sexta-feira, 22 de junho de 2012

DIZE-ME COM QUEM ANDAS...



Pouco falo de política no meu blog. Não que não goste.  Pelo contrário:  gosto bastante e acompanho. Contudo, como gosto muito mais de falar sobre sentimentos, comportamentos, e coisas da vida, acabo deixando a política de lado.

Mas não tem como não comentar a aliança Lula-Maluf. Como diria o José Simão: “O PT fez uma algema e não uma aliança com o PP.”.

Não sou petista, nunca fui, nunca tive simpatia pelo partido, nem em sonho. Não sou lulista, nunca fui, nunca tive simpatia por ele (até porque sempre trabalhei e muito). Contudo, não tem como dizer que não acompanhei desde o nascimento do PT até a sua chegada ao poder maior, na figura do Lula.

Quando o partido surgiu, os militantes pagavam carnês de contribuição no mesmo banco que eu tinha conta.  Eu morava em Londrina e era uma época em que ficávamos na fila de banco para, desde retirar dinheiro, até pagar uma simples conta de luz. E aí víamos pessoas simples, do povo, com o carnezinho na mão e ajudando o partido a se fortalecer. Acho que daí que veio uma parte do dinheiro pra custear toda a trajetória dos companheiros.

Não vou contar a história do partido, que se confunde com a história do Lula, dos sindicatos, das greves e de toda oposição que ele fazia a qualquer ideia dos outros partidos, fosse boa, fosse ruim. Isso mesmo:  tinha muita oposição por oposição. Sabemos disso só agora, quando vemos o partido e seus representantes tomando decisões que outrora rechaçavam.

Parafraseando o próprio Lula, “nunca na história deste País” imaginaríamos uma aliança dele com o Maluf, um homem conhecido e fichado até pela Interpol. Um homem que celebrizou o “Rouba mas faz.”.

Chego a pensar aonde chega o desespero de um político, a ponto de vender a alma ao diabo. Ou poderíamos usar a frase “cuspir no prato que comeu”? Os petistas e os lulistas sempre posaram de ilibados, de defensores do patrimônio público, dos honestos trabalhadores. Mas que exemplo, heim?

Fico imaginando o que pensou um lulista ao saber que o seu ídolo foi até a casa do Maluf, pra fazer uma proposta de aliança.

Fico imaginando a cena do Lula chegando lá, e sendo recebido pelo Maluf. Isso porque nem quero imaginar o Maluf sendo contatado para receber o Lula em casa. Ele deve ter dado uma risada sarcástica e ainda esfregado uma mão na outra quando desligou o telefone, ou quando recebeu o e-mail, ou quando leu no Facebook que o Lula queria falar com ele, ou sei lá qual foi o meio do convite. (hehe)

Imagina o Maluf, um homem de reputação política abaixo de zero, ser interpelado nada mais nada menos que pelo Lula. Deve ter se sentido o máximo, como nunca se sentira na vida. Deve ter pensado que nem em milhões de encarnações imaginaria aquele cenário todo.

Será que quem começou pagando carnezinho, quem engrossava as greves por melhores condições no trabalho, quem deu seu voto pra que o partido chegasse aonde chegou, imaginou algum dia o Lula na casa do Maluf, pedindo apoio?

É isso aí. O rei está nu!


________________________________________________________________



terça-feira, 12 de junho de 2012

AOS NAMORADOS


Charge de Walter Martins/UOL, de hoje.

Hoje publico uma música muito bonita, que ouvi agora à tarde, bem pra Dia dos Namorados. Está no player ao lado, é a música número 10: Cheiro de Amor, Maria Bethânia. Coloque pra tocar e comece cantando:

“De repente fico rindo à toa sem saber por que
E vem a vontade de sonhar de novo te encontrar
Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer
E confesso tive medo, quase disse não
Mas o seu jeito de me olhar, a fala mansa meio rouca
Foi me deixando quase louca já não podia mais pensar
Eu me dei toda para você.”

Namorar é bom demais! Pena que os namorados casam, vão viver juntos, enfim, e passado um tempo se esquecem de como é namorar. E ainda dizem que os casados são “eternos namorados”. Alguns espécimes até são... ainda bem! (hehe)

“De repente fico rindo à toa, sem saber por que”. Pode notar que é exatamente assim nosso comportamento quando a gente está enamorada. E ainda mais no começo!  

Ah, o começo do namoro! Como é bom! Se a gente pudesse gravar cada emoção, cada detalhe, não na cabeça porque essa é traiçoeira (hehe), mas como num filme, pra depois relembrar! Seria o máximo! Acho que riríamos de nos vermos as felizes mais abobadas do planeta. É claro, que quem se desiludiu vai me dizer que nem gostaria de lembrar mais. Mas o que vale, o que vale mesmo, independente se deu certo ou não o relacionamento, é a sensação gostosa do frio na barriga e do pensamento que nos faz rir à toa. É uma sensação de estar viva pra alguém, que não a gente mesma. E, não raras vezes, o mundo pode estar acabando enquanto estivermos rindo à toa. No mínimo, o mundo olhará pra gente e saberá, sem dúvida alguma, que estamos apaixonadas.  (hehe)

“Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer”. Essa é a frase dos grandes amores, ou dos escritos nas estrelas; todos repentinos, saídos do nada ou oriundos de um reencontro. E ainda há quem jure que, depois da desilusão que sofreu, nunca mais vai se apaixonar por ninguém. Eu tenho pena de quem pensa assim. Quem é que dá conta das coisas do coração? De repente ele bate mais forte que a nossa razão, e não há quem o faça esquecer! É um nocaute do coração sobre a razão. E está aí a música que não me deixa mentir: “e confesso tive medo, quase disse não.”

“Mas o seu jeito de me olhar...” Taí outra coisa que não engana, não falha e fala mais que um milhão de palavras: o olhar. Bastou que ele cruze o nosso e que as nossas energias se afinem, pra que percamos de vez a razão. E esse olhar será conhecido por gerações, pois será o começo da história pra quem quiser ouvir: “ele me olhou, eu olhei pra ele!” 

E há quem diga que não tem tempo pra namorar, que não quer se envolver, que prefere só "ficar", que prefere se relacionar via internet, que acha um monte de empecilhos pra não viver uma das melhores fases da vida de um ser humano. Namorar dá colorido à vida, à pele, ao mundo. Namorar dá um "up" na qualidade de vida. Coloca num gráfico pra ver! (hehe)

Feliz dia dos que gostam de namorar! Que ele se perpetue pelo resto de suas vidas! Esse é o meu sincero desejo. 


                                                               Amorosamente! 


                                                                     Maricota

sexta-feira, 8 de junho de 2012

UM MOTIVO PARA SORRIR


www.jornale.com.br - Ruy Barroso

No ano passado visitei dois lares de idosos, que funcionam um ao lado do outro, aqui em Londrina. Iguais ao que eu fui, há muitos outros espalhados pelas cidades do Brasil e do mundo.

Nesses lares há idosos que não têm família; há os que têm, mas a família não tem disponibilidade de tempo e até mesmo vontade de ficar com eles; há os que resolvem ir por conta própria, por não se darem bem com seus filhos, ou por se sentirem fardos (a mais) para seus próximos mais próximos; há os que nem têm noção de que estão ali, pois estão “em outro mundo” criado e mantido por eles mesmos; há os que têm problemas de locomoção ou são doentes e carecem de cuidado o tempo todo, e que não o teriam em casa; enfim, há pessoas com “n” motivos para estarem ali.

Esta semana, fui a outro, numa cidade vizinha, por conta de um trabalho voluntário que faço.

Sabe, que saí pensativa de lá.

O Lar fica de tal maneira no terreno, que não dá para ver a rua. O terreno é pequeno, mas para chegar até a casa, passamos por um jardim com flores e árvores. Ainda bem! O pessoal que os atende me recebeu com muito calor humano e alegria. 

Mas sabe, saí pesarosa de lá.

Estava chovendo, como hoje, frio, cinza,  tudo muito úmido. Alguns dos idosos estavam sentados na varanda, com olhares tão tristes! Passei por eles, os cumprimentei e a maioria ficou me olhando sem nada dizer. Fico pensando que não deveria haver dias cinzas e chuvosos nos locais onde abrigam velhinhos e velhinhas assim.

Dentro da instituição, as lâmpadas fraquinhas, os idosos na penumbra, sentados em sofás, ou perambulando de um lado a outro.

Enquanto eu conversava com a moça que trabalha na instituição, passa uma senhorinha e diz pra mim: “Estou aqui já faz um tempão. Eu moro aqui, viu.” A moça olhou pra ela, confirmou sorridente, e continuou a me atender com uma atenção de fazer sombra pra muita balconista de loja.

O meu pesar foi por aquelas pessoas, seres humanos, vendo a vida passar, tristes, num lugar úmido e escuro. Coloquei-me no lugar delas, e vi que morreria logo se vivesse assim.  Já não gosto de dias frios, chuvosos e cinzas (não é à toa que me mudei de Curitiba para cá), quanto mais se tivesse que viver em um lugar que não é meu, no qual não posso dizer que sou dona de um simples copo da cozinha, sem pessoas da família por perto, com um tempo enorme pra ficar “ruminando” o passado, e volto a dizer, em um lugar escuro, no fundo de um terreno. E aí, qual o motivo que eles teriam para estarem alegres? Deus meu! O inferno é aqui na Terra mesmo!

É em lugares assim que a ficha da gente cai.

Corremos tanto atrás de poder, de status, de “um lugar ao sol”, e boa parte das vezes chegamos lá, ficamos torrados de sol, mas ainda reclamamos de um monte de coisas. De que a comida não está boa, de que estamos trabalhando demais, de que estamos estressados, de que não podemos sair porque não temos roupa, de que não temos tempo pra nada, de que fulano não colabora, de que não temos sorte só porque uma coisinha de nada não deu certo. Deveríamos sempre visitar abrigos de idosos pra ver o que é sofrimento. Pra ver que a nossa vida é simplesmente maravilhosa, mesmo a comida tendo saído salgada, mesmo o nosso companheiro tendo  discordado da gente, mesmo que estejamos estressados pelo trabalho (ainda bem que temos um!), mesmo quando o que a gente queria tanto não deu certo.

Sabe... li em algum lugar que se a gente quer  comparar a nossa vida com a de outra pessoa, que olhemos para baixo, e não para cima. Seguramente vamos ver a nossa vida com outros olhos: mais receptivos, com menos severidade, com mais complacência. E mais: vamos aprender a ter compaixão pelo outro. E compaixão de qualquer forma, pois muitos idosos vão para esses lares porque uma vida inteira foram algozes de suas famílias, e estão tendo o retorno. Sim, não sou ingênua em colocar toda a culpa nos familiares e na sociedade pela estada desses velhinhos nessas instituições. Cada qual tem o seu quinhão, sua parcela de responsabilidade por suas vidas. E a maior parcela, não nos esqueçamos, é a da gente mesmo. 

Contudo, apesar de ter saído pesarosa do Lar, quando me lembro dele, me vêm à mente as pessoas que se dispõem a cuidar daqueles velhinhos. Se os velhinhos não têm motivos pra sorrir, quem cuida deles tem pelo menos um: a caridade que fazem, embora remunerada.