sexta-feira, 22 de junho de 2012

DIZE-ME COM QUEM ANDAS...



Pouco falo de política no meu blog. Não que não goste.  Pelo contrário:  gosto bastante e acompanho. Contudo, como gosto muito mais de falar sobre sentimentos, comportamentos, e coisas da vida, acabo deixando a política de lado.

Mas não tem como não comentar a aliança Lula-Maluf. Como diria o José Simão: “O PT fez uma algema e não uma aliança com o PP.”.

Não sou petista, nunca fui, nunca tive simpatia pelo partido, nem em sonho. Não sou lulista, nunca fui, nunca tive simpatia por ele (até porque sempre trabalhei e muito). Contudo, não tem como dizer que não acompanhei desde o nascimento do PT até a sua chegada ao poder maior, na figura do Lula.

Quando o partido surgiu, os militantes pagavam carnês de contribuição no mesmo banco que eu tinha conta.  Eu morava em Londrina e era uma época em que ficávamos na fila de banco para, desde retirar dinheiro, até pagar uma simples conta de luz. E aí víamos pessoas simples, do povo, com o carnezinho na mão e ajudando o partido a se fortalecer. Acho que daí que veio uma parte do dinheiro pra custear toda a trajetória dos companheiros.

Não vou contar a história do partido, que se confunde com a história do Lula, dos sindicatos, das greves e de toda oposição que ele fazia a qualquer ideia dos outros partidos, fosse boa, fosse ruim. Isso mesmo:  tinha muita oposição por oposição. Sabemos disso só agora, quando vemos o partido e seus representantes tomando decisões que outrora rechaçavam.

Parafraseando o próprio Lula, “nunca na história deste País” imaginaríamos uma aliança dele com o Maluf, um homem conhecido e fichado até pela Interpol. Um homem que celebrizou o “Rouba mas faz.”.

Chego a pensar aonde chega o desespero de um político, a ponto de vender a alma ao diabo. Ou poderíamos usar a frase “cuspir no prato que comeu”? Os petistas e os lulistas sempre posaram de ilibados, de defensores do patrimônio público, dos honestos trabalhadores. Mas que exemplo, heim?

Fico imaginando o que pensou um lulista ao saber que o seu ídolo foi até a casa do Maluf, pra fazer uma proposta de aliança.

Fico imaginando a cena do Lula chegando lá, e sendo recebido pelo Maluf. Isso porque nem quero imaginar o Maluf sendo contatado para receber o Lula em casa. Ele deve ter dado uma risada sarcástica e ainda esfregado uma mão na outra quando desligou o telefone, ou quando recebeu o e-mail, ou quando leu no Facebook que o Lula queria falar com ele, ou sei lá qual foi o meio do convite. (hehe)

Imagina o Maluf, um homem de reputação política abaixo de zero, ser interpelado nada mais nada menos que pelo Lula. Deve ter se sentido o máximo, como nunca se sentira na vida. Deve ter pensado que nem em milhões de encarnações imaginaria aquele cenário todo.

Será que quem começou pagando carnezinho, quem engrossava as greves por melhores condições no trabalho, quem deu seu voto pra que o partido chegasse aonde chegou, imaginou algum dia o Lula na casa do Maluf, pedindo apoio?

É isso aí. O rei está nu!


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terça-feira, 12 de junho de 2012

AOS NAMORADOS


Charge de Walter Martins/UOL, de hoje.

Hoje publico uma música muito bonita, que ouvi agora à tarde, bem pra Dia dos Namorados. Está no player ao lado, é a música número 10: Cheiro de Amor, Maria Bethânia. Coloque pra tocar e comece cantando:

“De repente fico rindo à toa sem saber por que
E vem a vontade de sonhar de novo te encontrar
Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer
E confesso tive medo, quase disse não
Mas o seu jeito de me olhar, a fala mansa meio rouca
Foi me deixando quase louca já não podia mais pensar
Eu me dei toda para você.”

Namorar é bom demais! Pena que os namorados casam, vão viver juntos, enfim, e passado um tempo se esquecem de como é namorar. E ainda dizem que os casados são “eternos namorados”. Alguns espécimes até são... ainda bem! (hehe)

“De repente fico rindo à toa, sem saber por que”. Pode notar que é exatamente assim nosso comportamento quando a gente está enamorada. E ainda mais no começo!  

Ah, o começo do namoro! Como é bom! Se a gente pudesse gravar cada emoção, cada detalhe, não na cabeça porque essa é traiçoeira (hehe), mas como num filme, pra depois relembrar! Seria o máximo! Acho que riríamos de nos vermos as felizes mais abobadas do planeta. É claro, que quem se desiludiu vai me dizer que nem gostaria de lembrar mais. Mas o que vale, o que vale mesmo, independente se deu certo ou não o relacionamento, é a sensação gostosa do frio na barriga e do pensamento que nos faz rir à toa. É uma sensação de estar viva pra alguém, que não a gente mesma. E, não raras vezes, o mundo pode estar acabando enquanto estivermos rindo à toa. No mínimo, o mundo olhará pra gente e saberá, sem dúvida alguma, que estamos apaixonadas.  (hehe)

“Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer”. Essa é a frase dos grandes amores, ou dos escritos nas estrelas; todos repentinos, saídos do nada ou oriundos de um reencontro. E ainda há quem jure que, depois da desilusão que sofreu, nunca mais vai se apaixonar por ninguém. Eu tenho pena de quem pensa assim. Quem é que dá conta das coisas do coração? De repente ele bate mais forte que a nossa razão, e não há quem o faça esquecer! É um nocaute do coração sobre a razão. E está aí a música que não me deixa mentir: “e confesso tive medo, quase disse não.”

“Mas o seu jeito de me olhar...” Taí outra coisa que não engana, não falha e fala mais que um milhão de palavras: o olhar. Bastou que ele cruze o nosso e que as nossas energias se afinem, pra que percamos de vez a razão. E esse olhar será conhecido por gerações, pois será o começo da história pra quem quiser ouvir: “ele me olhou, eu olhei pra ele!” 

E há quem diga que não tem tempo pra namorar, que não quer se envolver, que prefere só "ficar", que prefere se relacionar via internet, que acha um monte de empecilhos pra não viver uma das melhores fases da vida de um ser humano. Namorar dá colorido à vida, à pele, ao mundo. Namorar dá um "up" na qualidade de vida. Coloca num gráfico pra ver! (hehe)

Feliz dia dos que gostam de namorar! Que ele se perpetue pelo resto de suas vidas! Esse é o meu sincero desejo. 


                                                               Amorosamente! 


                                                                     Maricota

sexta-feira, 8 de junho de 2012

UM MOTIVO PARA SORRIR


www.jornale.com.br - Ruy Barroso

No ano passado visitei dois lares de idosos, que funcionam um ao lado do outro, aqui em Londrina. Iguais ao que eu fui, há muitos outros espalhados pelas cidades do Brasil e do mundo.

Nesses lares há idosos que não têm família; há os que têm, mas a família não tem disponibilidade de tempo e até mesmo vontade de ficar com eles; há os que resolvem ir por conta própria, por não se darem bem com seus filhos, ou por se sentirem fardos (a mais) para seus próximos mais próximos; há os que nem têm noção de que estão ali, pois estão “em outro mundo” criado e mantido por eles mesmos; há os que têm problemas de locomoção ou são doentes e carecem de cuidado o tempo todo, e que não o teriam em casa; enfim, há pessoas com “n” motivos para estarem ali.

Esta semana, fui a outro, numa cidade vizinha, por conta de um trabalho voluntário que faço.

Sabe, que saí pensativa de lá.

O Lar fica de tal maneira no terreno, que não dá para ver a rua. O terreno é pequeno, mas para chegar até a casa, passamos por um jardim com flores e árvores. Ainda bem! O pessoal que os atende me recebeu com muito calor humano e alegria. 

Mas sabe, saí pesarosa de lá.

Estava chovendo, como hoje, frio, cinza,  tudo muito úmido. Alguns dos idosos estavam sentados na varanda, com olhares tão tristes! Passei por eles, os cumprimentei e a maioria ficou me olhando sem nada dizer. Fico pensando que não deveria haver dias cinzas e chuvosos nos locais onde abrigam velhinhos e velhinhas assim.

Dentro da instituição, as lâmpadas fraquinhas, os idosos na penumbra, sentados em sofás, ou perambulando de um lado a outro.

Enquanto eu conversava com a moça que trabalha na instituição, passa uma senhorinha e diz pra mim: “Estou aqui já faz um tempão. Eu moro aqui, viu.” A moça olhou pra ela, confirmou sorridente, e continuou a me atender com uma atenção de fazer sombra pra muita balconista de loja.

O meu pesar foi por aquelas pessoas, seres humanos, vendo a vida passar, tristes, num lugar úmido e escuro. Coloquei-me no lugar delas, e vi que morreria logo se vivesse assim.  Já não gosto de dias frios, chuvosos e cinzas (não é à toa que me mudei de Curitiba para cá), quanto mais se tivesse que viver em um lugar que não é meu, no qual não posso dizer que sou dona de um simples copo da cozinha, sem pessoas da família por perto, com um tempo enorme pra ficar “ruminando” o passado, e volto a dizer, em um lugar escuro, no fundo de um terreno. E aí, qual o motivo que eles teriam para estarem alegres? Deus meu! O inferno é aqui na Terra mesmo!

É em lugares assim que a ficha da gente cai.

Corremos tanto atrás de poder, de status, de “um lugar ao sol”, e boa parte das vezes chegamos lá, ficamos torrados de sol, mas ainda reclamamos de um monte de coisas. De que a comida não está boa, de que estamos trabalhando demais, de que estamos estressados, de que não podemos sair porque não temos roupa, de que não temos tempo pra nada, de que fulano não colabora, de que não temos sorte só porque uma coisinha de nada não deu certo. Deveríamos sempre visitar abrigos de idosos pra ver o que é sofrimento. Pra ver que a nossa vida é simplesmente maravilhosa, mesmo a comida tendo saído salgada, mesmo o nosso companheiro tendo  discordado da gente, mesmo que estejamos estressados pelo trabalho (ainda bem que temos um!), mesmo quando o que a gente queria tanto não deu certo.

Sabe... li em algum lugar que se a gente quer  comparar a nossa vida com a de outra pessoa, que olhemos para baixo, e não para cima. Seguramente vamos ver a nossa vida com outros olhos: mais receptivos, com menos severidade, com mais complacência. E mais: vamos aprender a ter compaixão pelo outro. E compaixão de qualquer forma, pois muitos idosos vão para esses lares porque uma vida inteira foram algozes de suas famílias, e estão tendo o retorno. Sim, não sou ingênua em colocar toda a culpa nos familiares e na sociedade pela estada desses velhinhos nessas instituições. Cada qual tem o seu quinhão, sua parcela de responsabilidade por suas vidas. E a maior parcela, não nos esqueçamos, é a da gente mesmo. 

Contudo, apesar de ter saído pesarosa do Lar, quando me lembro dele, me vêm à mente as pessoas que se dispõem a cuidar daqueles velhinhos. Se os velhinhos não têm motivos pra sorrir, quem cuida deles tem pelo menos um: a caridade que fazem, embora remunerada. 


quarta-feira, 30 de maio de 2012

UMA BOMBA EM DOSES HOMEOPÁTICAS


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Para mim, um dos piores sentimentos que existe é a inveja. É pior do que a bomba atômica. A bomba acaba de vez com a pessoa; a inveja vai acabando em doses homeopáticas. É claro que não é tão simplista assim. Depende muito da importância que o invejoso dá ao seu sentimento e o invejado também. Depende muito da frequência do pensamento dos dois.

Não raramente a inveja está associada à baixa autoestima do invejoso.  Não raramente a inveja é decorrente de ver luz no outro, em contraponto com a falta da sua. Sabe... penso que a pergunta é: o que eu posso fazer para a minha luz brilhar tanto quanto a do outro? É preferível esse autoquestionamento,  ao sentimento de botar o olho no outro e querer prejudicá-lo de alguma forma.

A inveja existe desde que o mundo é mundo. Dentro de casa, no trabalho, na vida em sociedade, na vida virtual.  E o pior é que não raras vezes apesar de ser algo silencioso, causa uma mudança de comportamento enorme na vida do sujeito. Bem... dos dois envolvidos. O invejoso ou passa a evitar o invejado (mas bastou uma oportunidade quer saber dele), ou gruda nele para viver os seus passos. O invejado, por sua vez, se não notou ainda o sentimento do seu “algoz”, o fica retroalimentando ingenuamente e nada colhe de bom dessa relação. Se notou, acaba se afastando pra justamente não dar “milho aos porcos”.

Pode notar que atrás do sentimento de ódio pode haver um sentimento contrário embutido, ou melhor, enrustido: o do amor. Por detrás de uma inveja tem um reconhecimento da capacidade do outro; o outro ocupa um “trono”.  E o problema é justamente este: o trono está ocupado!

A inveja paralisa a vida do invejoso, na medida em que os pensamentos são tomados por redemoinhos que não saem do lugar. É um tal de maquinar  próximos passos, imaginar o pensamento do outro, jogar verde pra colher maduro, armar pequenos boicotes nas situações mais inusitadas ou inesperadas, quando o invejado sequer tem tempo de armar a guarda.

Quantos amores são enterrados pela inveja; quantas carreiras são interrompidas ou ficam paralisadas pela inveja; quantas amizades bonitas poderiam ter nascido se a inveja não tivesse se instaurado; quantas pessoas sofrem por ondas negativas poderosas, advindas do orgulho e do egoísmo.

Não consigo dissociar a inveja de outros dois sentimentos: o orgulho e o egoísmo. Orgulho por não reconhecer, muitas vezes, que ainda precisa trilhar caminhos que o outro já trilhou; orgulho pela falta de humildade em admitir que talvez não consiga chegar aonde o outro chegou, por qualquer motivo, afinal de contas somos indivíduos, únicos.  No máximo conseguiremos seguir um exemplo, jamais seremos iguais. Ainda bem, pois é exatamente isso que nos faz singulares e espetaculares. Se o invejoso pudesse ter esse discernimento cuidaria mais da sua vida.  Mas não. Egoísta, quer para si o que é do outro, não podendo ter paciência e humildade para fazer do outro um exemplo a ser seguido e não invejado.

Sabe... acho que os anos me ensinaram que ao invés da gente sentir inveja de uma pessoa que está em melhor posição que a gente (segundo nossos critérios, é claro), deveríamos nos associar a essa pessoa e fazer de tudo pra aprender com ela. A gente cresce assim, e mais rápido. Pena que o invejoso ache que no mundo tem lugar só pra ele!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

QUERIDAS CARTAS

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Hoje, na academia, conversando com uma amiga, ela me diz que, juntamente com o noivo, marcou a data do casamento:  janeiro vindouro. Acompanhei, nos últimos meses, uma pequena turbulência no namoro dos dois.  Hoje, chegamos à conclusão que o ocorrido acabou fortalecendo a relação, como se precisasse dar uma chacoalhada pra colocar as peças no lugar, ou pra mostrar que não é preciso ter medo da felicidade a dois. Sim, há muito casal que briga por medo (inconsciente) de viver um sentimento tão gostoso, de aceitar a possibilidade de se entregar mais ainda, de tornar a intimidade mais íntima ainda.

Contei a ela que quando lembro do seu noivo, sempre me vêm à mente as postagens de amor que ele fez no Facebook quando estavam estremecidos. Um dia, ela reuniu várias, para saber da minha opinião, e enviou-me por e-mail. Puxa... como é gostoso ler um homem falando de amor, não sendo ele um poeta, nem um escritor; sendo ele um simples mortal. E tinha dias que eu “brigava” com ela, e a alertava de que pensasse bem para não fazer bobagem e jogar pela janela a possibilidade de viver o amor com um homem que, escrevendo, eterniza o seu sentimento.

Falando a ela sobre as postagens do noivo, lembrei que antigamente eram comuns as cartas trocadas de amor. As mulheres, na sua maioria, guardavam-nas. E, geralmente, eram guardadas em maços, ou dentro dos livros, ou em caixas decoradas. Sugeri à minha amiga que imprimisse os escritos (embora uma ação antiecológica), pois daqui a vinte anos ela poderá relê-los, caso não tenha mais o Facebook ou caso ele seja substituído por outra rede, sei lá, a tecnologia anda a jato. (hehe)

Já contei aqui neste blog, que volta e meia acho bilhetinhos de namorados, ou dedicatórias em livros, e que adoro. Não foram escritos para outra pessoa, senão que para mim! Acho que a gente de vez em quando perde essa noção. É a mesma coisa a história do presente. O mais importante não é o produto, mas sim a intenção e toda a trajetória invisível pelo qual ele passou até chegar ao destinatário. O desejo, o pensamento, o  deslocamento até a loja, a escolha, o cuidado em pedir para embrulhar em papel especial, a espera para a entrega, a expectativa na sua abertura, o abraço de agradecimento.

A mesma coisa com as cartas. Não é o papel em si, é o sentimento “plasmado” com tinta o que importa.

Acredito que também possamos estender para os e-mails – as nossas cartas do presente, que acho que já estão indo para o passado, visto que tem muita gente que não os usa mais, por causa das redes sociais. Eu ainda gosto muito. E fico muito feliz ao abri-los quando endereçados somente a mim, a mais ninguém, e ainda com conteúdo para a alma.

Também no dia de hoje, recebi um e-mail de um amigo, que fora endereçado a outras pessoas que não só a mim, e que continha dois pequenos textos de títulos “Você tem a liberdade de escolher novamente.” e “Confie em seu coração. O Amor é o alicerce básico da vida.” E, como gostei muito dos textos, retornei com meus comentários, e recebi de volta com os comentários dele. E, como sempre, desse meu querido amigo, era de se esperar palavras boas, dessas que fazem o dia da gente, principalmente quando o dia está meio cinza. Dessas palavras que parecem que chegam nada ao acaso; que chegam com tudo a ver. Desse mesmo amigo recebi, somente eu, no Dia da Mulher, um e-mail que, como uma carta, vou guardar para sempre, no meio de um livro.

Então, mesmo sem a licença de meu amigo, transcrevo o e-mail que recebi de volta,  em resposta ao meu, pra você, leitor do meu blog, ver como é gostoso trocar “cartas”.

...
Devolvo a boa tarde para você, e concordo em gênero, número e grau com a sua visão sobre o “Eu tenho que”.

Nada de obrigação, é verdade, mas o foco deve ser a transformação interna de cada um, com sua posterior manifestação externa.

Acredito, querida, que o trabalho mais nobre é o da construção do ser humano, descobrindo a interdependência de tudo. Parar, pensar, eventualmente sofrer um pouco. Mas, no final, entender quem somos, o que sentimos, o que estamos fazendo neste mundo.

Um desafio está posto neste momento de mudanças da vibração planetária: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. De coração a coração.

Também, tal como você, estou dentro quando o assunto for amor e coração. Essa combinação, portanto, muito me agrada.

Uma semana supimpa é o que lhe desejo por ora. Com afeto,...

Sim... seguramente será uma semana supimpa!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

MEIA-NOITE EM PARIS



Assisti, nesta semana, ao filme “Meia-noite em Paris” (Midnight in Paris), do Woody Allen, e adorei! Puxa, dá pra tirar um monte de lições dele!

Como o filme mostra, claramente, o quanto é importante estarmos em sintonia com um companheiro! Que ele goste da maioria das coisas que gostamos, que nos admire, que compartilhe dos nossos sonhos, que esteja do nosso lado nas ideias e literalmente. Que tenha  ideais parecidos, que goste de estar na presença da gente.

Você vai dizer: mas isso é normal! Nem tanto! Muitas vezes entramos num relacionamento pensando que a pessoa é de um jeito e depois acabamos (com a convivência) vendo que não é, que foi só um encantamento. Certamente mais pra frente o desencantamento acontecerá. E é engraçado que, boa parte das vezes, o desencantamento vem de fora: encontramos outra pessoa com quem nos afinamos mais, ou que nos mostra um outro lado, mais parecido com o nosso. E não necessariamente precisa resultar em um envolvimento com essa segunda pessoa. Quem sabe a sua função foi cumprida: nos ajudar a fazer a passagem,  a saída do relacionamento que não estava bom?!

No filme, o tempo todo, a noiva do protagonista (ele se chamava Guill) o diminuía. É muito ruim estar com alguém que compete com a gente ou que não acredita no nosso potencial. Alguém que nos trata bem quando quer alguma coisa da gente, por interesse, ou por má-fé. Ou que esteja com a gente porque vê uma possibilidade futura de se “dar bem." No filme, a moça tinha interesse na vida boa que ele poderia lhe proporcionar. E sabe, penso que quem estiver conosco tem que estar por inteiro, íntegro, pelo que a gente é. E o quanto é importante fazermos o exercício de ouvir o outro, principalmente os amigos, quando eles nos dizem, sinceramente e de coração, que fulano não gosta da gente do jeito que mereceríamos ser gostados. O triste é que nem sempre enxergamos isso. (hehe) Quem está de fora enxerga melhor. Sem contar que ora temos uma baixa avaliação da gente, ora temos alta demais. Esses dois extremos são muito perigosos. Se de um lado um deles nos leva a sermos escravizados pelo parceiro, o outro leva a não enxergarmos alguém que pode ser o nosso grande amor, por exatamente nos acharmos merecedores de muito mais. E esse muito mais pode já estar do nosso lado e não o enxergarmos. 

O filme mostrou, também, que não podemos, nunca, desistir de um sonho, em detrimento do que os outros vão pensar. Quantas vezes somos criticados por termos sonhos que não são tão grandes aos olhos financeiros, mas são grandes aos olhos do sentimento, do coração, do nosso desejo e não do outro. Mostrou ainda o quanto é difícil (já falei acima), quando quem está ao nosso lado não entende o nosso sonho, ou o zomba, ou o diminui. E a dureza que acontece exatamente como aconteceu com o Guil: demoramos um pouco pra mandar às favas esse  nosso companheiro. Acabamos por aguentar um tempão (como somos masoquistas mesmo!) até que algo externo nos mostre que estamos com a pessoa errada.

Outra lição que tirei foi que quantas vezes nos refugiamos no passado quando estamos com medo de viver o presente? E como é comum sermos saudosistas, ou começarmos a ler ou escutar tudo que é de outra época, e nos acharmos mais afinados a ela do que à atual! Como uma fuga mesmo. Só que sem se dar conta dela. A gente sempre imagina que outra época foi melhor, quando algo está nos incomodando. E o que na realidade precisamos é descobrir e resolver o que nos incomoda no nosso tempo presente, que é o que realmente temos, agora, na nossa jornada evolutiva. Está aí... talvez isso seja a chave para a felicidade, para a paz. E não tentar viver o que não pode ser vivido mais.

Contudo, vivendo esse passado, Guill nos mostrou, e foi o mais bacana de tudo, o quanto é libertador podermos ser nós mesmos, e podermos conviver com pessoas que gostam da gente do jeito que a gente é! E foi justamente por conviver com seus “pares”, que Guill conseguiu dar “um pé na bunda” da sua noiva. Isso também foi libertador ver no filme. (hehe)

Puxa, teria muito mais coisas a falar, de tanto que gostei! Fica a dica pra quem não o assistiu: aproveite o friozinho, tempo propício pra pipoca, chocolate quente, e um bom filme de iluminar a alma!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

DIAS DE "BUSÃO"


Simon - www.pinterest.com

A gente precisa deixar o carro em casa e andar de ônibus, pra ver o mundo. Quem anda direto de ônibus vai dizer que a minha apologia a esse transporte é porque eu não me utilizo dele sempre. E vai me cobrar: "ande de ônibus todos os dias, pra você ver!" É... a qualidade do transporte, no país inteiro, não anda lá essas coisas mesmo. (hehe)

É claro que eu poderia usar de um argumento adicional: o ecologicamente correto que é deixar o carro em casa e usar o transporte coletivo. Mas não é esse o meu objetivo, por agora.

Três dias sem o carro, em manutenção, e lei de Murphy: precisei mais dele do que quando o tinha disponível. Solução: ônibus.

Treinei várias virtudes, dentre elas a paciência, a generosidade, a indulgência, a contemplação. Esperar no ponto, dar lugar para os mais velhos, dividir o espaço apertado depois das 18 horas, prestar atenção à paisagem.

E (re)descobri que a gente conhece a cidade de dentro de um ônibus e não na frente de um volante do carro. Aproveitei para prestar atenção nas casas comerciais e descobri que havia algumas que as imaginava em outro endereço.

Da janela alta do ônibus vi algo extremamente curioso: um pé de manga carregado, no pátio de uma igreja. Tudo bem se fosse época. Mas não é!  As mangueiras começam a florir em novembro e as mangas começam a madurar em dezembro. Agora é época de poncãs, tangerinas, mexericas, todas de início do frio. Manga gosta de calor! Bem... tanta coisa está mudada hoje em dia! Acho que até as mangueiras estão confundindo seu tempo!

Entro no terminal de ônibus urbano, e mais uma vez fico indignada com a administração da cidade. O horror dos horrores: escadas em estado péssimo de conservação, paredes sujas, escuridão nos guichês, gente tentando vender passagem mais barata do lado de fora das catracas. Deus que me livre, mas é o inferno em vida! E o pior é que a gente acaba se acostumando com o cenário. Já falei aqui, neste blog, do quanto é pernicioso a gente olhar uma parede rachada e se acostumar a ela, sem questionamento algum, sem querer saber o porquê da rachadura, sem querer arrumar, sem querer melhorar. Não falo da questão material apenas. Da espiritual também, na medida em que aceitamos, resignados, que o nosso voto não dê em nada. Que aceitamos ser passados pra trás, ou desconsiderados (talvez seja a melhor palavra), mesmo a gente  pagando os impostos em dia, e em tudo o que é coisa. É aceitar viver com  "mais ou menos", quando a gente tem direito a viver com "mais".

E aí entro no ônibus e vejo o cobrador dando conselhos para uma passageira, e conselhos muito bons! De que a vida é cheia de problemas mesmo, mas que a gente nem por isso pode desanimar. Não é isso que Deus espera da gente. Que temos que reagir. A passageira ouve aquele homem, com atenção total. Mas é claro: ele tinha palavras confortadoras pra dizer, coisa que muito douto nas palavras não tem. Logo depois, a passageira desce em um dos pontos, com um agradecimento que me pareceu muito sincero. E lá diz o mesmo cobrador, num papo que engatou com outra passageira: “A vida é uma bola, senhora! Nós chuta pra cima, nós chuta pra baixo. Só Deus na causa!”. Vou descer, e já estava na porta quando o cobrador olha pra mim e me diz: “Vai com Deus!”  E eu que nem tinha conversado com ele, só estava prestando atenção, ainda saí abençoada! (hehe)

Já era passado das 18 horas, estou no ponto de ônibus, aguardando há mais de 20 minutos pelo que passa em frente do meu prédio. O ônibus chega e está simplesmente lotado. Entro, passo a catraca e qual a minha surpresa quando um rapaz se levanta e me cede o lugar. Não havia necessidade, uma vez que eu carregava apenas uma agenda e a bolsa. Mas diante da insistência dele e diante de que ele me justificou que eu estava com uma bolsa grande, e ficaria mais confortável sentada, aceitei. Pra quem estava cansada de ficar em pé no ponto de ônibus, e o destino (teoricamente) seria ficar mais um tempo ainda dentro do ônibus, foi surpreendente e maravilhoso o que aconteceu. Ainda existem cavalheiros! (hehe)

Sem contar o que amo fazer: ouvir estórias. E não há lugar melhor do que dentro de um ônibus. Prestar atenção em gente é algo ímpar. Dá pra fazer uma análise da nossa vida, a partir das estórias que ouvimos! Aliás, falávamos sobre isso, ontem, eu e minha irmã.  A gente precisa olhar para os lados, ouvir os outros, até para valorizar o muito que a gente tem de bom na nossa vida. Sim, porque as estórias que nos trazem lições são as de pessoas que têm menos que a gente, ou que estão passando por problemas maiores que os da gente, ou que se dispõem e se expõem em contar suas mazelas, ou que se abrem sem medo de serem criticadas, ou que são autênticas. E só sabemos disso quando nos dispomos a ouvir, com ouvidos de ouvir.

E nesses três dias de muitos ônibus, relembrei os tempos de faculdade, em que não tinha carro, e morava na capital. Deslocamento demorado, ônibus sempre cheios, mas que foram anos maravilhosos da minha vida. Voltava com a minha turma de amigos, amigos estes que tenho contato até hoje. Fora que me orgulho de poder dizer de onde vim e onde cheguei, andando de ônibus. Sabe, a gente não pode perder nunca de vista o caminho do nosso progresso, material e espiritual. Olhar pra trás e ter a medida do quanto crescemos. De podermos dizer, com orgulho: "hoje posso andar de carro, porém, cheguei aonde cheguei pegando ônibus!"

domingo, 6 de maio de 2012

DEMOROU!


Iris Learning - www.pinterest.com

Volta e meia, nas minhas conversas com os amigos, acabo abrindo minha caderneta de bolsa e anotando frases e expressões idiomáticas, que me chamam atenção pela inventividade e pela criatividade com a nossa língua portuguesa. Inclusive, uma das frases já foi uma postagem deste blog: a vida é muito curta pra ejetar o pendrive com segurança. Há um tempo queria postar mais sobre algumas frases que anotei, e hoje o faço.

Bem... comecei o parágrafo acima com uma expressão - volta e meia - que, já pelo fato de não ter uma explicação ao pé da letra, é idiomática. Dar uma volta e depois meia, pra quê? (hehe)

Boa parte dessas expressões sai da televisão, da música, da internet, de tipos engraçados, ou de personagens que traduzem um pouco (ou muito) o que a gente vive no nosso dia-a-dia. É como se fosse uma resposta coletiva, um chavão, que uma vez dito aqui será entendido em qualquer lugar do país; uma expressão curta que resume uma intenção.

Até hoje uso uma bem antiga: Ninguém merece! Nem me lembro mais sua origem. E gosto muito de uma, que aprendi há anos atrás, com um consultor de sistemas de Blumenau, e que acabo usando bastante também: se jogar nas cordas. Um exemplo de sua utilização: Seja assertivo já no início, porque senão, mais tarde o seu pessoal vai se jogar nas cordas!

De outra consultora, aprendi uma expressão que acho perfeita pra quando a gente precisa dar uma notícia ruim: Sinto muito mas, hoje, serei portadora de pouca luz! Essa mesma consultora usava outra expressão, que é do Luciano Huck, e que confesso que detesto: show de bola. Acho que não gosto, não tanto pelo Luciano, mas pela consultora mesmo, que sempre era mais portadora de pouca luz do que show de bola. (hehe)

Estou caminhando na rua com um amigo, e ele me conta que pintou uma tela, pela primeira vez, e que ficou um filé. Até combinou com o momento, pois acabáramos de sair de um restaurante, onde havíamos almoçado. (hehe)

Estou contando uma história para outro amigo, na realidade contando algo que deu errado, e ao final, para me consolar ele me diz: Pior! (hehe)

Solicito ajuda a um amigo pra vir na minha casa instalar um software, e lhe prometo que faria os sanduíches que fazem parte de uma das receitas deste blog, e que ele mesmo havia comentado sobre a cara boa deles. Assim que fiz o convite, ouço: Demorou! Pena que, realmente, demorou. Não o meu convite, mas o meu amigo mesmo. Ele não pode vir, e eu tive que me virar em instalar sozinha. Ainda bem que nem por isso me sequelei. (hehe)

Estou na sala de aula de um curso, quinta-feira, dia 12, quando o instrutor, limpando o quadro branco, nos diz: A mãe do Jason mandou ele dormir cedo hoje, porque amanhã ele tem que trabalhar.  Foi ótimo, pra uma véspera de sexta-feira 13! Todo mundo olhando pra ele, esperando mais conteúdo do assunto, e vem essa frase. Gosto desse tipo de quebra de seriedade. (hehe)

Estou batendo papo com uma amiga, ela contando do problema da irmã, que leva a vida fora da realidade, e ela me solta essa: Também, ela vive no mundo fantasioso de Barbie! (hehe)

Se você está sem namorado, aproveite o tempo para ficar. O seu ficante pode ser classificado como consumo interno. Uma conhecida reclamou que os tempos andam difíceis: não está conseguindo nem para consumo interno. (hehe)

As Livrarias Curitiba lançaram um concurso de contos, e uma recente amiga, no último dia de inscrição ainda estava em dúvida se mandava ou não o conto que escrevera. Motivo: leu o regulamento e, segundo ela, era tão rígido, como um casamento sem direito a divórcio. Mal eu acabara de rir da frase, ela me solta outra: quase um pacto perpétuo de sangue.

Reunião de amigas, todas arteiras em pintura de tela, o papo sendo os problemas nossos do dia-a-dia, lá pelas tantas a artista plástica do ateliê nos diz: Eu não fico romanceando um sofrimento. Riso geral. Peguei minha caderneta e fui anotar, ao que ela me diz que gosta muito de outra expressão: Por que você não se blinda? Fiquei pensando: puxa, a nossa língua a gente inventa. Até então não havia pensado sobre o uso, nessa forma, do verbo blindar. (hehe)

Até mesmo no centro espírita que frequento saem pérolas. Outro dia marquei o nome que o palestrante deu aos amigos benfeitores que nos acompanham: Engenheiros da Providência. Gostei!

E assim vai. Cada um de nós tem as frases que gosta de usar, expressões que nos diferencia dos demais e que até nos confere identidade. Agora mesmo estou me lembrando que, quando tinha 6 ou 7 anos, uma japonesa vinha vender verduras na porta de casa. Pela dificuldade de falar o português, ao cobrar a sua venda uma de suas palavras nos chamava atenção: "dondinto”. Significava “duzentos”. Eu e minha irmã apelidamos aquela senhora  de “a mulher do dondinto”. Lá vinha ela, e nós gritávamos: “Manhê, a mulher do dondinto está chegando.”  (hehe)

Uma vida inteira vamos inventar e reinventar a nossa língua. Talvez seja uma maneira de lidarmos com sua dificuldade (o português é muito bonito e igualmente difícil), de resumirmos um sentimento, de dizermos alguma coisa quando não sabemos ou não podemos dizer, ou até mesmo de encurtar uma história.

O fato é que tenho certeza que de alguma expressão você deva também ter se lembrado. Se não agora, numa hora oportuna.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

UM DECÁLOGO PARA A PAZ


Lago Igapó - Londrina - PR

Ângelo Giuseppe Roncalli foi eleito Papa João XXIII aos 77 anos e seu papado diferenciou-se por ele defender que a igreja católica se posicionasse sobre questões sociais, políticas e econômicas, e não ficasse enclausurada nos seus dogmas, dado que as pessoas buscam respostas aos seus questionamentos reais nas religiões. Diferenciou-se dos demais papas, também, por defender, por escrito, que cada um tem o direito de escolher a religião que melhor lhe aprouver. Para sua época foi uma novidade e uma evolução enormes, mas que foram bem recebidas. 

Em 1960 publicou dez princípios que ficaram conhecidos como "O Decálogo da Serenidade", e que se resumem em condutas para o homem que busca viver em paz. E, realmente, ele foi um papa ecumênico, pois a sua publicação cabe em qualquer religião baseada em princípios cristãos.

São eles:

(abre aspas)

1.  Procurarei viver pensando apenas no dia de hoje, exclusivamente neste dia, sem querer resolver todos os problemas da minha vida de uma só vez.

2.  Hoje, apenas hoje, procurarei ter o máximo cuidado na minha convivência; cortês nas minhas maneiras, a ninguém criticarei, nem pretenderei melhorar ou corrigir à força ninguém, senão a mim mesmo.

3.  Hoje, apenas hoje, serei feliz, na certeza de que fui criado para a felicidade, não só no outro Mundo, mas também já neste.

4. Hoje, apenas hoje, adaptar­-me-ei às circunstâncias, sem pretender que sejam todas as circunstâncias a se adaptarem aos meus desejos.

5.  Hoje, apenas hoje, dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura, recordando que, assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, assim a boa leitura é necessária para a vida da alma.

6.   Hoje, apenas hoje, farei uma boa ação e não direi a ninguém.

7.   Hoje, apenas hoje, farei ao menos uma coisa que me custe fazer, e se me sentir ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba.

8.  Hoje, apenas hoje, executarei um programa pormenorizado. Talvez não o cumpra perfeitamente, mas ao menos escrevê-lo-ei. E fugirei de dois males: a pressa e a indecisão.

9. Hoje, apenas hoje, acreditarei firmemente, embora as circunstâncias mostrem o contrário, que a Providência de Deus se ocupa de mim como se não existisse mais ninguém no Mundo.

10. Hoje, apenas hoje, não terei nenhum temor. De modo especial não terei medo de gozar o que é belo e de crer na bondade.

(fecha aspas)

Dos dez princípios acho que o que resolveria todos os outros seria se conseguíssemos vencer o de número 8. 

Se naquela época Ângelo Roncalli nos advertia da "pressa e a da indecisão", imagina hoje! Tomar decisões já é difícil; na pressa, então! Só que é justamente assim que temos vivido: em tempos de pressa e decisões tomadas muito rapidamente e em nome de um monte de coisas. Em nome da competição no trabalho, em nome da carreira, em nome da cobrança da família, em nome da nossa cobrança interna, da sociedade e principalmente da tecnologia, que quanto mais rápido melhor. Ou seja, hoje o que é lento é considerado ultrapassado, porque vai nos tomar tempo.  Qual tempo? O que gastaríamos viajando, brincando com os filhos, assistindo a um filme comendo pipocas ou indo à casa do amigo para matar a saudade? Que nada! Não é assim! Temos pressa pra poder trabalhar mais, ganhar mais dinheiro, gastar mais dinheiro, e pagar a conta dos remédios da farmácia. (hehe)

Conte pra alguém que o seu computador foi adquirido há três anos atrás; conte pra alguém que o seu celular não tem câmera; conte pra alguém que o seu aparelho de som não toca mp3; conte pra alguém que você gosta de estourar pipocas na panela e de aproveitar para fazer pipoca doce; conte pra alguém que você gosta de cozinhar; conte pra alguém que você cultiva flores; conte pra alguém que você revê fotos antigas ou que se deita no sofá, à luz de um abajur, só pra ficar no silêncio ou ouvir sua música favorita ou pra pensar na vida. Não tenha dúvida: em algumas dessas situações você parecerá uma pessoa, no mínimo, antiquada. (hehe) E pode notar que todas essas coisas nos remetem a não ter pressa!

É... na década de 60 o espírito de Ângelo Roncalli parecia já saber do que os seus contemporâneos e os futuros habitantes deste planeta precisariam meio século mais tarde. Um decálogo para tentar colocar a paz no nosso caminho. Está aí, e é atualíssimo.


domingo, 22 de abril de 2012

COBRANÇAS


Marcel Van Oosten - squiver.com

Como a gente cobra muito, mas muito, de quem a gente ama!

E cobramos mais ainda se quem a gente ama nem se dá conta do quanto lhe amamos. Da mesma forma, quando nem nós nos damos conta do quanto amamos o alvo das nossas exigências. E que, não raras vezes, estamos exigindo justamente por não conseguirmos lidar com o sentimento do amor dentro de nós.

Fora que nós, não raras vezes também, matamos um sentimento não correspondido, com as cobranças que fazemos do outro, pra no fundo, no fundo, confirmarmos que estamos “certos”: “ - Ele não serve pra mim!” Bem... não é que não serve; não nos ama, só isso! Nós é que estamos arrumando um jeitinho de matá-lo em vida, dentro de nós.

Num amor impossível, então, quando ambos se gostam, mas por qualquer motivo não podem ficar juntos, as cobranças tendem a ficarem maiores. A gente não está acostumada a amar por amar, e pronto! Só mesmo sendo muito espiritualizado ou analisado pra não cobrar retorno.

De outra forma, como a gente aceita passar, incólumes, opiniões contrárias à nossas, vindas de um outro que não o nosso companheiro! A gente até discute, mas não leva pra casa. Já com o companheiro.... Hummmmm.... Uma vez que ele sai fora do script que nós montamos na nossa cabeça, baseado no que achamos que ele deva ser ou do que o enxergamos, os questionamentos começam! Aí acontecem as famosas DRs (Discussões de Relacionamento), que, muitas vezes, seriam somente uma questão de revermos nossos pontos de vista e não de querermos mudar o do outro.

Como seria bom se a gente ouvisse algo do nosso amado, discordasse (se não pensasse mesmo como ele), mas ao invés de cobrá-lo, com um sorriso disséssemos apenas: “- Você pensa diferente nisto, e tudo bem!” O que a gente faz depois com a diferença é outra história – se é um ponto de vista crucial pra continuidade do relacionamento, aí valeria a pena gastar energia em cobrar, mas só que cobrar da gente, nos questionando o porquê de continuarmos numa situação assim. Se não, deixa pra lá, até porque o outro já sabe o nosso posicionamento, e certamente vai pensar sobre. Contudo, já reparei, a gente fica emburrada, “desmancha a casinha” dentro da gente, faz picuinha, justifica que o fulano não serve pra gente, só porque não concorda conosco. E quantas e quantas vezes nós é que estamos erradas!

É que, na realidade, repara bem... por detrás de muita bronca que possamos ter de uma pessoa, pode haver um amor, ou algo mal resolvido, com a gente mesmo ou com o nosso alvo. Os psicólogos são experts em nos perguntar por que a gente se incomoda com fulano? Ou mudando a pergunta: por que fulano lhe incomoda tanto? (hehe) Porque no fundo, se trata de desejo e dribrá-lo  é muito difícil. Só falando dele pra gente se libertar. Quando cobro demais do meu amor, estou cobrando que ele tenha os mesmos desejos meus, e isso é impossível, uma vez que somos únicos, indivíduos. No máximo nos ligamos a pessoas afins, mas daí a sermos iguais, cobrarmos igualdade de pensamentos, é eternamente impossível!

Outra situação que tenho notado, é o quanto o medo da felicidade nos faz pessoas exigentes! Será que quando cobramos quem amamos, estando ou não juntos a ele, não estamos justamente colocando barreiras para a possibilidade de dar certo? Somos campeões em nos boicotarmos, frente ao desconhecido, frente ao diverso do “normal”, frente aos nossos preconceitos, frente ao inusitado de estarmos vivendo um sentimento muito bom que é o amor, ou frente ao trabalho que dá manter a nossa conquista. E qual a forma mais eficaz, e eu diria mais fácil de boicotar o insuportável? Cobrar do outro!

A gente se esquece que a escolha foi nossa. E se o escolhemos, foi porque em muita coisa somos iguais. Podemos até ter nos enganado, mas isso a gente consegue ver depois, e acredito que se temos um pouco de amor-próprio, a gente sai fora do relacionamento logo, logo. Mas se persistimos nas exigências, no fundo, no fundo, amamos muito aquele sujeito. (hehe)

Lembrei-me de uma pergunta, que não sei a origem dela, mas que de vez em quando gosto de fazer a mim mesma: "Você quer ter razão ou ser feliz?". 

Sabe, as horas em que escrevo coisas do gênero, são as horas em que cobro a mim, e não ao outro. É muito bom pensar, mas tem horas que acho que seria melhor não pensar muito e viver mais. São as horas em que as paixões ficam de lado, as ideias preconcebidas são questionadas, e acho que acabo me despindo de qualquer prejulgamento. Quem dera fosse sempre assim! (hehe)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

VOCÊ NÃO TEM FACE?


É impressionante como as pessoas se admiram quando digo que não tenho Facebook pessoal. E pior, sendo eu da área tecnológica, a cobrança é maior ainda.  Uns fazem chacotas, outros ficam me olhando por alguns segundos, pensativos, e acho que até  pensam: "Coitada, deve ser muito tímida ou antissocial!" (hehe)

Fico tentando imaginar o que imagina uma pessoa sobre outra que não está no Face. E eu fico imaginando o que seria de muita gente sem o Face.

Tem gente que chega em casa, não conversa com ninguém, mas vai pra frente do computador e fica horas naquele papo com muito “kkkkkkkkkkkkkk”, muita palavra pela metade, muita frase curta, tudo superficial. Às vezes nem sabe o que os pais pensam ou o que fazem os irmãos ou quem são os vizinhos. Ou melhor, podem até saber se todos eles estiverem na rede. (hehe)

Ontem terminei um curso, onde alguns colegas assistiam às aulas ao mesmo tempo em que conversavam no Face. Fico pensando que a mente de uma pessoa assim já deva estar acostumada a ver dois conteúdos diferentes, que requerem atenção, ao mesmo tempo, e assimilá-los de forma igual. Deve conseguir, não é mesmo?

Anos atrás eu dava aulas e não havia redes sociais. Já era difícil pra muita gente assimilar com o foco somente em um assunto. Fico imaginando se fosse agora, como me sentiria, como instrutora, ao estar explicando ao aluno e ele batendo papo na rede? No meu tempo (sou antiga mesmo, admito) isso seria tomado como falta de educação. Não quero voltar a dar aulas mais! (hehe)

É claro que as redes sociais têm o seu lado importante enquanto instrumento de mobilização de massa. Ditadores são derrubados, esquemas são armados, opiniões são divulgadas, empresas se relacionam com seus clientes, tudo através dessa corrente. Mas daí, ser escravo das redes é que fica complicado. Depender delas pra medir a competência em ter “amizades”, em ser sociável, em estar incluída é que fica complicado. Depender dela a ponto de não poder dispensar uma parte do tempo somente a um curso, a uma conversa, a uma reunião! Puxa! Isso deve dar uma ansiedade! (hehe)

Na revista Info deste mês, Dagomir Marquezi, no seu artigo intitulado “O insustentável desejo de ser curtido”, fala que muito usuário tem necessidade de estar nas redes sociais para se sentir aceito, reconhecido, curtido. E mais, é o lugar onde ele fala mal da sua empresa, do seu chefe, de todo mundo, coisa que ele não falaria pessoalmente. 

Bem... hoje até namoros começam pelo Face e terminam por ele. Ficou uma coisa assim meio como um comércio de serviços: “mudei de fornecedor, e por isso, rescindo o meu contrato com você.” Fora o número de amizades e seguidores. Não basta dizer que eu tenho um Face. Preciso dizer que tenho "x" amigos. Acho que se o sujeito tiver uns 10 (e dos bons!), como na vida real, esse cara deve ser visto como um cara muito antissocial. Bom mesmo, ser popular mesmo,  é ter 800 amigos. Como diz o Dagomir, na mesma matéria:

Coloque um post com o título “Descoberta a vacina contra o câncer” e você terá meia dúzia de apoios. Escolha a foto bonitinha de uma lua no horizonte e escreva “boa noite a todos vocês meus queridos” e 1.872 curtirão isso.

Só que pra quem quer fazer carreira, deve tomar cuidado com esses 1.872 curtidores. Eles podem estragar até uma ascensão profissional. Hoje as empresas, antes de entrevistarem o candidato, já entraram no Face e leram tudo sobre ele. Fazem perguntas direcionadas nas entrevistas, e o motivo de muita não contratação é justamente a contradição do sujeito que postou o que nunca deveria ter postado.

A Daniela Braun, comentarista do CBN Tecnologia da Informação, semana passada, em um de seus boletins, contou que uma candidata a um cargo de Executiva de uma grande empresa foi excluída da seleção pelas suas postagens no Face. E uma dessas postagens foi um simples “eu adoro dormir de conchinha”. (hehe)

No mesmo boletim ela disse que nos EUA, sob polêmica, algumas empresas já pedem, na entrevista, o usuário e a senha no Face. Fico imaginando o entrevistador vendo os comentários não só do entrevistado, mas dos amigos dele. Sabe aquele ditado: Dize-me com quem andas, dir-te-ei quem és? Pois no Face funciona direitinho. Da mesma forma, também não adianta o sujeito escrever só coisas decentes, mas os amigos acabarem com a reputação dele, tirando sarro. São os ossos do ofício! (hehe)

É... Mark Zuckerberg pegou o ser humano exatamente como ele foi pego: pelo orgulho ferido.  A sua rede começou por sua carência afetiva e nós, muitas vezes, na dificuldade de externá-la também pessoalmente (no real mesmo), acabamos por externá-la através de uma rede de máquinas, e com uma dimensão depois que não vamos poder dar conta mais.

E aí você me pergunta como eu sei de todas essas coisas se eu não tenho um Face pessoal? 

Recentemente criei um fictício somente pra poder comentar os poemas de um poeta londrinense, que estão na rede, e ele sabe quem eu sou. E não me recrimine se eu lhe contar que  só tenho ele de amigo no Face. (hehe)

Bem... é que prefiro os meus amigos reais, que jamais, nem em 10 encarnações, chegarão a 800. (hehe)

E a todos eles consigo e prefiro me dedicar de corpo e alma!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

QUE BOM QUE DEU ERRADO!

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Como a gente reclama quando as coisas não saem como a gente quer! Ainda mais se fizemos um esforço hercúleo pra que desse certo. Por mais que a gente vá atrás, fale claramente, faça tudo conforme a medida que a situação exige, ainda assim acontece de não dar certo. E lá estaremos nós cobrando de Deus, olhando pros lados e dizendo que os outros têm mais sorte, e ainda iremos atrás de achar o que desandou a maionese, ou até mesmo atrás de um bode expiatório.

Contudo, passado um tempo (sempre ele!), não raras vezes a gente agradece a Deus por não ter dado certo mesmo! Lá tem um acontecimento que nos mostra que se tivesse dado, hoje a gente poderia estar em situação difícil ou até mesmo estaria arrependida. Fico pensando que se Deus fosse humano, diante das nossas cobranças, teria uma hora que ele desistiria da gente! (hehe)

Da mesma forma, muitas vezes presenciamos algumas situações ao nosso redor, e nós, como juízes que somos, acabamos arbitrando as nossas sentenças, principalmente se o acontecido for, ao nosso primeiro julgamento, deprimente. E lá estaremos nós só enxergando o “lado negro da força”. 

Hoje, na academia, chega uma das colegas e nos diz que acabara de presenciar a seguinte cena: uma senhora parou o carro, soltou o cachorro que estava levando, fechou a porta e simplesmente abandonou o bichinho na rua. Na maior calma e frieza. O bichinho até tentou correr atrás do carro, mas não conseguiu.

De dentro da academia, a instrutora vira mesmo um cachorro correndo atrás de um carro, mas não imaginou o que havia ocorrido. Não precisa dizer que fomos pra rua atrás do cachorro. Uma graça! Um vira-latinha alegre, esperto, amoroso e mesmo tendo sido abandonado (se fosse gente eu diria que ele não teria se dado conta ainda), pulava e balançava o rabinho. A instrutora chegou a dizer que eu levaria pra casa. Se eu morasse em casa, não tenha dúvida, ele estaria, neste momento, com um nome, com banho tomado, com casinha arrumada e já vacinado pelo veterinário. (hehe)

Porém, a colega que viu o cachorro sendo abandonado, já foi avisando que o queria. Foi muito emocionante, porque deu pra ver que ela gostou mesmo dele e ele dela. Bem... ele gostou de todas nós que estávamos ali, de tão alegre que é.

A colega ainda faria o seu treino e resolvemos então achar um meio de prender o cachorro. Conseguimos um barbante grosso, que a instrutora habilmente fez uma coleira, demos água pra ele (estava sedento!) e vimos que ele estava magrinho também. Pergunta se ele ficou na coleira? Não! (hehe) Conseguiu se desvencilhar e a sua futura dona falou-nos com uma calma de quem sabia que o cachorro era para ser dela: “Deixa! Ele vai ficar aqui por perto!” E ficou mesmo.

Uma hora depois, terminado o nosso treino, fomos pra rua, eu a instrutora e a colega, à procura do cão. Foi só assobiarmos que lá aparece ele, vindo correndo e  saltitando em nossa direção. Chegamos até a nos abaixar e abrir os braços para recebê-lo.

Fomos pro carro da colega, abrimos as portas de trás, e o chamamos. Não precisa dizer que ele chegava, olhava a porta, fazia que ia entrar, corria alegre pela rua e voltava. No íntimo, talvez ele “soubesse” que estava sendo adotado e não se cabia de felicidade. A gente faz assim, quando está feliz: dá uns pulos, sorri, grita, agarra quem está por perto, não é mesmo?

E lá se foram os dois, felizes: dona e cachorro.

Não precisa dizer, que quando soubemos que o cachorro fora abandonado, falamos muito mal da mulher que fizera essa barbárie. Chegamos a falar que gente assim não sabe o que é amar, que gente assim muitas vezes é depressiva, é infeliz, e ainda atribui sua infelicidade aos outros, ou ao mundo; que gente assim merecia ser presa.

Contudo, ao final, vendo emocionada o carro partir, levando o mesmo cachorro que fora abandonado por outro carro, refiz o meu julgamento em relação a sua antiga dona. Agradeci a Deus por aquela senhora tê-lo abandonado justamente na hora que nossa colega chegou na academia. Agradeci a Deus, mesmo tendo sido um fato deprimente. Sim! Aquela senhora não o queria mais, mas teve quem o quis. Se a antiga dona teve coragem de abandoná-lo, muito provavelmente devia maltratá-lo. Sequer se preocupou em dar água ao bicho, antes de deixá-lo na rua. De tão magro, muito provavelmente era privado de comida. O cachorrinho não merecia uma dona assim, viver com uma pessoa assim, ser amigo de uma pessoa assim. Que bom que ele teve outra oportunidade! O que parecia o fim do mundo, foi o começo de um novo para o cachorrinho! O que parecia que estava dando tudo errado, no fim deu tudo certo.

Bem... nada ocorre por acaso mesmo!