segunda-feira, 31 de outubro de 2011

DELICADEZA

A delicadeza dos hibiscos brancos - Rua Prof. João Cândido - Londrina - PR

Ao contrário da maioria das pessoas, adoro dentista.  Acredito que boa parte não goste por causa do motorzinho.  Também pudera,  com toda a tecnologia hoje existente, chega a ser engraçado ainda o motorzinho não ter sido substituído por algo menos rudimentar.

Fiquei pensando o porquê do meu prazer  em ir ao dentista, apesar do motorzinho. Cheguei à conclusão de que primeiro porque gosto de ter os dentes saudáveis. E segundo, porque minhas lembranças de dentista são muito boas. 

Desde pequena tive a sorte de ser bem tratada nos consultórios. Não que os consultórios fossem os melhores, mas a forma, a atenção com que fui tratada, na maioria absoluta das vezes, me tiraram o medo. 

Quando era criança tive um dentista do qual eu saía do seu consultório com bichinhos moldados em gesso, para pintar em casa. Não foram tempos fáceis, porque tive problemas em um dos dentes  e sabia que tinha que esperar até completar 11 anos para resolver de vez.  E quando cheguei aos 11, minha mãe peregrinou de dentista em dentista para ouvir o que poderia fazer de melhor no meu caso, e optou por uma técnica recente, que apenas um dentista indicou e foi descartada pelos demais.  Acredito que pela maneira segura e delicada com que  o dentista explicou a nova técnica, fez com que minha mãe  apostasse nele. E deu muito certo!

Neste momento estou no término de um tratamento dentário, e mal o dentista sabe que já estou com saudades dele. Pelo profissionalismo, mas sobretudo pela delicadeza com que trata seus clientes, onde me incluo.

Quando comecei a aprender a dirigir, em uma autoescola de Curitiba, a instrutora era mal humorada,  grosseira e dava muitas broncas. No começo eu dizia que não me importava se ela estava de mal com a vida, porque eu queria era tão somente aprender a dirigir. Mas eu estava errada nessa minha afirmação.

Nessa mesma época, uma colega de trabalho estava tendo aula com outro instrutor independente, um gaúcho bem humorado, e quando eu e ela trocávamos experiências sobre nossas aulas, comecei a ver que eu não estava evoluindo com a minha instrutora. 

Então, desisti das aulas da mal humorada e contratei as aulas do instrutor. Ele também me dava broncas, mas a maneira como as dava, é que fazia toda a diferença. Com um sorriso no rosto ele dizia: “Que feio, eu sei que você pode fazer muito melhor do que isso! Vamos lá!” E eu ia, e dava certo. E ele me dizia: “Eu não lhe disse?” 

Resumo da ópera: aprendi a dirigir e no centro de Curitiba, na muvuca, onde muita gente que já dirigia não tinha coragem de ir.

Onde eu quero  chegar com esses exemplos:  na importância de tratar bem, de ser delicado, de ser gentil, em qualquer situação. Numa loja, no consultório médico, no dentista, no trânsito, no trabalho, nos nossos relacionamentos. Gentileza gera gentileza. Delicadeza gera afeição e bem-conviver.

Há claro, pessoas que são delicadas por interesse, somente na  aparência. Por exemplo: tratam bem as pessoas do seu convívio comercial, mas dentro de casa são tiranos. Daí não vale. 

Delicados são os que são benevolentes para com o próximo, independente qual próximo seja. Que  têm sempre a mesma conduta no tratar o outro. O outro que está na família, que está no trabalho, na escola, na comunidade em que vive, seja ela real ou virtual. 

Já não é muito tranquila a relação com o outro, pelas intempéries e pelas paixões que norteiam as nossas vidas. Sem delicadeza, então!

domingo, 30 de outubro de 2011

ESPELHO, ESPELHO MEU

Fonte: imagem pública do picasaweb.google.com/dij.ceeak/

Acredito que lidamos muito mal com nossos defeitos.

Desejamos que nossas qualidades sejam reveladas no trabalho, na escola, no amor, nas amizades, mas não suportamos o apontamento dos nossos defeitos.

Até confundimos defeito com qualidade, tal a dificuldade em significá-los. Quer ver um exemplo? Quando um entrevistador em uma empresa nos pergunta “Na sua opinião, qual o seu maior defeito?”. A resposta, na maioria das vezes, é “Sou perfeccionista.” Como o ser perfeccionista fosse um defeito e não tivesse qualidade alguma. Será que responderíamos, por exemplo: não gosto de ser criticado, não gosto de ser contrariado ou não gosto de ter chefe?

Escondemos nossos defeitos, como se eles fossem nos segregar na sociedade, nos afastar do outro. Pode até ser em algumas situações. Porém, note que quando abrimos nosso coração contando nossas mazelas, nossas dificuldades e nossas imperfeições, na maioria das vezes ocorre justamente o contrário: aproximamo-nos do outro. E mais importante ainda: aproximamo-nos de nós mesmos, nos aceitamos mais. 

A gente demora uma vida pra confessar nossas fraquezas.  À medida que os anos passam isso vai ficando claro! Que bom se pensássemos sobre isso quando estamos formando família, quando os filhos estão chegando, quando estão crescendo. Passaríamos a eles a idéia de que somos falíveis, e quem sabe poderíamos até rir dos nossos próprios defeitos e aceitarmos melhor os dos outros.

Uma das grandes “sacadas” da psicanálise é a busca do descobrimento de si próprio, o que inclui lidar com os nossos defeitos, com a nossa incompletude na vida, falar dos nossos “furos”, para tentar melhorar a vida com o outro, e sobretudo nos aceitarmos. 

Mesmo Jesus Cristo já dizia: “Conhece-te a ti mesmo”. Seguramente Ele nos convidava a enfrentarmos nossas imperfeições, para conseguirmos ser  indulgentes para com o próximo e para nos reformarmos, nos reinventarmos, na nossa própria evolução.

Ando pensando sobre esse assunto, porque me encontro enamorada de vários afazeres materiais, sentimentais e espirituais e tenho tentado cuidar para que, o que de defeito aparecer, eu possa ser crítica o suficiente para saber separar o que não atrapalhará em nada (e até acrescentará), o que não me levará a lugar algum, e o que eu possa ter a ternura de apenas vê-lo como risível.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

AOS MEUS CARÍSSIMOS AMIGOS

Galho de Cerejeira - Apucarana-PR

Ontem postei sobre a amizade, e hoje praticamente encerro a semana com o reencontro de uma grande amiga de Apucarana.

Hoje à tarde ela me ligou, dizendo que vinha para cá e me convidava para nos encontrarmos no shopping Catuaí para colocarmos nossos assuntos em dia.

Voltei agora há pouco e com o coração muito feliz!

Chego em casa e tem um e-mail de outra amiga, "reclamando" que esta semana não fui ao seu restaurante, que estava com saudades. Segunda-feira nos veremos, prometo!

A todos os meus amigos, dedico o poema abaixo, de Machado de Assis, e agradeço a Deus por tê-los colocado em meu caminho, e por meio deles eu poder me reconhecer.

"
 BONS AMIGOS

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!
   "

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

QUEM TEM AMIGOS NÃO ESTÁ SÓ

Colégio de Cambira - hoje Prefeitura

Segundo o Aurélio, amigo é :

"s.m. Pessoa a quem se está ligado por uma afeição recíproca."

Quando eu era criança e estava no ginasial (acho que agora corresponde ao fundamental), usava uniforme. Blusa branca, saia azul marinho pregueada, meias ¾ brancas e sapato preto. 

Morava em uma pequena cidade de clima quente, Cambira, ao lado de Apucarana, e quando esfriava, eu colocava uma blusa de manga comprida, de finas listras coloridas, que jamais vou esquecer, porque hoje ainda acho que dava um efeito muito bonito ao conjunto.  Não precisava muito mais do que isso no inverno. Aí a escola adotou a calça comprida também. Minha mãe, que costurava, fez a calça e guardou o resto do tecido para fazer outra saia, de backup

No primeiro dia que usei a calça, resolvi, na saída do colégio, não sair pelo lado habitual, como os demais alunos. Resolvi descer um morrinho de terra; o colégio ficava em um nível mais alto que a rua. 

E desci, só que levei o maior tombo, o que me custaram: um mico enorme perante um paquera que eu tinha no colégio (ele viu o meu tombo), um furo na calça, na altura do joelho, e ainda ter que me haver em como contar para a minha mãe. Lembro-me que eu tinha uma amiga chamada Dayse, que oxigenava os cabelos, e ela me acompanhou na difícil tarefa de ter que encarar a minha mãe. 

Bom... não lembro muito bem da cena da bronca. Acho que não foi tão grande, porque depois o tecido que seria da saia de backup virou uma perna de calça. Mas o mais importante: eu tinha do meu lado uma amiga que me ajudou a enfrentar a situação.

Um ano mais tarde nos mudamos para outra cidade, por força da profissão do meu pai. A maior perda que eu tive foi o afastamento dos meus amigos. Quando chegamos na outra cidade, eu e minha irmã, chorávamos de saudades das amizades. Mas fazer o que? Não tínhamos idade para fazermos escolhas por nós mesmas. 

Anos antes de morarmos em Cambira, moramos em outra  cidade menor ainda, que nem adianta falar o nome porque ninguém conhece (hehe). Em uma festa junina do colégio, eu fui escolhida para ser a noiva. E a minha melhor amiga, Cleonice, era a madrinha. O noivo era um menino que na hora chorou de vergonha,  e foi substituído por outro, que assumiu o “compromisso” numa boa. O noivo havia me abandonado (hehe), mas a minha amiga não. Meu pai tirou um monte de fotos, todas em preto e branco, onde estávamos nós duas, na frente de casa, no altar, na rua, na roda de dança, enfim, em quase todas as fotos. “Séculos” mais tarde, voltei a essa cidade, e tive oportunidade de encontrar o pai da minha amiga, que se lembrou de mim, e achou até que “não mudei nada”. Amigos são generosos.  Não consegui encontrá-la, mas fiquei sabendo que ela ainda mora na cidade e trabalha no mesmo colégio. Acho que um dia ainda nos veremos novamente.

Ontem, depois de um longo e tenebroso inverno, voltei para a aula de dança. O que foi o mais bacana da minha volta: reencontrar  com duas amigas. Não que estávamos longe umas das outras, pois dias atrás fui no níver de uma delas. Mas é que como as turmas têm rotatividade, eu teria que me enturmar novamente, e foi muito bom não estar sozinha. Quando cheguei na sala foi recíproca a felicidade de encontrá-las e nos dissemos isso.

Já assumimos compromisso para hoje: vamos ao bailinho do Canadá Country Club, para jantar e para dançar. E para continuar o papo de ontem, que não deu tempo de terminar. E aí vêm outros papos, e outros, e outros, ...

Quando morei em Curitiba, pelo fato da cidade ser grande e ser famosa mesmo pelo distanciamento das pessoas, fiz bem poucos amigos. 

Quando retornei ao norte do Paraná, há alguns anos atrás, fiz um círculo de amizades e até encontrei amigos antigos. Tenho um monte de histórias para contar, mas que serão para outras postagens.

E, hoje é muito claro pra mim que qualidade de vida inclui ter amigos. Aliás, é um pré-requisito enorme, que não pode ser comprado ou adquirido com qualquer metal. A amizade é um bem conquistado pelo coração.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

HERANÇA MALDITA



Mais um ministro deste governo cairá. Em uma questão de horas, o Ministro dos Esportes Orlando Silva pedirá demissão.

A saída dele não basta para acabar com o caso, porque envolve uma quadrilha. Não tem outro nome para dar aos envolvidos: quadrilha. E quadrilha tem que ser desmantelada. Por que só desmanchar quadrilha de bandido comum? Tem que estender pra bandido de colarinho branco também. Afinal, todo o dinheiro que circula nos ministérios, pra pagar toda essa gente, é dinheiro do contribuinte. É dinheiro meu, é dinheiro seu!

Quando o Lula assumiu, há mais de 8 anos atrás, tudo o que dava errado no seu governo era atribuído a uma “herança maldita”. Um aparte apenas: ele nunca admitiu que também tinha uma “herança bendita” -  o plano real e a economia estabelecida. A equipe econômica do FHC deixou um barco arrumado para ele velejar. Houve tempestades, como a de 2008, mas foi um dilúvio internacional, e o Brasil, como está no mundo, não poderia deixar de sofrer também.

Quero ver a Dilma falar que herdou uma herança maldita do governo anterior!  

Sim, porque todos os que caíram e a maior parte dos que ainda estão no governo têm a benção do Lula, são herança do Lula. Mas vou esperar sentada, porque ela não dirá, e por um motivo muito simples: ela fazia parte dessa herança maldita. Impossível ela não saber que a companheirada era dada a viver de propina, de corrupção, do toma-lá-dá-cá! Que só poderia dar em escândalo mesmo, se alguém descobrisse. E graças a Deus existem a VejaO Estado de São Paulo. Os únicos veículos de comunicação que escancaram a corrupção bem instalada neste país. O restante da mídia acaba pegando carona nas bombas reveladas,  porque perderiam audiência se não relatassem nada. E o governo ainda, vira e mexe, inventa de querer arrumar um jeito de trazer a censura de volta e regular a imprensa. Imagina se isso vier a acontecer!

Só que enquanto o governo está paralisado, lidando com a roupa suja que insiste em tentar lavar e ver se ainda dá para usar, a inflação já está morando com a gente, dentro de casa. 

O Enem, então, de novo envolvido em escândalos de vazamento de questões, seja pelo celular, seja pelas redes sociais,  pela incompetência do Ministério da Educação na realização das provas. E um monte de dinheiro indo pelo ralo. E dinheiro nosso!  É outra herança maldita do governo anterior.

Fico pensando como esse governo ainda tem um índice de aprovação enorme: mais de 50%. Devemos merecer não é mesmo? 

Bom, eu posso falar por mim: eu não mereço!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

REFORMA ÍNTIMA


Tangerinas da chácara da minha amiga Celina

Acredito que aprendi muitas lições nos meus bons anos de viver nesta encarnação. E acho que de outras encarnações que estão gravadas no meu espírito. Algumas delas, confesso, aprendi mas ainda não consegui colocar em prática. Tenho tentado, porém.

Aprendi que quando estamos no meio de um turbilhão, não conseguimos enxergar que, sem dúvida alguma, o problema vai acabar. Dando certo ou dando errado, vai ter um final. Só que até lá a gente se desespera, briga com meio mundo, reclama que Deus se esqueceu da gente e perde a cabeça.

Quando estamos doentes damos a devida importância a quando estávamos bem, com saúde. E devíamos ter valorizado e feito de tudo para manter o corpo são, para não ter chegado  ao estado de doente.

Nós fazemos preces para pedir. Bem pouca para agradecer. Só agradecemos quando o que pedimos deu certo. Raras vezes agradecemos por ter dado errado. E deveríamos agradecer, uma vez que Deus não descuida da gente. E, se pedimos com fé e não fomos atendidos, é porque estava nos nossos desígnios passar por aquilo. E nós sequer agradecemos a Deus por ter cuidado disso também.

Só rogamos a Deus preces para nós, e poucas para os outros. Pior ainda se for para um desafeto. Aí que não pedimos nada mesmo. E o certo seria pedirmos a Deus por ele, sim. Para que o nosso desafeto tenha olhos mais piedosos para conosco. Com certeza sairíamos igualmente ganhando.

Nosso anjo da guarda é o carinha mais esquecido do mundo. E ele deveria ser “O Cara”. Só lembramos dele quando estamos em apuros. Por isso, quando reclamamos que o nosso anjo da guarda tem nos abandonado, é por culpa nossa mesmo. Não que ele nos abandone, mas esquecemos que o nosso anjo respeita nosso livre-arbítrio. Se lembramos dele só nas horas ruins, por que ele quererá ficar conosco full-time?

Pouco lembramos de falar ao outro o quanto gostamos dele, o quanto o amamos ou o quanto o estimamos. Acabamos falando em despedidas, e geralmente na hora da morte. E aí muitas vezes nem falamos a ele, e sim aos próximos dele.

Não somos fiéis conosco mesmo. Boicotamos nossas dietas alimentares, por exemplo. É evidente que hoje estamos mais “cheinhos” do que antigamente e precisamos urgentemente readequar nossos hábitos alimentares e fazer exercício físico. Cuidar do corpo que dá morada ao nosso espírito. Nunca dá tempo! Temos tempo para internet, mas não temos tempo para caminhar.

Não somos leais aos nossos amigos. Amigo fica do seu lado, mesmo  quando só você está certo e a torcida do Flamengo está errada. Mas para agradar a torcida do Flamengo e ficar bem com a maioria, você acaba traindo o seu amigo. Ou se omitindo, o que dá no mesmo.

Não sabemos perdoar. Dizemos “me desculpe” ou “lhe perdôo” com a maior facilidade, mas no fundo, guardamos rancores. Quando enxergamos de longe quem nos “machucou”, desviamos do caminho dele. Se fosse um perdão verdadeiro, passaríamos pela pessoa e a veríamos como um espírito em evolução, com seus defeitos e qualidades. Mas em evolução. E que talvez a encontraremos mais tarde, em alguma outra vida, muito melhor que nós mesmos.

Queremos regrar a vida do próximo, mas não cumprimos regras básicas de convivência, seja na cidade, no bairro, no condomínio ou dentro de casa. “Só por hoje não vou cumprir o que está prescrito.”  E o “só por hoje” acontece várias vezes.

Hoje, um vizinho falece e sequer o síndico comunica o ocorrido aos demais moradores do condomínio. Quantas preces poderiam ter ajudado no retorno desse espírito no mundo espiritual! Quantos moradores gostariam de ter visto pela última vez o seu vizinho! Fico pensando se aceitamos o ocorrido com banalidade, imagine com o resto dos assuntos do condomínio!

Não adianta querer resolver um problema com a cabeça quente. Não adianta tentar discutir a relação quando as mágoas com o outro estão transbordando. As coisas têm que ser ditas e resolvidas no momento em que acontecem. Guardar, guardar, guardar, e não arrumar, é como um guarda-roupa. Uma hora você abre a porta e as roupas caem todas em cima de você, amarrotadas, bagunçadas, e até mofadas. Relacionamentos também são assim.

Não tenha certeza que o outro pensa da maneira que você acha que ele pensa. É comum ficarmos imaginando que fulano ainda gosta da gente, mesmo com todas as atitudes dele mostrando que não. Assim como é comum ficarmos imaginando que fulano não gosta da gente,  só porque não demonstra exatamente como a gente acha que deva demonstrar. Saber como o outro pensa, lá no seu íntimo, é trabalho para psicólogo, e depois de longo tempo de terapia. E olha lá: se o sujeito não se abre.....

Se desabafar com alguém que está a quilômetros de distância de você já é difícil, por não poder olhar nos olhos, também não é garantia nenhuma ter alguém ao seu lado que vá lhe ouvir. Hoje em dia, quem cruzar o seu caminho e se dispuser a  lhe ouvir já é uma dádiva de Deus.  Quase ninguém tem tempo pra nada. Ooops... tem sim: tempo para Facebook, Orkut, e Twitter. Não sou contra as redes sociais, pois elas propiciam encontros (e até desencontros). Mas, é mais fácil postar no Face do que sentar ao lado da pessoa, ou pegar um telefone, e se entregar em ouvir, em falar. Acredito que nada substitui a entoação de uma voz, ou um olhar, pois ambos transmitem sentimento.

Quantas vezes maldizemos nossos pais, reclamamos de um ou de outro, só porque pensam diferente de nós. Não temos que pensar como eles, mas temos que respeitar que não conseguiremos mudá-los. Ademais, são espíritos com suas evoluções individuais, que nesta esfera cederam seus corpos e lares para que pudéssemos continuar a nossa evolução. 

É difícil ser cristão! Jesus Cristo já nos mostrou isso quando disse “não vim para trazer a paz, mas a espada” (Mateus, Cap. X, v. 34-36 e Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIII, Estranha Moral). Foi para mostrar que quando queremos seguir o caminho que Ele nos ensinou, vamos nos deparar com fatos, acontecimentos, que vão nos colocar frente a frente com as pessoas que pensam diferente de nós. Que vamos ter que degladiar conosco mesmos, com nossas atitudes equivocadas, com nossas mazelas. E tudo isso requer luta constante, vigília diária. Não é fácil, porém temos o caminho. Tudo que Ele pregou dá trabalho, mas tem um retorno maravilhoso. Acho que vamos precisar de muitas encarnações para fazer uma reforma íntima completa, para nos depurarmos. Se pudermos começar agora, nem que seja no restante do que supomos que vamos viver, já vai valer a pena.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

MEU AMADO POETA CONTEMPORÂNEO

Fabrício Carpinejar, no evento "Autores e Idéias", Sesc Londrina, agosto/2010

Amo  o escritor e poeta Fabrício Carpinejar.

Identifico-me com o que ele escreve, com o que ele fala.

Identifico-me com o sentimento que ele tem das coisas do dia-a-dia, principalmente dos detalhes delas. 

E tive oportunidade de dizer isso a ele, e com essas mesmas palavras. Ganhei um abraço muito cheiroso e muito gostoso, porque o Fabrício é isso mesmo. Naquele momento, se ele tivesse me convidado para eu ir embora com ele, eu diria “- Sim!” e nem olharia pra trás (hehe).  Foi num encontro do Sesc, da série Autores & Idéias, em agosto de 2010, onde aproveitei para pedir  um autógrafo no seu livro de crônicas - Canalha! , que havia lido meses antes. Ele como sempre, irreverente, com seus óculos vermelhos.

O Fabrício é o feio mais lindo que eu conheço. Concordo com quase tudo o que ele pensa, o que ele fala, e adoro o “como” ele fala: direto, sem culpa de parecer louco (porque por vezes, parece que é mesmo). Os loucos têm sempre algo a dizer, porque não têm medo de dizer.

O Fabrício Carpinejar fala muito de relacionamentos. Ele os vive por inteiro, até chega a ser visceral quando fala deles. Seja nos amorosos - adoro como ele trata do amor, seja nos relacionamentos familiares - é claro e crítico quando fala da própria família. Ele não tem medo de se expor, e na sua exposição, o faz pela gente, na medida que a gente concorda com o que ele fala. Ele nos obriga a pensar na vida, nos nossos sentimentos. Ler um livro do Carpinejar, é reler várias vezes os parágrafos. As crônicas são poesias completas.

"Seja imprudente porque, quando se anda em linha reta, não há histórias para contar.
........
Não espere as segundas intenções para chegar às primeiras. Não diga “eu sei, eu sei”, quando nem ouviu direito.
Almoce sozinha para sentir saudades do que não foi servido em sua vida.
Ligue sem motivo para o amigo, leia o livro sem procurar coerência, ame sem pedir contrato, esqueça de ser o que os outros esperam para ser os outros em você.
...........
Alterne a respiração com um beijo.
.............
Solte palavrão para valorizar depois cada palavra de afeto.
...........
Cometa bogagens. Ninguém lembra do que foi normal.
Que as suas lembranças não sejam o que ficou por dizer. É preferível a coragem da mentira à covardia da verdade.”
(Trecho da crônica Imprevisível, do livro O Amor Esquece de Começar)

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Tempo é ternura.
Perder tempo é a maior demonstração de afeto. A maior gentileza. Sair daquele aproveitamento máximo de tarefas. Ler um livro para o filho pequeno dormir. Arrumar as gavetas da escrivaninha de sua mulher quando poderia estar fazendo suas coisas. Consertar os aparelhos da cozinha, trocar as pilhas do controle remoto. Preparar um assado de 40 minutos. Usar pratos desnecessários, não economizar esforço, não simplificar, não poupar trabalho, desperdiçar simpatia.
(Trecho do post Tempo é Ternura, de 21.06.11 do blog do Carpinejar)


Leio direto o blog do Fabrício, http://carpinejar.blogspot.com/.

Além dos posts (quase diários), ele publica os vídeos dos lugares onde ele foi entrevistado, ou onde autografou seus livros, ou de um evento onde participou. E esses vídeos são maravilhosos, porque ele fala de assuntos profundos com um senso de humor incrível. Ele põe humor na alegria e na tristeza. Os poetas são assim, não é mesmo?

O Jô Soares já o entrevistou várias vezes, e não se cansa de dizer o quanto gosta do que ele escreve e de entrevistá-lo. É que são sempre muito engraçadas e profundas as entrevistas.

Ontem à noite fui dormir tarde, por conta da saudade que estava do Fabrício. De vê-lo! Assisti na internet duas participações suas – uma no programa Sem Censura, da Leda Nagle, e outro no programa Sempre um Papo (este foi a segunda vez que assisti).

No Sem Censura, de maio de 2011, o Fabrício deixou a Leda Nagle, por vezes, pensativa a ponto de apontar a qualidade do Carpinejar em observar os detalhes do cotidiano, tal a maneira direta com que ele expôs suas idéias. Não podia ser diferente! Principalmente quando ele disse do nosso “complexo de Poliana”. Da “falsa alegria”. A alegria comparada ao outro.

“A gente tem que encontrar a delicadeza e a satisfação das pequenas coisas. Mesmo que seja uma alegria modesta, mas que seja nossa, que tenha partido da gente, não em comparação ao outro.”

Coloco o vídeo da primeira parte da participação do Fabrício, onde está a fala acima. A segunda parte, é só entrar no seu blog, não só pelo vídeo, mas também por todo o conteúdo do blog.



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

QUEM DANÇA SEUS MALES ESPANTA

Se tudo der certo, na segunda-feira volto pra aula de dança de salão.

Dançar é uma das melhores atividades que existem: mexe com o corpo todo e com a cabeça.

A dança é uma entrega. No caso da mulher, nessa hora ela se entrega à condução do homem.

Puxa vida! Como é bom saber que em algum lugar, em alguma situação, não são as mulheres que conduzem (hehe).  Aliás, a dança de salão diferencia e marca muito bem a figura feminina da figura masculina. E é engraçado que é tão forte esse gostar que o homem me conduza, que já aconteceu do meu parceiro ficar na dúvida e me perguntar sobre o passo dele, e eu realmente não saber.  Adoro esperar pela sua iniciativa, e é claro, exercitar os jogos de braços, de quadris, e de posturas, que nós mulheres temos de monte para utilizar.

A dança nos leva a outro mundo. Esquecemos de tudo e nos deixamos levar pelo ritmo.

A dança de salão pressupõe estar disposta a tocar o parceiro, ficar colado ao corpo dele, trocar energia, é uma entrega mesmo. Não vejo outra palavra, que não a entrega.  E, se o parceiro for o nosso amado, então, aí que tudo muda de cor. Nada tem mais importância do que aquele momento, aquele clima envolvendo a gente.

Dançar é se soltar e não ter vergonha de ninguém. Na dança você se expõe, se mostra, se exibe (no bom sentido). É a hora em que a gente tem todo o direito de “soltar a franga” e não ser brega ou censurada. É um ótimo exercício para a timidez.

Dançar é afrodisíaco. Não há casal que depois de uma dança bem coladinha não faça as pazes, não esqueça as broncas. E mais: dançar pode ser o início de uma noite muito romântica. Quer ver uma combinação fantástica? Um jantar e uma dança bem coladinha. Nem precisa dizer no que vai dar! Se não der nada, troque de companheiro!

De certa forma, sempre haverá lugar para a gente chacoalhar o esqueleto. Dentro de casa basta ligar um player e sair dançando. E o bom é que a gente pode fazer isso sozinha até. Na rua, pode ver, quando você ouve uma música dançante, por exemplo um samba, não tem como ficar estátua. Uma mexidinha no corpo você vai dar. Ah! Vai!

Quem dança concede, a si próprio, o direito de ser feliz.

Coloco do lado direito do blog, um vídeo da cena memorável de Al Pacino, interpretando um personagem cego, no filme Perfume de Mulher. **

(**)  Ao terminar de ver o vídeo, clique em "acabei de assistir", para a página voltar ao normal.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

VIAJAR É PRECISO

Museu Pe. Carlos Weiss - Londrina - PR
É muito cansativa a viagem de ônibus Londrina – Curitiba e vice-versa. No mínimo 6 horas!

Aliás, em minha opinião uma viagem que dura mais que 2 horas já é cansativa.

Dá tempo de tudo: de conversar, de dormir, de pensar na vida, então!  

Dá tempo de perdoar alguém que está no destino ou na origem da viagem, uma vez que não é possível que uma raiva dure tanto tempo assim.

Dá tempo de ouvir muitas vezes a mesma música no player, até enjoar.  Tem música que quero ouvi-la nesta mesma data, no ano que vem!

Dá tempo de pensar em muitas soluções para um problema, ou chegar à conclusão de que solucionado está, uma vez que não tem mais remédio.

Geralmente fico “preocupada” em relação a quem será meu companheiro(a) de viagem. É que se fosse uma viagem de avião, meia hora de vôo não faria tanta diferença. Mas 6 horas! Desta vez nem vi o tempo passar. O ocupante do banco do lado estava com um notebook e assistiu 2 filmes. Não precisa dizer que assisti também. E adorei os filmes.

Viajar tantas horas também é um exercício (de terapia) para suplantar a ansiedade. Fico imaginando uma pessoa ansiosa, sentada em um banco por 6 horas. Se for fumante, então, deve ser o inferno (ou o umbral) em terra.

Antigamente conseguia ler no ônibus. Hoje sinto-me um pouco enjoada. No máximo aproveito para fazer anotações no meu caderno de bolsa, de coisas que quero lembrar depois: um livro para comprar, um compromisso que quero cumprir, uma despesa que depois passo para minha planilha.

Outra coisa que adoro fazer, como forma de passar o tempo é prestar atenção à paisagem e principalmente às casas no meio do caminho. Fico imaginando como deve ser o dia-a-dia de uma mulher que vive em uma casa do lado do asfalto, longe da cidade, longe de vizinhos. Fico imaginando o que faz das horas do dia. Não dá pra falar que hoje como tem internet e TV a cabo, essa mulher estaria full-time conectada ao mundo. Boa parte dessas casas, mal tem uma televisão. Logo, imagino que essas famílias de beira de estrada, tirando os problemas que elas sem dúvida devem ter, devem ser menos estressadas.  Penso que elas são  exemplo e um  exercício pra deixar um pouco mais simples a vida da gente.

A hora boa é a da chegada. Seja no destino, seja de volta. Como disse ontem, é muito bom partir, mas é muito bom chegar.

Hoje contei para uma amiga que fui muito bem de viagem, mas que estava cansada. De certa forma, quando fui dormir, ainda estava dentro do ônibus. O corpo da gente se acostuma com o movimento, e a viagem continua (hehe).

Da próxima talvez eu vá de avião. Daí vai ser outra história: sair mais cedo de casa, chegar uma hora antes no aeroporto, rezar para ter teto para pousar ou para levantar vôo. Sem dúvida alguma a viagem de meia hora custará pelo menos 2 horas.

Ah! Mas não tem problema: adoro poder fazer malas, poder matar a saudade da minha família, pra depois morrer de saudade de casa.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

TÔ VOLTANDO


É muito bom partir, mas é melhor ainda voltar pra casa.

Hoje volto para o sol, depois de dias de tempo cinza, frio e um sol tímido e triste em Curitiba.

Quem gosta do calor e do sol, como eu, vai murchando a cada dia que passa numa cidade cinza, como Curitiba.

Cidade de ótimos restaurantes, de ruas limpas, de transporte coletivo eficiente, mas de frio e cinza ímpares.

Olhei no site do Simepar e vi que a temperatura em Londrina chegará a 28 graus. E ainda com horário de verão, de certo pegarei um restinho de sol. Oba!

Dá para entender o porquê do curitibano ter a fama de ser fechado. As estações passam, e eles continuam no inverno. Neste momento estamos com 15 graus, mas com sensação térmica muito menor, a ponto de ter que usar casaco de lã.

Estou ansiosa para ver como ficou Londrina depois do final de semana de muita chuva.

Aqui em Curitiba, com quem eu encontrava, sabia da situação de emergência decretada na cidade. A dureza é que é  um problema a mais a enfrentar, frente a inúmeros outros de igual importância, como a precariedade da Saúde, as denúncias de irregularidades na companhia de urbanismo, ou a dança das cadeiras dos secretariados, frente a sinais de corrupção.

Malas prontas, estou voltando minha amada  e ensolarada Londrina!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

OBRIGADA POR ME OUVIR




Uma das máximas do Espiritismo é a de que "Fora da caridade não há salvação."

Muitas vezes lembramos de caridade como se ela fosse apenas doar dinheiro, objetos, roupas, móveis, cestas básicas ou distribuir sopa. Essas são as formas mais fáceis de fazer um trabalho caridoso.

Difícil mesmo é fazer a caridade, por exemplo, de "ouvir alguém". Se for ver bem, seria a forma mais fácil e barata de se fazer caridade. Mas é a forma mais difícil, porque envolve sentimento e doação, não só de tempo, mas de si próprio. É estar disposto a se entregar fraternalmente. É estar disposto a ser indulgente. É deixar de lado o nosso tempo, muitas  vezes até parar tudo que estamos fazendo, para se envolver com a questão do outro. Às vezes, a gente não tem isso nem dentro da nossa família. Aliás, esse é outro ponto envolvendo caridade: ela deve começar dentro de casa. A gente tem condições de ajudar o outro quando nos dispomos a acudir a nós mesmos e a quem está mais próximo da gente.

Lembrei-me em escrever sobre a caridade de ouvir o outro, porque por vezes o que me aliviou em um momento difícil foi poder ligar para alguém e desabafar.

Há pessoas que têm muita dificuldade em falar de si. Se você é uma delas, acredite: desabafar ajuda até a quem escuta. Pode reparar que quando alguém desabafa conosco, as nossas dúvidas, as nossas angústias, os nossos problemas ficam menores, ou até os solucionamos, ouvindo a experiência do outro.

Gosto muito de uma estória que li, acho que numa apresentação de PowerPoint, que dizia mais ou menos assim: se pudéssemos colocar os nossos problemas lado a lado com os problemas dos outros, e nos fosse dado o direito de escolher quais problemas realmente quereríamos para nós (dentre os demais das outras pessoas), pegaríamos os nossos próprios.

Deus, na sua infinita bondade, e com o nosso consentimento, nos deu um fardo com o peso exato que poderíamos carregar. Nem mais, nem menos. Deu-nos também o livre-arbítrio para escolhermos o caminho que queremos seguir. Mas se pudermos contar com pessoas que nos ouçam, como a viagem fica muito mais fácil! Da mesma forma, quando nos dispomos a ouvir o outro, o nosso próprio fardo se torna mais leve. Naquele momento deixamos nossas "malas" descansando, para depois pegá-las novamente. E na maioria das vezes, as nossas "malas" se tornam mais leves.

No Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo XIII - Não Saiba a Vossa Mão Esquerda O que Dê a Vossa Mão Direita, Allan Kardec, com a orientação da espiritualidade, trata da Caridade de todas as formas. Transcrevo um pequenino trecho:

"14. Várias maneiras há de fazer-se a caridade, que muitos dentre vós confundem com a esmola. Diferença grande vai, no entanto, de uma para outra. A esmola, meus amigos, é algumas vezes útil, porque dá alívio aos pobres; mas é quase sempre humilhante, tanto para o que dá, como para o que a recebe. A caridade, ao contrário, liga o benfeitor ao beneficiado e se disfarça de tantos modos! Pode-se ser caridoso, mesmo com os parentes e com os amigos, sendo indulgentes para com os outros, perdoando-se mutuamente as fraquezas, cuidando não ferir o amor-próprio de ninguém."


O capítulo todo é muito bonito e esclarecedor.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

BILHETINHO DE AMOR


Ontem, quando terminava de arrumar as malas, resolvi pegar da estante um livro que comprara, mas não havia lido. Para começar a ler em Curitiba.

Dentro do livro havia uma pequena carta, dobrada, em um papel  especial, de um ex-namorado (namorido pelos anos que ficamos juntos), que além de uma declaração de amor, havia na parte superior da carta uma frase, frase esta escrita depois da carta pronta: “Estou com Saudades suas e gostaria que você soubesse...” Foi a primeira coisa que li.

Essa carta ele colocou junto às minhas coisas na mala,  em uma das minhas viagens que fiz a São Paulo, a trabalho. “Quando você encontrar este bilhetinho, acredito que você já esteja em São Paulo”.

Na ocasião, fez toda a diferença ter chegado lá, onde trabalhava muito no desenvolvimento de um sistema, e ter o bilhetinho comigo. Não estava sozinha.  Tinha levado meu amor comigo, não só em pensamento, mas em palavras.

Hoje, sexta-feira, queria falar mesmo um pouquinho sobre o amor.  O bilhete é o meu mote.

Acredito ser possível, mas não com o resultado esperado, fazer as coisas sem amor.  Com amor, a gente faz de tudo para que as coisas evoluam. E  se elas estiverem afundando, a gente faz de tudo para tirar a água do barco.

Quando  a gente está amando uma pessoa, um trabalho, uma idéia ou uma causa, o mundo muda de cor. Começamos a olhar mais atentamente não só para objeto do nosso amor, mas para nós mesmos.

Dizem que o amor é cego, mas eu não acredito. Acredito que ele possa ficar cego em alguns aspectos, quando está na fase apaixonada. Mas, depois, é realista. Sim, faz com que prestemos atenção a nós mesmos e ao objeto amado, com defeitos  e qualidades. Diríamos "Ele não é o homem dos meus sonhos, mas eu o amo." Ou então,  "Ele é o homem dos meus sonhos e eu o amo."  

O amor faz toda a diferença, em tudo.  Pode notar que quem menospreza os outros, quem desdenha, quem discrimina, quem critica por criticar, falta amor na vida dessa pessoa. Amor de qualquer forma.

Por isso, quando a gente está amando alguém, tem que se entregar. Tem que escrever bilhetes românticos, ter que ser careta, tem que ser bobo, tem que ser tudo o que quiser ser. Como diria Vinícius de Moraes: Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém.

Tudo nesta vida tem data e hora de começar e acabar. O que depois restam são as lembranças,  como os bilhetinhos,  e que nos dão ânimo para começar tudo de novo. Nada é em vão em nome do amor e tudo dura o que tem que durar.

 Adorei ter encontrado, de novo , o bilhetinho!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

COINCIDÊNCIAS


Sabe aquelas coincidências que acontecem na vida da gente? Sabe quando você lembra ou fala de alguém que não via há muito tempo e essa pessoa de repente aparece do nada? Quando você ouve ou fala sobre um assunto, e de repente ele reaparece em outra situação?

Na semana passada  o jornalista Everson Passos  no Sala de Música da Rádio CBN (www.cbn.com.br), colocou no ar, dentre outras músicas do Rio Grande do Sul,  a música “Sapatos em Copacabana”, cantada por Vitor Ramil. E explicou que o Vitor é escritor,  compositor e irmão da dupla Keiton e Kledir. Que já fez parte de uma banda com os irmãos, mas depois seguiu carreira solo.  O jornalista classificou o som do sax do início da música como “espetacular”. Também pudera:  tocado pelo Leo Gandelman!
Até aquele momento eu só conhecia Kleiton e Kledir, de show, de curtir a música deles. Então, fui atrás da música citada pelo Everson Passos,  e realmente o som não só do início, mas da música toda, é belíssimo! Coloquei-a no player do lado direito da página. Aumente o volume do som do player, que vale a pena.

Agora a coincidência:  o Vitor Ramil fará uma apresentação, na semana que vem, dia 22 de outubro, no Teatro Ouro Verde, em Londrina, trazido pela construtora Vectra. E somente nesta semana que começou a divulgação do show. Quando ouvi a chamada no rádio, quase nem acreditei. Numa semana tomei contato com a sua música, na outra fico sabendo que vai ter show em Londrina.

Alguns dizem que essas coincidências acontecem porque existe um tal de “inconsciente coletivo”. Que tudo paira no ar. Nós espíritas diríamos: “O acaso não existe.”  Acho que foi uma bela coincidência apenas. Que coincidência boa!

Uma pequena biografia do artista e a agenda do show com custo do ingresso e tudo o mais podem ser acessados em

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

TODOS JUNTOS CONTRA A CORRUPÇÃO


Neste feriado pelo menos 25 cidades do Brasil farão protestos pacíficos contra a corrupção que se instalou em todos os cantos do país. Trata-se do movimento "Todos Juntos Contra a Corrupção." Detalhe: os manifestantes foram arregimentados através das redes sociais e não através de qualquer pelego de  sindicato, nem de ONG sustentada pelo governo. Tempos modernos, tempos de Steve Jobs. Graças a Deus! 

Aqui no Paraná somente 2 cidades se engajaram no movimento: Curitiba e Campo Mourão. Fiquei surpresa quanto a Campo Mourão. É vergonhoso não ver Londrina na lista, como se a cidade não tivesse do que reclamar.

Londrina  teria razões de sobra para protestar. É impressionante como todo dia tem um escândalo na prefeitura ou nos órgãos a ela ligados, todo dia tem depoimento em CPI ou no MP ou na Câmara, todo dia tem secretário caindo,  e ainda tem secretário se sustentando só pela vontade do prefeito.

É problema na Saúde, na CMTU, na Educação, na Guarda Municipal (que agora foi arquivado o inquérito, com um monte de perguntas sem respostas), na Secretaria do Meio-Ambiente, e por aí vai nas secretarias onde o Ministério Público resolve dar uma olhadinha.

Eu cá, todos os dias, me pergunto:  para onde vai o dinheiro do nosso IPTU?

Ah! Já sei: nas inúmeras “obras” que a prefeitura tem feito. Exemplos: as Academias Ao Ar Livre (AAL), o Bosque dos Tucanos, a retirada das árvores do calçadão, nas casas dos conjuntos do programa “Minha Casa, Minha Vida”, no asfaltamento das ruas esburacadas.

É vergonhoso chamar as AALs de obras. Sem comentários.

O Bosque dos Tucanos, tenho certeza que pelo menos 90% da cidade nem sabe onde fica. Mas foi inaugurado este ano, e a foto é a que pode ser vista no começo desta postagem. O bosque fica na Rua Bélgica, e se qualquer um quiser aproveitar o feriado para fazer um passeio, tome cuidado! Vai ter que ir de botas até os joelhos, por causa do mato. E nem espere encontrar tucanos.

A terceira fase do calçadão foi marcada pela retirada de árvores sadias! Aquelas que ficavam na frente do Banco do Brasil. Teve uma vereadora que questionou, foi respondida pela prefeitura, mas a resposta não foi satisfatória, ou seja, não foi convincente.

Os conjuntos na Zona Norte, do programa “ Minha Casa, Minha Vida”, financiados pelo governo, mas inaugurados pelo prefeito, foram criados em local sem nenhuma infra-estrutura de escola, transporte, saúde, nada! Fora que as famílias foram obrigadas a entrar nas casas, algumas sem terminar, faltando inclusive a instalação de janelas. Motivo: iminência de invasão.

Quanto ao buracos das ruas de Londrina, chega ser um caso de calamidade. Mas, calma, serão remendadas 25% das ruas da cidade.  E espero que não seja com a qualidade que remendaram o autódromo de Londrina, que o mundo inteiro ficou sabendo que desmanchou no treino da Stock Car, dias atrás.

É... Londrina não tem do que reclamar!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

TODO DIA É DIA DE MÚSICA


Fui criada ouvindo música; ouvindo rádio principalmente.

Minha avó Malvina ouvia, o dia todo, a rádio Atalaia. Nitidamente ainda “ouço” o jingle da rádio: A-ta-la-ia!!!

Meu pai sempre adorou rádio. Já tivemos dos mais variados modelos.

Quando fiz 10 anos de idade meu pai me presenteou com um pequenino rádio, alaranjado, que hoje faz parte da decoração da  minha casa. Anos mais tarde, meu pai me presenteou com um gravador de fita cassete, marca Evadin, e que também faz parte da minha decoração. Gravei inúmeras fitas, colocando o microfone do gravador ao lado do rádio. Era assim.

Quando mocinha, eu e minha irmã compramos de sociedade um aparelho chamado “três-em-um”, numa loja da Sharp, no Comtour, aqui em Londrina. Não temos mais o aparelho, mas ainda tenho os discos LPs, que também fazem parte da minha decoração.

Você vai dizer: a casa dela deve ter só coisa antiga! Mas, não!

É que esses objetos me marcaram para sempre, porque trouxeram a música definitivamente para a minha vida. Inclusive já avisei minha família qual a música que eu quero que toque quando eu morrer. Quero chegar do outro lado ao som do meu som.

Todas as vezes que vou visitar minha família, levo um CD com músicas para minha irmã, ou para o meu pai, e ainda abasteço de músicas o meu aparelhinho de MP3 para ouvir no caminho ou para minha irmã copiar.

A música é tão forte na minha vida que há músicas que choro de alegria ao ouvi-las,  há músicas que não gosto de ouvir por me lembrarem de tempos difíceis, há músicas que me fazem andar compassada nas minhas caminhadas matinais, e há músicas que gosto de ouvir porque associei a alguém.

Pode reparar que quando a gente ouve uma música que lembra um grande amor, a gente se transporta! É como se essa música tivesse “grudado” nessa pessoa, de tal forma que não adiantaria a gente querer atribuir essa música a outra pessoa. Eu, pelo menos, gosto muito de ouvir as músicas que marcaram os meus amores, ou os momentos em que eu estava apaixonada. Até hoje é assim: atribuo uma ou mais músicas à minha paixão do momento.

E neste momento, estou curtindo muito o som do Seu Jorge, do Paulinho Moska, e voltei a ouvir Gonzaguinha, por me trazer lembranças muito boas e porque as músicas dele, a maioria, são belíssimas e eternas. Vide a música “Recado” que está na trilha sonora de Fina Estampa, e que coloco no player do lado direito do blog, para curtirmos juntos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

AMAI OS VOSSOS INIMIGOS


Um dos capítulos que gosto muito do Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, é o Capítulo XII – “Amai os Vossos Inimigos.”

Se formos levar  ao pé da letra o que Jesus quis dizer com esse mandamento, teremos a impressão de que forçosamente devemos  dispensar ao nossos desafetos o mesmo sentimento de amor que dispensamos aos nossos amigos. Logo, de certa forma teríamos que usar de falsidade para amar os inimigos! E falsidade não combina com os ensinamentos que Jesus nos deixou.

Em um trecho do capítulo acima, Kardec, orientado pela espiritualidade, faz a distinção clara dos sentimentos que possuímos em relação aos nossos amigos e nossos inimigos, e nos orienta em relação ao mandamento de Jesus – Amai os vossos inimigos. Vamos lá:

          “3. Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho.
         Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, nesse passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas idéias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo.
        A diversidade na maneira de sentir, nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio. Daí a diferença das sensações que se experimenta à aproximação de um amigo ou de um inimigo. Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deva estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos. Se este preceito parece de difícil prática, impossível mesmo, é apenas por entender-se falsamente que ele manda se dê no coração, assim ao amigo, como ao inimigo, o mesmo lugar. Uma vez que a pobreza da linguagem humana obriga a que nos sirvamos do mesmo termo para exprimir matizes diversos de um sentimento, à razão cabe estabelecer as diferenças, conforme aos casos.
       Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contacto de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contacto de um amigo. Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo à reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar.  Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.”

E por aí vai o capítulo, tratando o tema de forma muito esclarecedora.

Vale a pena continuar a leitura, e para tal sugiro o link:                         http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/es/

       

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

HOJE É SEXTA-FEIRA!


Sempre adorei sextas-feiras. Não tanto pela sexta, mas por ser véspera de sábado. Véspera do dia que a gente escolhe o que quer fazer.  Nem que seja compromisso fixo. Pode ver que o compromisso fixo do sábado geralmente é prazeroso.

Na sexta já se começa a tirar férias das coisas sérias. Apesar de que pra muita gente coisa séria parece ser levada na brincadeira em qualquer dia da semana. Quer ver?

Olha o absurdo do Estatuto da Juventude, que reconhece como jovem uma pessoa de 29 anos de idade, e com um monte de privilégios e direitos que a gente tem que respeitar. Hoje uma criança de 14 anos já tem porte e tem conversa de adulto. Como que um país quer ser levado a sério defendendo 29 anos para um jovem? Tem um monte de “jovem” com essa idade que já ocupa cargo de gerência em muita empresa. Chega a ser uma afronta até para essa pessoa, ser chamada de jovem. Acho que esse Estatuto deve estar beneficiando alguém ou alguns. Não é possível!

Outro absurdo é o governo ter assinado um contrato com a Fifa, permitindo a ela que “passe por cima” do Estatuto do Idoso e das leis estaduais da meia-entrada para estudantes. Os estados terão que chegar ao cúmulo de revogar a lei da meia-entrada só no período da Copa, e depois voltar com ela, se quiserem atender a Fifa. Ou então, manter a lei e subsidiar a outra meia-entrada. Só que peralá: o imposto que eu paguei na gasolina que eu coloquei no carro, por exemplo, vai financiar essa meia-entrada para esse estudante assistir aos jogos. É o fim-da-rosca!

Também acho um absurdo o Estatuto do Idoso classificar uma pessoa com 60 anos como idosa. Ainda mais com a ciência e a medicina, e até a própria evolução da espécie, prolongando a vida dos humanos. Já vou avisando: quando eu estiver com 60 anos NÃO QUERO que me chamem de idosa, até porque tenho certeza que não me considerarei como tal. Tem um monte de gente com 60 anos que está em plena atividade nas empresas, nos relacionamentos, na vida.

Só mesmo nesse país que a idade adulta refere-se a apenas um período de 30 anos. Faça as contas: de 15 a 29 anos se é jovem e de 60 pra frente se é idoso. Sobram dos 30 aos 59 para ser adulto!

Como disse no começo, sexta-feira já era para dar uma trégua nas coisas sérias, mas não tem como não pensar, não é mesmo?

O bom é que amanhã tenho um monte de coisas muuuito prazerosas para fazer, incluindo a festa de aniversário de uma amiga. Vou cair na farra, ou como diria o Sardenberg: “Pé na Jaca”.