segunda-feira, 31 de outubro de 2011

DELICADEZA

A delicadeza dos hibiscos brancos - Rua Prof. João Cândido - Londrina - PR

Ao contrário da maioria das pessoas, adoro dentista.  Acredito que boa parte não goste por causa do motorzinho.  Também pudera,  com toda a tecnologia hoje existente, chega a ser engraçado ainda o motorzinho não ter sido substituído por algo menos rudimentar.

Fiquei pensando o porquê do meu prazer  em ir ao dentista, apesar do motorzinho. Cheguei à conclusão de que primeiro porque gosto de ter os dentes saudáveis. E segundo, porque minhas lembranças de dentista são muito boas. 

Desde pequena tive a sorte de ser bem tratada nos consultórios. Não que os consultórios fossem os melhores, mas a forma, a atenção com que fui tratada, na maioria absoluta das vezes, me tiraram o medo. 

Quando era criança tive um dentista do qual eu saía do seu consultório com bichinhos moldados em gesso, para pintar em casa. Não foram tempos fáceis, porque tive problemas em um dos dentes  e sabia que tinha que esperar até completar 11 anos para resolver de vez.  E quando cheguei aos 11, minha mãe peregrinou de dentista em dentista para ouvir o que poderia fazer de melhor no meu caso, e optou por uma técnica recente, que apenas um dentista indicou e foi descartada pelos demais.  Acredito que pela maneira segura e delicada com que  o dentista explicou a nova técnica, fez com que minha mãe  apostasse nele. E deu muito certo!

Neste momento estou no término de um tratamento dentário, e mal o dentista sabe que já estou com saudades dele. Pelo profissionalismo, mas sobretudo pela delicadeza com que trata seus clientes, onde me incluo.

Quando comecei a aprender a dirigir, em uma autoescola de Curitiba, a instrutora era mal humorada,  grosseira e dava muitas broncas. No começo eu dizia que não me importava se ela estava de mal com a vida, porque eu queria era tão somente aprender a dirigir. Mas eu estava errada nessa minha afirmação.

Nessa mesma época, uma colega de trabalho estava tendo aula com outro instrutor independente, um gaúcho bem humorado, e quando eu e ela trocávamos experiências sobre nossas aulas, comecei a ver que eu não estava evoluindo com a minha instrutora. 

Então, desisti das aulas da mal humorada e contratei as aulas do instrutor. Ele também me dava broncas, mas a maneira como as dava, é que fazia toda a diferença. Com um sorriso no rosto ele dizia: “Que feio, eu sei que você pode fazer muito melhor do que isso! Vamos lá!” E eu ia, e dava certo. E ele me dizia: “Eu não lhe disse?” 

Resumo da ópera: aprendi a dirigir e no centro de Curitiba, na muvuca, onde muita gente que já dirigia não tinha coragem de ir.

Onde eu quero  chegar com esses exemplos:  na importância de tratar bem, de ser delicado, de ser gentil, em qualquer situação. Numa loja, no consultório médico, no dentista, no trânsito, no trabalho, nos nossos relacionamentos. Gentileza gera gentileza. Delicadeza gera afeição e bem-conviver.

Há claro, pessoas que são delicadas por interesse, somente na  aparência. Por exemplo: tratam bem as pessoas do seu convívio comercial, mas dentro de casa são tiranos. Daí não vale. 

Delicados são os que são benevolentes para com o próximo, independente qual próximo seja. Que  têm sempre a mesma conduta no tratar o outro. O outro que está na família, que está no trabalho, na escola, na comunidade em que vive, seja ela real ou virtual. 

Já não é muito tranquila a relação com o outro, pelas intempéries e pelas paixões que norteiam as nossas vidas. Sem delicadeza, então!

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