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O pior do fim de um relacionamento é querermos voltar a ser
o que éramos antes de nos envolvermos com o ser amado que "perdemos".
Não dá! Simplesmente não dá!
A casa, os lugares, as pessoas, não são mais os mesmos. E
justamente por não sermos mais os mesmos. Um relacionamento amoroso faz mudanças em nós - pra
melhor e pra pior. Se desse para passar
uma borracha no sofrimento, passar a mão e assoprar o resíduo, como fazemos num
caderno... mas não dá...
O jeito é aceitar que o tempo vai passar, em meio a dias com
dor de saudade, dias com respiro de alívio, dias de cobranças internas e dias
de tréguas. Com o nosso pensamento
voando solto, ora nos cobrando, ora nos redimindo, num incessante julgamento!
Quer pior algoz que esse?
Mas é justamente esse algoz, esse vai-e-vem de confusão na
cabeça da gente, que vai nos fazer enjoar, nos esgotar a tal ponto, que uma hora vamos dizer: "Chega! Deu! De agora em diante, vida nova!”
Só que o problema é chegar até aí. A gente não se acha
dentro da gente, não reconhece mais a nossa casa, a casa mesmo! Parece que
habitamos outro lugar, fomos despejados e temos que voltar para o que não nos é
mais familiar.
Quando a gente se separa gostando ainda do outro, a gente
fica num limbo, como se a alma não coubesse mais no corpo, e muitas vezes como
se o corpo quisesse expulsar a alma. Ela é incômoda, redundantemente doente de
tanto doer.
Aí a gente olha para os lados e vê gente que já saiu do
estágio de sofrimento pelo qual estamos passando, e ficamos até com
"inveja". E ainda nos questionamos: "Quando? Quando eu vou estar
nessa situação também?".
“- Calma!”. É a única
coisa que podemos dizer pra nós mesmos! Quando tudo passar (e vai passar!), a
gente começa a olhar o amor de fora, e inverte o quadro. Conseguimos até ficar
felizes por termos amado, embora não tenhamos sido amados, ou termos sido amados
de uma maneira menos intensa que a nossa. Penso que aí, sim, verdadeiramente a
gente pode dizer se amou mesmo: sem posse, sem necessidade, somente com o gosto
e o gozo de ter vivido uma história.
E então pergunto: por que não conseguimos sair de um
relacionamento, amando o outro, mas com a aceitação plena de que o outro não nos ama mais, e mesmo
assim sairmos felizes por termos experimentado um sentimento divino?
E ouso responder:
porque ainda somos muito, muito primitivos. O dia que chegarmos a amar sem querer retorno algum, compreenderemos
o que Jesus veio nos dizer há mais de 2000 anos atrás. Daí, estaremos em
outro estágio de mundo. Não neste!
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