quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

UM LUGAR PARA SER FELIZ

Violetas da minha casa

Tem coisas que a gente não confessa nem pra gente mesmo, quanto mais para os outros. E outras, que a gente só faz na companhia da gente mesmo, e ainda olha pros lados. O que eu acho que de nada adianta, uma vez que, no mínimo, o nosso anjo da guarda também está assistindo. (hehe).

Estou dizendo isso porque depois do almoço comi o restante de uma sobremesa maravilhosa que trouxe da casa da amiga de Apucarana. E, contarei só para você: acabei lambendo o pratinho.

Vai me dizer que você NUNCA fez isso? Eu NUNCA (na frente dos outros).

Questão de educação, é claro, mas questão de saber que a casa da gente é o MELHOR LUGAR do mundo.

É onde a gente pode destampar um iogurte e também lamber a tampinha, antes de jogar fora. Onde pode raspar com o dedo o fundo de uma panela de doce, ou o fundo da latinha de leite condensado. Sem pudores.

Onde a gente pode andar nua ou só de calcinha. E é muito bom! Pena que tenha que fechar as janelas antes, porque o prédio vizinho não precisa assistir o drama ou a comédia (hehe).

E olhar-se no espelho e dizer pra si mesma: “Você ainda está precisando de mais uns quilômetros de caminhada, heim?"   

Treinar respostas pra dar, e relembrar para não esquecer. Só em casa dá certo isso. Na hora de falar, nunca sai do jeito que a gente treinou.  Ainda mais se o oponente for quem a gente ama. Na hora, a sua presença desarma a bomba. Ou a detonamos de vez, mas não pelo pavio principal.

Na nossa casa podemos dizer em voz alta, de novo na frente do espelho: “Puxa! Você caprichou, heim, Maricota? Se hoje ele não lhe pedir em namoro, desista!!!”

E, derramar um oceano de lágrimas, jogada na cama, e cobrando de Deus “Por que comigo?”, como se Deus tivesse que dar satisfação, ou tivesse dando conta só da vida da gente.

Falar sozinha, dando bronca em si mesma, ou lembrar, em voz alta, do que fulano falou e que a gente ficou fula da vida. E treinar resposta, novamente: “Ele vai ouvir.... vou falar poucas e boas....” E daí a raiva passa.

É dentro da casa da gente que está o melhor banheiro. Se estivemos viajando e nossos horários de ir ao banheiro (você sabe do que estou falando) ficaram prejudicados, é só chegar em casa que tudo volta a funcionar normalmente. Sequer precisaremos de um laxante.

É em casa que está a melhor cama do mundo. A cama do hotel 1000 estrelas de Nova Iorque não é páreo para a nossa, com nosso cheiro e com nosso travesseiro de tantos sonhos. Se não dormimos há dias em viagem, é só chegar em casa e se jogar na cama... a gente acorda 12 horas depois.

É o único lugar onde a gente pode falar o que quiser: “Estou na minha casa”. Se você, dentro de casa não puder falar isso pra qualquer pessoa, desculpe-me, mas você não tem lugar nessa casa. Só que penso que devamos lembrar que nossa casa está em outra “casa”, onde tentamos resgatar um monte de coisas com nossos irmãos de caminhada evolutiva. Só que na hora da confusão, é a última coisa que lembramos.

E assim, tantas coisas só conseguimos confessá-las dentro da casa da gente.

Para finalizar, transcrevo abaixo um poema que copiei de um painel bordado, da Casa Enxaimel, que fica no jardim do Museu do Imigrante, em Joinville. O poema faz parte de um porta-retratos de minha casa, de tanto que gosto dele.

“O homem precisa de um lugarzinho,
Por menor que seja,
Do qual ele possa dizer:
Olhe, isto aqui é meu,
Aqui eu vivo, aqui eu amo,
Aqui eu descanso.
Aqui é minha pátria.
Aqui eu estou em casa.”

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