domingo, 18 de dezembro de 2011

UMA LIÇÃO A APRENDER

Imagem pública do https://picasaweb.google.com

Hoje participei, como voluntária, de um Almoço Fraterno que ocorre todo final de ano, perto e por causa do Natal, numa casa-lar espírita da cidade – a Casa do Caminho.

Neste evento, praticamente tudo o que é ofertado vem de doação, a prestação dos serviços é feita por voluntários e a maioria dos beneficiados é formada por moradores de rua.

São oferecidos banhos, roupas e sapatos usados e limpos, corte de cabelo, manicure, café da manhã, almoço, distribuição de roupas e brinquedos para as crianças, além de música para alegrar a festa e a alma. Tudo isso sem dinheiro de qualquer instituição governamental. É o Brasil solidário que os políticos não valorizam, nem sequer apoiam ou destinam verbas.

Ano passado participei da preparação da comida, e este ano ajudei a servir.

Contei tudo isso para dizer que uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a alegria de muito morador de rua, se comparada a muita gente que tem um lugar confortável na sociedade. O contentamento com tão pouco, em um só dia. Enquanto que muitos têm muito em muitos dias, e se encontram mais “perdidos” que muito morador de rua.

Dona Marta chegou maltrapilha e suja e com uma paciência enorme escolheu a sua roupa limpa para o pós-banho. Ajudei-a escolher a blusa – preta com xadrez branco e dois bolsos com detalhes em branco. Ela escolheu a calça e uma sapatilha combinando. Finalizando o look, ela prendeu o cabelo e colocou um boné. O conjunto ficou muito bom. E muito educada e comportadamente, quieta desceu para o ginásio de esportes e entrou na fila do café. Uma lição para nos mostrar que mesmo na adversidade da sua vida, ela não perdeu o prazer.

Tem tanta gente que quando ouve a palavra “prazer” a associa apenas ao sensual. Só que prazer é fundamental para quase tudo na vida. A palavra, segundo o dicionário, significa “s.m. Contentamento, alegria, jovialidade.”.

E assim aconteceu com o Maicon, com o Messias, com a Vanessa, com a Nicinha, tantos outros anônimos moradores de rua, que estavam ali numa descontração, sem vergonha alguma de conviver uns com os outros. Às vezes, quão difícil é conseguir reunir os nossos familiares, ou os colegas de trabalho, nas festas de final de ano! E essa gente que foi ao evento que a casa espírita proporcionou foi de coração aberto, sem muito questionamento (acho que nenhum), e se permitiu cortar o cabelo, pintar as unhas, e escolher um traje completo numa pilha de roupas usadas. E tem gente que ainda reclama que “não tem roupa para sair”, parada na frente do guarda-roupa cheio de roupas suas!

Não teve uma briga sequer, tudo transcorreu na maior civilidade. Uns aguardavam os outros nas filas que se faziam na barbearia improvisada, nas carteiras escolares se passando por mesinhas de manicures, e em todos os lugares que os esperavam.  Vimos respeito e educação ímpares: íamos servindo e sempre ouvíamos um Obrigado! , expressão que muito “normal” do nosso convívio desconhece.

Para mim, novamente este ano, tive uma lição do significado do Natal.

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