domingo, 15 de janeiro de 2012

PAIXÃO, AMOR E ADMIRAÇÃO

Um pato e uma galinha: um casal de jardineiros na minha casa

Assisti a uma entrevista do médico psiquiatra e analista Carlos Byington, na TV Cultura, sobre paixão e amor, na qual ele dizia, reduzidamente,  mais ou menos assim:

Que na paixão nos vemos, a nós mesmos, no outro. Estamos no terreno da imaginação. Só que quando começamos a ver no outro que há coisas que ele difere de nós, começamos a nos frustrar. E justamente aí que mora a fragilidade da paixão:  vai ter um momento que iremos enxergar no outro, não a nós mesmos mais, mas o outro real, como ele realmente é.

Então, de duas uma: ou nos desencantamos e partimos para nos enxergarmos em outra pessoa, ou aceitamos as diferenças e aí entra o amor, que ele chama de “o encontro das diferenças”, a transformação. Porém, para que essa transformação seja efetiva, cada um dos indivíduos envolvidos tem que aceitar as suas próprias diferenças e as do outro. Não basta apenas um.

Achei fantástica essa diferenciação de paixão e amor. Essa maneira de explicar quando uma paixão se transforma em amor, e quando ela morre em si mesma.

Não tenho formação pra falar sobre um tema tão difícil quanto o amor, e sua ação transformadora na vida da gente, mas  adoro falar sobre. Viver, então!

E é bem isso.  Já reparei que um dos sinais de que o relacionamento está dando certo é quando o outro consegue que façamos transformações positivas na vida da gente. Que o diferente que ele nos apresenta faz com que queiramos mudar. Ou se não, quando nós aceitamos o indivíduo (diferente) que ele é, e ele nos aceita também.  Não por imposição, mas pelo exemplo, pelo incentivo,  pela consideração pelo outro.  

E ouso acrescentar ainda, a amizade, antes ou ao invés de uma paixão antecedendo o amor. Não consigo ver um bom relacionamento amoroso sem amizade junto.   

Já tive a experiência da amizade ter se transformado em amor. E aí entrou mais um componente: a admiração. Talvez porque, de certa forma, ela em si seja um componente da amizade. Se não for assim, como o outro poderá fazer parte da minha vida, se não o vejo capaz tanto de respeitar a minha entrega, quanto mais de se entregar também? 


E já passei por paixões que não se transformaram em amor,  justamente pela falta de amizade. E por amor que morreu pelo descuido com a amizade. Ou pela perda da admiração.

Bom... se acabou a admiração é sinal de que as coisas não estão indo muito bem, ou estão indo por água abaixo.

Só que levei um tempo para pensar nessa questão da admiração no amor. Foi com o passar dos anos.  Ainda hoje encontro bilhetinhos dentro de livros, e dedicatórias de namorados que me disseram da sua admiração por mim e fico pensando se na época consegui retribuir. Ou, se dei a devida importância. Ou, se falei dela, como agora. Alguma vez devo ter feito por merecer, senão não teriam dado certo, não é mesmo?

Bem... mas o que vale mesmo é o hoje, e hoje tudo isso que acabo de postar me é pré-requisito. Acho que ainda dá tempo, né? E eu mesma vou me responder: sempre é tempo.


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