domingo, 23 de junho de 2013

#fuiprarua

Londrina, sábado, 22 de junho de 2013

Ontem fui pra rua em Londrina: abaixo a PEC 37!

Quando eu pensava que não iria ver mais, tão cedo, um movimento ganhar corpo e sair às ruas reivindicando coisas justas neste país de meu Deus, tenho uma surpresa muito, mas muito grande! Eu, e acredito, que muitos de nós brasileiros!

Participei das Diretas Já, e de uma época em que, mesmo com ditadura, tivemos coragem de sair às ruas. Numa época em que não havia celulares, nem câmeras digitais, nem redes sociais, em que tudo era marcado por partidos políticos (existia a diferença entre esquerda e direita), e que era marcado de boca a boca ou por panfletos.

Ontem, enquanto caminhava na multidão de 15 mil pessoas (foi o estimado), no meio de braços que se erguiam, não só pra gritar “Vem pra rua!”, mas pra fazer uma foto com o celular, ou segurar cartazes cujas frases reunidas dariam um programa de governo, lembrei-me também da época em que fazia política estudantil. Em que ia de sala em sala pedindo voto,  para o Diretório ao qual eu me candidatei a vice-presidente, junto com um colega chamado Jorge, como presidente. E nós ganhamos! E tudo isso sem nunca (e nunca é uma palavra forte, heim), ter sido militante do PT. Nunca precisou e nunca vai precisar. (hehe)

Ontem, a multidão de gente de tudo quanto é idade, mas cuja maioria era formada de jovens, fez política. E sem precisar de partido algum também. Não temos representatividade nem no Governo, nem no Congresso, nem no Legislativo mais próximo da gente, que é o da cidade. Mas não faz mal! As redes sociais estão aí, como ruas virtuais, e quem sabe dessa galera toda saiam novas lideranças, novos modos de pensar o país, a cidade;  um país, uma cidade cujos futuros pertencem a esses jovens mesmos!

Foi tudo muito ordeiro, com exceção de alguns momentos em que grupos de meia dúzia de jovens (isso mesmo: meia dúzia!) subiam em marquises ou em pontos de ônibus e atiçavam a multidão. E o bacana que a resposta dessa multidão a eles foi: “Sem violência! “Mostra a cara!”.

Caminhei por mais de duas horas, e me sinto quite comigo mesma, que sempre critiquei tudo o que representa corrupção, mau uso do dinheiro público, principalmente dos impostos que arrecadam da gente em desde uma lata de milho verde, até no imposto de renda. Criticar é fácil. Difícil é mostrar a cara. Por isso que dou tanto valor, me emociono e me sinto orgulhosa de poder participar, mais uma vez, pra dizer: “Basta!”

sábado, 15 de junho de 2013

UMA QUEDA PARA PENSAR

Exposição "Paulo Leminski", Museu Oscar Niemeyer, Curitiba-PR,  junho/2013

O que faz um tombo, com direito a pontos na cabeça?

Sempre achei que, em geral, vamos levando a vida como se tivéssemos um tempão pela frente!  Como se tivéssemos controle sobre o que vamos fazer amanhã, por exemplo, no almoço do domingo. Como se tivéssemos certeza de que estaremos vivos e que aquela maionese que gostamos tanto de fazer aos domingos, estará na mesa.

Adiamos tanta coisa em nome de que “- Tem tempo!”. Dizer que gostamos muito do outro, vai ficando pra depois. Dizer que ficamos magoados ou que estamos muito felizes por estarmos juntos, também vai ficando pra depois. Vamos economizando nos sentimentos bons, ao passo que pra gastar tempo com sentimentos ruins, todo tempo é tempo. (hehe)

Vamos deixando, pra uma hora melhor, pra mudar de vida, mesmo que o aparato todo para a mudança já esteja em nossas mãos: dinheiro, oportunidade, vitalidade, e tudo o que demanda esforços em qualquer mudança.  Imbuímo-nos de uma certeza de que haverá amanhã.  Talvez seja porque estejamos bem de saúde, bem de cabeça, bem de grana, ou de bem com a vida. Ou porque não estamos com nada disso, e achamos que até pra conseguir isso “- Ah! Tem tempo!”.

Vamos guardando as roupas pra uma ocasião mais chique; vamos comprando sapato, achando que ainda não temos aquela cor; vamos ajuntando tralhas que achamos um dia precisar; vamos achando que ainda não temos o suficiente pra ser feliz.

“- Depois eu vejo isso” é uma frase que todo mundo, todo mundo, diz, em algum momento. A gente foge das coisas, na nossa vã ilusão de que temos total controle sobre tudo o que diz respeito ao nosso tempo. Pensamos que somos donos e senhores dele, mas não é bem assim. (hehe)

Aquelas frases prontas de que “o tempo cura tudo”, ou “o tempo é o senhor da razão”, ou “eu quero dar um tempo”, são maneiras de não dizer o que se devia, ou não fazer o que se deveria fazer. A gente deveria assumir a vida e não deixar ao tempo  a incumbência de assumi-la.

Acidentei-me, na segunda-feira, de manhãzinha, dentro do apartamento. Bati a cabeça na quina da parede e ganhei  dois pontos na fronte. Foi o suficiente pra modificar os planos e a rotina da semana. Contudo, o acidente me fez pensar pelos próximos anos.

Por um triz não me mudei para o plano espiritual. É que não era a hora mesmo. Minha avó materna, se estivesse viva, diria: “Você nasceu de novo”. Minha irmã foi realista e direta, dois dias depois: “- Nossa! Você poderia ter morrido esvaída em sangue.”  E é verdade! (hehe)

O meu tempo aqui na Terra ainda não findou; o meu anjo da guarda estava a postos;  e aliado a ele, meu querido amigo Matheus, pôde me levar ao hospital. Não fui eu quem disse: “- Não é a hora.”! O tempo não é meu. Mesmo eu  estando otimista, tendo estancado o sangue na cabeça, não tinha garantia de que sobreviveria. Pelo menos até ser atendida.

Se já presto atenção na vida, há uma semana que presto mais ainda. Revi planos e até me ensimesmei. (hehe).

Ao que de bom eu já prestava atenção, os meus sentidos dobraram. Se eu prestava atenção às pessoas que me são caras, redobrei. Se alguns sentimentos ruins que trago comigo, e que já me incomodavam, agora que quero corrigi-los. Se já não compactuava com tudo o que é enrolado, agora que não quero me enredar mais. Aquela correria pra chegar a lugar algum, não quero mais saber. Se eu já valorizava o material que amealhei com os anos de muito trabalho, vejo que o que tenho já está de bom tamanho, precisando apenas de manutenção. Se eu valorizava o espiritual que amealhei, vejo que ainda tem espaço pra mais. Se eu pensava em simplificar minha vida, como venho tentando simplificar há um bom tempo, agora que quero simplificar mais.

Quando a gente se dá conta, realmente, de que o tempo que há pela frente não é mensurável, apenas estimável com as variáveis que temos – a medicina, a ciência, a qualidade de vida, e de cuca, e que algo inesperado pode de uma hora pra outra mudar o curso da história, a gente passa a ter a real noção de que a hora é agora, se a oportunidade e a vida nos apresentar.

E a gente busca tanta garantia nesta vida, tanto “só faço isso, se aquilo”, e a única garantia mesmo que existe é a morte! Ter a noção de que, por um triz chegamos perto dela, dá uma chacoalhada e tanto na vida da gente!

Bem... como diria Paulo Leminski:

“Pelos caminhos que ando
Um dia vai ser
Só não sei quando.”