terça-feira, 13 de dezembro de 2011

NÃO SEI COMO NÃO SOU BIBLIOTECÁRIA

Estante da Biblioteca do Colégio Rosa Delúcia Calsavara - Cambira - PR


Comecei a estudar com seis anos de idade, direto no primeiro ano. Não tive maternal, nem jardim da infância, nem pré.  

Tinha uma vontade enorme de entrar na escola, e lembro-me de que no primeiro dia fui de guarda-pó branco, com uma mala escolar enorme.  Minha mãe me levou até um pedaço do caminho - morávamos numa cidade minúscula - e dali eu seguiria sozinha. Voltei para trás, chorei um monte, e meu pai até tirou fotografia (não tem como esconder isso). Depois acabei indo e na volta já não vinha sozinha, vinha com a professora (Dona Helena, uma japonesa).

Aprendi logo a ler, até porque meus pais há muito compravam livros de histórias infantis, boa parte pequenos livros com capa dura. Todos adquiridos de um livreiro que vendia de porta em porta. Eu nem imaginava que poderia existir uma loja que vendesse livros. E eu os adorava. Lembro-me até hoje de uma coleção que veio dentro de uma casinha. Ficava encantada com o invólucro e com os contos. Há outros dois livros que me lembro bem: “O Gato de Botas” e o de “Boas Maneiras” (este da minha irmã) que era narrado por um elefante.

Éramos de família pobre, mas sempre tivemos em casa pelo menos um dicionário, uma pequena enciclopédia, revistas “Seleções”, uma lousa (que é o mesmo que um quadro negro ou verde), caixas de giz e canetinhas coloridas. Sempre! Entrava ano, passava ano, e eram renovados esses objetos, quando eles ficavam velhos ou ultrapassados.

Deve ser por isso que gosto tanto das palavras, dos livros (tenho um verdadeiro amor por eles), de canetas coloridas (hoje tintas à óleo para as minhas telas), e mesmo agora guardo uma caixa de lápis de cor aquarelável (com 48!), que nem uso, mas gosto de tê-la dentro de casa. Deve ser porque tenho lembranças boas de todas as escolas pelas quais passei, embora sendo muitas porque a profissão do meu pai fazia com que mudássemos com certa frequência de cidade.

Semana passada fui a Biblioteca Pública, para conhecer (não conhecia o prédio atual),  e ver se tinha espaço reservado para se estudar com um grupo pequeno.

Amei sentir novamente o cheiro dos livros todos juntos (nem sei como não me tornei Bibliotecária).  E na hora lembrei-me de um amigo com o qual discuti sobre a continuidade dos livros em papel, com a popularização dos digitais e dos meios para lê-los. E acho que tenho uma decisão tomada: continuarei fiel ao papel.

Neste momento tenho vários livros baixados da internet no meu computador. Confesso: sinto-me sem intimidade com eles, embora goste de tê-los lá! Assim como prefiro o contato pessoal ao virtual, onde eu possa ter o olho no olho, prefiro o papel onde posso eternizar parágrafos com um marca-texto, para depois reler só aquele pedaço. Ou mesmo para dormir abraçada a ele, quando vou ler no sofá. E se o livro não for meu, e eu gostar demais, não tenha dúvida: adquiro-o para ter a sua companhia.

Nos livros eu me enxergo, eu me encontro comigo e com os outros iguais ou diferentes. É como se fosse buscar um cúmplice.

Será que sou carente? Acho que sim, mas não tenho vergonha de dizer. (hehe)

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