domingo, 30 de outubro de 2011

ESPELHO, ESPELHO MEU

Fonte: imagem pública do picasaweb.google.com/dij.ceeak/

Acredito que lidamos muito mal com nossos defeitos.

Desejamos que nossas qualidades sejam reveladas no trabalho, na escola, no amor, nas amizades, mas não suportamos o apontamento dos nossos defeitos.

Até confundimos defeito com qualidade, tal a dificuldade em significá-los. Quer ver um exemplo? Quando um entrevistador em uma empresa nos pergunta “Na sua opinião, qual o seu maior defeito?”. A resposta, na maioria das vezes, é “Sou perfeccionista.” Como o ser perfeccionista fosse um defeito e não tivesse qualidade alguma. Será que responderíamos, por exemplo: não gosto de ser criticado, não gosto de ser contrariado ou não gosto de ter chefe?

Escondemos nossos defeitos, como se eles fossem nos segregar na sociedade, nos afastar do outro. Pode até ser em algumas situações. Porém, note que quando abrimos nosso coração contando nossas mazelas, nossas dificuldades e nossas imperfeições, na maioria das vezes ocorre justamente o contrário: aproximamo-nos do outro. E mais importante ainda: aproximamo-nos de nós mesmos, nos aceitamos mais. 

A gente demora uma vida pra confessar nossas fraquezas.  À medida que os anos passam isso vai ficando claro! Que bom se pensássemos sobre isso quando estamos formando família, quando os filhos estão chegando, quando estão crescendo. Passaríamos a eles a idéia de que somos falíveis, e quem sabe poderíamos até rir dos nossos próprios defeitos e aceitarmos melhor os dos outros.

Uma das grandes “sacadas” da psicanálise é a busca do descobrimento de si próprio, o que inclui lidar com os nossos defeitos, com a nossa incompletude na vida, falar dos nossos “furos”, para tentar melhorar a vida com o outro, e sobretudo nos aceitarmos. 

Mesmo Jesus Cristo já dizia: “Conhece-te a ti mesmo”. Seguramente Ele nos convidava a enfrentarmos nossas imperfeições, para conseguirmos ser  indulgentes para com o próximo e para nos reformarmos, nos reinventarmos, na nossa própria evolução.

Ando pensando sobre esse assunto, porque me encontro enamorada de vários afazeres materiais, sentimentais e espirituais e tenho tentado cuidar para que, o que de defeito aparecer, eu possa ser crítica o suficiente para saber separar o que não atrapalhará em nada (e até acrescentará), o que não me levará a lugar algum, e o que eu possa ter a ternura de apenas vê-lo como risível.

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