segunda-feira, 10 de outubro de 2011

AMAI OS VOSSOS INIMIGOS


Um dos capítulos que gosto muito do Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, é o Capítulo XII – “Amai os Vossos Inimigos.”

Se formos levar  ao pé da letra o que Jesus quis dizer com esse mandamento, teremos a impressão de que forçosamente devemos  dispensar ao nossos desafetos o mesmo sentimento de amor que dispensamos aos nossos amigos. Logo, de certa forma teríamos que usar de falsidade para amar os inimigos! E falsidade não combina com os ensinamentos que Jesus nos deixou.

Em um trecho do capítulo acima, Kardec, orientado pela espiritualidade, faz a distinção clara dos sentimentos que possuímos em relação aos nossos amigos e nossos inimigos, e nos orienta em relação ao mandamento de Jesus – Amai os vossos inimigos. Vamos lá:

          “3. Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho.
         Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, nesse passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas idéias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo.
        A diversidade na maneira de sentir, nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio. Daí a diferença das sensações que se experimenta à aproximação de um amigo ou de um inimigo. Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deva estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos. Se este preceito parece de difícil prática, impossível mesmo, é apenas por entender-se falsamente que ele manda se dê no coração, assim ao amigo, como ao inimigo, o mesmo lugar. Uma vez que a pobreza da linguagem humana obriga a que nos sirvamos do mesmo termo para exprimir matizes diversos de um sentimento, à razão cabe estabelecer as diferenças, conforme aos casos.
       Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contacto de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contacto de um amigo. Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo à reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar.  Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.”

E por aí vai o capítulo, tratando o tema de forma muito esclarecedora.

Vale a pena continuar a leitura, e para tal sugiro o link:                         http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/es/

       

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