUA VOZ, WHITNEY!





Sem ter muito o que falar, mas muito o que sentir, confesso que me emocionei muito ao ler, agora de manhã, sobre a morte de Whitney Houston.

Seguramente tudo será falado sobre ela no dia de hoje, principalmente quanto às condições de sua partida. Como  Michael Jackson, de Whitney Houston já se era esperado este fim. Suas escolhas já eram, há muito, sabidas, mas daí a estarmos preparados para o final é outra história. Mas ficou a voz, ficaram as canções, pra sempre, ainda bem!

The Greatest Love of All, cantada por ela, é uma das músicas que mais gosto. Cada vez que vou montar um CD para ouvir no carro, se for composto de músicas internacionais lentas, invariavelmente esta música está lá.  Pra me lembrar de amores passados, pra acompanhar meu amor presente e sem, dúvida alguma, pra aguardar amores futuros. Acredito que George Benson foi o primeiro que a interpretou, porém Whitney Houston a eternizou.

E o que dizer do filme O Guarda-Costas, em que ela fazia par romântico com Kevin Costner? Assisti-o muitas e muitas vezes, a partir de uma fita de vídeo, do tempo em que gravávamos da televisão mesmo. Não tenha dúvida que vou baixá-lo da internet, ainda hoje!







quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O QUE É SER FELIZ?

Pátio do Museu Histórico de Londrina -  Pe. Carlos Weiss

Não gosto de livros de autoajuda, com receitas prontas, tais como “10 Atitudes para Ser Feliz”, “20 Passos para Conquistar o Amado”, “Quem Comeu o Meu Pedaço de Bolo?”, e assim vai.

É um “não-gosto” meu e você não tem que concordar.

Não posso negar que já li alguns desses livros. Até para poder falar sobre. Seria injusto eu falar de algo que não li.

Já li Paulo Coelho e  Roberto Shinyashiki, por exemplo, e confesso que enquanto lia, até ficava animada. Passado um dia, já não me cabiam mais as receitas deles para encontrar a paz, ou para ser feliz. Invariavelmente não seguia as sugestões. Não se encaixavam na minha vida. Nem um vestido do meu número necessariamente me cai bem.

Ficava pensando que caminho eu podia fazer para “me encontrar”, se não podia fazer o caminho de Santiago de Compostela?

Como driblar a minha consciência para ser racional na hora do emocional? Como seguir, por exemplo, a orientação do Shinyashiki para termos só amigos vencedores? O que é um amigo vencedor? É tão subjetivo! O que é um amigo vencedor pra mim, pode, para os olhos dos outros que não o conhecem, não sabem da sua história de vida, ser um perdedor. 

Essas soluções prontas deixam o indivíduo numa neura. Algumas podem até ser boas, quando baseadas em valores morais. Mas daí o indivíduo estar preparado para, ou estar evoluído para realizá-las, é outra história.

Dias atrás terminei de ler o último livro da Martha Medeiros, “Feliz Por Nada”, e o que me havia chamado a atenção, além de gostar muito da escritora, foi exatamente o título. E na sua crônica de mesmo nome, ela diz exatamente isso: que a sociedade espera que estejamos felizes por causa de alguma coisa. E na realidade deveríamos estar felizes por nós mesmos. E ainda mais: que a tristeza cabe na felicidade.

Em um trecho de sua crônica ela diz:

"Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo?
Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo."

Da mesma forma gostei muito de uma frase que ouvi da Psicóloga Renata Borja, no “Caminhos Alternativos” da CBN:

"A gente se liberta quando aceita a vulnerabilidade."

Dias atrás uma conhecida me perguntou, ou melhor, me afirmou, que eu era feliz porque sou alegre. Que achava que tudo o que eu faço dá certo porque sou otimista. Que achava que não tinha lugar pra tristeza na minha vida, porque sou feliz. Uma coisa assim pronta, entende?

Bem.... olhei pra ela e contei que sou otimista, mas que nem tudo dá certo. Tem dias que choro porque queria de uma forma e foi de outra. Queria, por exemplo, ter sido olhada de modo diferente por quem eu olho com olhar diferente, e isso não aconteceu! Só que não foi o fim do mundo, ou melhor, foi o fim do mundo, mas eu sobrevivi (hehe). Nada que minhas lágrimas ou olhar pro lado e ver que tem coisas boas acontecendo, que não resolvesse. E vou sobreviver a cada coisa que der errada, porque a vida anda, nada fica no lugar. De um luto aqui, outro ali, não tem como escapar.  A gente mesmo “cava” boa parte deles. Tem é que saber lidar da melhor forma.

Se ser feliz, por exemplo, for ser honesta comigo e com os outros; não desejar aos outros o que não quero pra mim; poder olhar olhos nos olhos; saber dos meus limites; aceitar as minhas tristezas; não ter vergonha de chorar, nem de contar que chorei;  saber dizer “não” e saber pedir ajuda; por a cabeça no travesseiro e ter para quem fazer uma prece; ter vontade de falar (e falar!) que gosto de alguém; ter coragem de me entregar pra quem merece a minha intimidade; não gastar mais do que eu ganho; como diz a Martha – rir das vezes que sou ridícula;  me  sentir culpada por ter magoado alguém e não ter pedido desculpas; e, acima de tudo, gostar de mim mesma, ter autoestima, então eu sou feliz. E essa receita é só minha. É a minha medida pra ter paz.

Em suma, ser feliz, pra mim, é curtir o que dá certo e aceitar o que eu tento e que dá errado! No máximo tentar entender o porquê, pra não incorrer de novo no mesmo erro, mas não fazer disso o mote pra obscurecer as coisas boas que me acontecem.  

É difícil mesmo definir o que é ser feliz, ou responder se a gente é feliz.

Contudo, a gente não precisa de bula. E quando precisar, penso que a gente deva buscar um Analista, pra ter uma dose individualizada. A nossa dose, extraída da vida da gente mesmo. Ninguém é igual ao outro. No máximo, afim.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

INTELIGÊNCIA HUMANA E AFETO

Lago Igapó - próximo à barragem - foto de hoje - manhã ensolarada e linda

Gilberto Dimenstein recentemente trouxe duas  novidades, nos seus comentários na CBN, que gostei muito.

A primeira delas é que cientistas americanos, estudando o comportamento do QI na resolução de problemas, chegaram à descoberta de que quando uma pessoa resolve determinado problema em grupo, por algum motivo o seu QI abaixa. E quando ela trabalha sozinha, o QI tende a ser mais alto. Isso vai contra o que a gente sempre aprendeu, o “senso comum”, de que trabalhar em grupo é melhor, que a tendência seria aumentar o QI. Contudo, o que eles também descobriram foi que fatores externos na interação das pessoas em um grupo,  acabam influenciando, de alguma forma, na baixa do QI.

Sempre se alardeou que trabalhar em equipe é melhor. Que várias cabeças pensam melhor que uma e se esperava, na pesquisa, que fosse comprovado que as “inteligências se somam”. As empresas sempre valorizaram o trabalho em grupo. Inclusive, em entrevistas chegam a perguntar para o candidato, como é para ele trabalhar em equipe? Pergunta clássica.

Não há dúvida que quando somamos o pensamento de cada um do grupo, a chance de termos várias hipóteses plausíveis para a solução de um problema é maior. Mas falo por mim: há vários momentos em que prefiro ouvir primeiro o grupo e depois trabalhar sozinha. Meu raciocínio é melhor sozinha.

Fora que, trabalhando em grupo, nem sempre todo mundo colabora. Geralmente tem o que assume boa parte do trabalho, quando não tudo. Vamos combinar: é do feitio humano “jogar-se nas cordas”, quando pode ou quando tem oportunidade. Por que pensar, se tem o outro pra fazer isso?

Quando fui para o mercado de trabalho, e trabalhando em empresas grandes, aprendi a trabalhar em equipe, mas sempre procurei respeitar os colegas que não conseguiam trabalhar assim. É uma habilidade. Inclusive, respeitava subordinados que respondiam melhor trabalhando sozinhos.

De minha parte foi  libertador ouvir essa novidade. Que bom que sou “normal”.

A outra novidade foi que cientistas americanos, após analisarem crianças tratadas com afeto na infância, chegaram às evidências de que elas tinham a parte no cérebro ligada à memória, o hipocampo, 10% maior.

Quando ouvi isso, lembrei-me de um bate-papo que tivemos no “Autores & Idéias”  do  Sesc Londrina, com Domingos Pellegrini. Foi  sobre as histórias infantis, e inclusive ele leu inteiro um de seus livros para a plateia. (Com entonação de voz; como em uma “hora do conto”). Ele lembrou que o rapaz que protagonizou a chacina na escola de Realengo, no Rio, muito provavelmente não tenha tido uma mãe que tivesse lhe contado histórias ao dormir. Se tivesse, muito provavelmente não teria sido uma pessoa tão perturbada.  Faltou afeto a ele. Contar histórias é uma forma de transmitir afeto.

Também gostei muito dessa novidade. Poderia parecer óbvia, mas uma vez comprovada cientificamente, não tem como contestar. Quem é afetivo é receptivo, e de certa forma tem mesmo facilidade de guardar as coisas. Não cria barreiras. Já está acostumado com a troca. Já está acostumado a afetar e afetar-se com o mundo à sua volta. Penso que pode ter memória boa mesmo!

Os links para os comentários são:



Vale a pena conferi-los!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O ALCANCE DA PRECE

Parque Barigui - Curitiba- PR

Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é por-se em comunhão com ele.” (“O Espiritismo na sua mais simples expressão”, de Allan Kardec).

Gosto por demais da prece. Pra mim, é um recurso poderosíssimo na hora da angústia, na hora da alegria. Em qualquer hora!

Uma prece não precisa ser necessariamente verbalizada por palavras. Mas se for, não precisa ser repetitiva, nem tampouco decorada, nem ser de uma religião específica, nem ser grande, nem nada predeterminado. Basta que seja feita com o coração.

A gente consegue se comunicar com Deus através de tantas formas!

Através de atitudes, da maneira como agimos com as pessoas, como reagimos diante dos problemas, a maneira como convivemos com a natureza, conosco, com o mundo. Através de uma música, de uma poesia, de um olhar mais carinhoso pra nossas companhias de caminhada, de um toque, de uma palavra amiga, ou do silêncio quando a gente precisa apenas dele.

Quantas vezes "rezei" cantando ou acompanhando uma música que falava da alegria do  meu encontro, ou da angústia do desencontro! Quantas vezes a letra me emprestou as palavras para eu falar com Deus. E principalmente nas partidas! A gente parte tantas vezes na vida, não é mesmo? E o que nos ajuda na hora do luto? Uma prece, para que  saibamos lidar, da melhor forma, com o que vem pela frente.

Da mesma maneira, uma poesia pode se transformar numa oração. As poesias tocam a alma. Ontem, publiquei a poesia "Prece" de Helena Kolody, no Varal Literário (página deste blog). Escolhi a poetisa não ao acaso, mas influenciada por um jovem poeta londrinense, que escreve haikais (Facebook: poesiahaikai) e que, por vários de seus versos, certamente pensa em Deus:


"Faminto amor,
esbanje caridade
ao próximo!"

Uma outra forma de fazer uma prece é ter  uma atitude ativa e positiva diante da vida, que é tão cheia de provas, de adversidades, de tanta coisa que nos convida a agir por impulso, sem pensar. Quando somos sinceros e honestos conosco e com o outro, a gente se aproxima de Deus, estamos em prece com ele.

Quando nos perdoamos e perdoamos de coração a quem tomamos ou que nos tomou como um desafeto,  estamos fazendo uma prece. Quando a gente perdoa de verdade, os pensamentos em relação ao perdoado são de benevolência, de indulgência, de paciência. E o que mais não é a prece do que a ligação com Deus através de pensamentos sublimes?

Quando não sabemos o que dizer para consolar alguém, quando não encontramos palavras, estaremos ajudando, e muito, se pedirmos a Deus por esse alguém. A prece não nos retira o sofrimento, mas nos encoraja a lutar.

A prece nos faz adormecer quando vamos dormir angustiados. Chorar e orar ao nosso Anjo da Guarda, que está sempre perto (embora a gente, não raras vezes, se esqueça dele), logo, logo, nos fazem repousar. É o transbordamento físico das lágrimas somado ao remédio espiritual da prece.

Não é à toa que a mãe canta para o filho dormir!


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

É BEM VERDADE

Imagem pública do picasaweb/google.com

Não é segredo pra ninguém que amo a poesia, o texto, as palavras de Fabrício Carpinejar. E o seu humor, o seu desconserto e a sua fala direta. Da maneira como trata do amor, dos relacionamentos amorosos. Das coisas do cotidiano, dos afetos, da vida.

Fui pra frente do notebook pra escrever sobre o que as mulheres gostam nos homens, pela minha visão (é claro), a partir de uma postagem do Carpinejar, em que ele diz exatamente do contrário – o que as mulheres detestam nos homens. Iria, de uma forma ousada (diante da grandeza do escritor), fazer um contraponto.

Fui até o seu blog e acabei enroscando (de novo) na postagem que ele fez dia 20 deste mês,  intitulada “Depois da Separação”.

O que ele escreveu é uma bússola para os homens (e serve pras mulheres também) e deveria ter o título “Manual de Como Agir Depois da Separação.”

Meu Deus! É infalível! É bem isso mesmo!

Transcrevo o post, embora convide você a sempre visitar o blog do escritor - carpinejar.blogspot.com. Você não vai se arrepender! Vai se encontrar!


“DEPOIS DA SEPARAÇÃO

Você se separou da namorada, não se mexa, não faça nada no dia seguinte, não converse com ninguém, apague o celular. Se possível, não vá ao serviço, arrume um atestado, não atenda o interfone, não ligue o computador.
Procure o silêncio, o isolamento, o mosteiro de Três Coroas. Não caia na tentação da fofoca, não conte para ninguém o que aconteceu, as coisas podem mudar, tudo é muito recente, calma. Durma. Durma muito. 
Conviver aumenta o risco de ferrar a relação de uma vez por todas. 
Estamos magoados, feridos e loucos para nos vingar.
Somos terroristas explodindo o passado. Temos grandes chances de fazer bobagem. De falar mal dela para os amigos e romper os laços de confiança.
Com cabeça quente, vamos apagar as fotos no orkut e ela se sentirá um lixo.
Com cabeça quente, vamos mudar nosso status no Facebook e ela achará que temos outra.
Com cabeça quente, vamos reunir e entregar as coisas dela numa caixinha como se ela fosse uma leprosa.
Com cabeça quente, mandaremos torpedos e mensagens com as piores ofensas - palavrões que nem o dicionário  do mundo.
Com cabeça quente, daremos finalmente motivos para que ela se separe para sempre.
O amor precisa de dois dias de luto, no mínimo. Demoramos tanto para conquistar alguém, não podemos desistir tão facilmente.”


Eu pergunto: quem não passou, pelo menos uma vez na vida, por essa situação?

Eu já! E mais de uma vez! E foi quase igual. A diferença é que não tinha Orkut, nem Facebook. Mas tinha álbuns de fotos. Ora eu devolvia as fotos, ora as fotos me eram devolvidas.

Lembro-me que teve a vez que ele ficou sem qualquer foto. Com a cabeça quente, devolveu-me todas as que ele tinha, com a justificativa de que “não aguentaria olhá-las e não estarmos juntos mais”. Eu, quando peguei o envelope com as fotos, realmente me senti um lixo. Só que ainda hoje penso se ele não se arrependeu, uma vez que no encontro com a minha mãe, muito tempo depois, ele tenha falado que jamais iria me esquecer. Ou seja, a ausência das fotos não foi suficiente para me esquecer. E hoje quando as revejo, lembro-me de Vinícius de Moraes: “Eu possa me dizer do amor que tive.... Que não seja imortal posto que é chama... Mas que seja infinito enquanto dure.” 

E quanto a ficar calada e não contar para os amigos? Vamos combinar: a gente não aguenta! A gente quer encontrar eco nas nossas “verdades”. E amigo fica mesmo do lado da gente. Logo, como não contar? É difícil sofrer sozinha.

Mas uma coisa é certa: é infalível hibernar.

Dois dias depois, a gente é outra pessoa: mais lúcida, mais receptiva, mais generosa, mais consciente. Pra terminar de vez, ou pra voltar. Ah! Como é bom voltar. Brigas intempestivas são sinal de que ainda não acabou. Ainda tem a “Parte 2” ou “O Retorno”. Ainda bem. “Demoramos tanto para conquistar alguém, não podemos desistir tão facilmente.”