domingo, 22 de abril de 2012

COBRANÇAS


Marcel Van Oosten - squiver.com

Como a gente cobra muito, mas muito, de quem a gente ama!

E cobramos mais ainda se quem a gente ama nem se dá conta do quanto lhe amamos. Da mesma forma, quando nem nós nos damos conta do quanto amamos o alvo das nossas exigências. E que, não raras vezes, estamos exigindo justamente por não conseguirmos lidar com o sentimento do amor dentro de nós.

Fora que nós, não raras vezes também, matamos um sentimento não correspondido, com as cobranças que fazemos do outro, pra no fundo, no fundo, confirmarmos que estamos “certos”: “ - Ele não serve pra mim!” Bem... não é que não serve; não nos ama, só isso! Nós é que estamos arrumando um jeitinho de matá-lo em vida, dentro de nós.

Num amor impossível, então, quando ambos se gostam, mas por qualquer motivo não podem ficar juntos, as cobranças tendem a ficarem maiores. A gente não está acostumada a amar por amar, e pronto! Só mesmo sendo muito espiritualizado ou analisado pra não cobrar retorno.

De outra forma, como a gente aceita passar, incólumes, opiniões contrárias à nossas, vindas de um outro que não o nosso companheiro! A gente até discute, mas não leva pra casa. Já com o companheiro.... Hummmmm.... Uma vez que ele sai fora do script que nós montamos na nossa cabeça, baseado no que achamos que ele deva ser ou do que o enxergamos, os questionamentos começam! Aí acontecem as famosas DRs (Discussões de Relacionamento), que, muitas vezes, seriam somente uma questão de revermos nossos pontos de vista e não de querermos mudar o do outro.

Como seria bom se a gente ouvisse algo do nosso amado, discordasse (se não pensasse mesmo como ele), mas ao invés de cobrá-lo, com um sorriso disséssemos apenas: “- Você pensa diferente nisto, e tudo bem!” O que a gente faz depois com a diferença é outra história – se é um ponto de vista crucial pra continuidade do relacionamento, aí valeria a pena gastar energia em cobrar, mas só que cobrar da gente, nos questionando o porquê de continuarmos numa situação assim. Se não, deixa pra lá, até porque o outro já sabe o nosso posicionamento, e certamente vai pensar sobre. Contudo, já reparei, a gente fica emburrada, “desmancha a casinha” dentro da gente, faz picuinha, justifica que o fulano não serve pra gente, só porque não concorda conosco. E quantas e quantas vezes nós é que estamos erradas!

É que, na realidade, repara bem... por detrás de muita bronca que possamos ter de uma pessoa, pode haver um amor, ou algo mal resolvido, com a gente mesmo ou com o nosso alvo. Os psicólogos são experts em nos perguntar por que a gente se incomoda com fulano? Ou mudando a pergunta: por que fulano lhe incomoda tanto? (hehe) Porque no fundo, se trata de desejo e dribrá-lo  é muito difícil. Só falando dele pra gente se libertar. Quando cobro demais do meu amor, estou cobrando que ele tenha os mesmos desejos meus, e isso é impossível, uma vez que somos únicos, indivíduos. No máximo nos ligamos a pessoas afins, mas daí a sermos iguais, cobrarmos igualdade de pensamentos, é eternamente impossível!

Outra situação que tenho notado, é o quanto o medo da felicidade nos faz pessoas exigentes! Será que quando cobramos quem amamos, estando ou não juntos a ele, não estamos justamente colocando barreiras para a possibilidade de dar certo? Somos campeões em nos boicotarmos, frente ao desconhecido, frente ao diverso do “normal”, frente aos nossos preconceitos, frente ao inusitado de estarmos vivendo um sentimento muito bom que é o amor, ou frente ao trabalho que dá manter a nossa conquista. E qual a forma mais eficaz, e eu diria mais fácil de boicotar o insuportável? Cobrar do outro!

A gente se esquece que a escolha foi nossa. E se o escolhemos, foi porque em muita coisa somos iguais. Podemos até ter nos enganado, mas isso a gente consegue ver depois, e acredito que se temos um pouco de amor-próprio, a gente sai fora do relacionamento logo, logo. Mas se persistimos nas exigências, no fundo, no fundo, amamos muito aquele sujeito. (hehe)

Lembrei-me de uma pergunta, que não sei a origem dela, mas que de vez em quando gosto de fazer a mim mesma: "Você quer ter razão ou ser feliz?". 

Sabe, as horas em que escrevo coisas do gênero, são as horas em que cobro a mim, e não ao outro. É muito bom pensar, mas tem horas que acho que seria melhor não pensar muito e viver mais. São as horas em que as paixões ficam de lado, as ideias preconcebidas são questionadas, e acho que acabo me despindo de qualquer prejulgamento. Quem dera fosse sempre assim! (hehe)

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