sábado, 14 de abril de 2012

SOMOS TODOS FILHOS DE DEUS

Logomarca da novela da Rede Globo - tvg.globo.com/novelas/aquele-beijo/

Poucas vezes me emocionei tanto com um final de novela quanto com o final de "Aquele Beijo". Não sou assídua em assistir a novelas, mas de "Aquele Beijo" fazia de tudo para não perder um capítulo. E até mesmo nestes últimos dias, por força de estar fazendo um curso, acabei me atualizando pela internet.

E hoje assisti ao capítulo final e  me emocionei muito. Não pelo último em si, mas por me dar conta da perda de um momento, no final do meu dia, no qual assistia sensibilidade. O traço da novela era esse. Pelo viés do beijo, Miguel Falabella montou várias histórias recheadas de sentimentos bons e ruins. E que no final os bons sempre venceram.

A novela mostrou, o tempo todo, que podemos mudar de ideia, de ideia preconcebida. Mostrou que a vida é feita das diferenças e de como lidamos com elas. Mostrou que a vida precisa nos mostrar o outro lado, em tudo! Senão, como faríamos as nossas escolhas? Que os diferentes com os quais convivemos fazem a nossa vida valer a pena – seja para os entendermos, seja para nos entendermos. Mostrou que a vida, diferentemente de uma moeda, é feita de inúmeras faces.

A novela tratou muito de preconceitos. Nunca compartilhamos tanta informação como hoje, nunca falamos tanto com o mundo inteiro, mas ainda somos muito preconceituosos. E o Falabella soube mostrar que se nos despirmos dos preconceitos, podemos ser muito mais felizes.  A novela mostrou, por exemplo, que uma mãe pode repensar e aceitar um filho travesti; mostrou um médico escolhendo uma cabeleireira como sua mulher, porque viu nela o essencial - a companheira maravilhosa que ele queria e merecia; mostrou que depois de uma queda a gente tem sempre chance de recomeçar se a nossa alma não é pequena, se a gente não perdeu a  esperança em dias melhores e ainda confiamos no nosso potencial, nem que seja pra começar do zero, ou começar “de baixo” como costumamos dizer; mostrou que a gente pode ser muito feliz morando num lugar simples, e que o que faz dele um lugar feliz são as pessoas que nele vivem. Mostrou o valor das amizades verdadeiras, na tristeza e principalmente na alegria.  

A novela mostrou, através das falas do Miguel Falabella, que a gente precisa ouvir palavras belas, que a gente precisa de poesia, que a gente chega em casa cansada da competitividade da vida no trabalho, na rua, na escola, e quer ouvir palavras de amor. Quer ver um casal com os olhos brilhando, quer ver um beijo gostoso, quer ouvir uma palavra de encorajamento, quer ver solidariedade. Porque tudo isso a gente desaprende, nesse mundo tão materialista.

Uma das cenas que me tocou muito foi quando a Maruschka, personagem da Marília Pera, pede “Bença Mãe!” para sua mãe, na sua partida. Lembrei-me do tempo em que íamos pra casa de meus avós maternos e dizíamos “Bença Vó!”, “Bença Vô!”, e meu avô Manoel, português de Figueira da Foz, nos dizia “Deus te abençoe, cabeça de boi!”. Puxa, fazia tempo que não ouvia essa saudação! Até chorei de saudades, de felicidade por ter dito isso também na vida! Quantos filhos hoje sequer falam “Bom dia!” pra seus pais, que dirá pedir a benção aos avós? O quadro que vem depois é igualmente emocionante, por envolver um pedido de perdão e um aceite, entre a mesma Maruschka e sua “filha” outrora por ela rejeitada. Foi ímpar mostrar que a qualquer tempo cabe um arrependimento sincero, cabe um pedido de perdão. A qualquer tempo cabe o perdão!

Vou sentir saudades de uma novela que a cada capítulo crescíamos um pouco mais, no mínimo em cultura, quanto mais como gente. Que divulgava Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Machado de Assis, Casimiro de Abreu, fora os poetas anônimos que estão entre nós.

Vou sentir saudades do amor da Cláudia e do Vicente. Eita casal que deu certo, que deu química. O casal traduziu todos os nossos comportamentos quando estamos juntos de quem a gente ama. Vou sentir saudades dos trechos citados pelo Falabella justamente nas cenas desse casal, e até marquei um deles, do último capítulo:

E foram felizes porque entenderam que felicidade é uma coisa boa e não devemos mandá-la embora só porque não estamos acostumados a ela.”

Simplesmente verdadeiro, simplesmente lindo!

E pra terminar, foi tocante ver um  personagem que apareceu apenas neste último capítulo (e que tinha a sua finalidade) dizer:  “Somos todos filhos de Deus”, depois de ouvir uma confissão que, normalmente a sociedade condenaria. Vou sentir falta de uma novela que nos lembre que Deus ama a todos nós, indistintamente!


2 comentários:

  1. Concordo com tudo que você disse... como você fazia tempo que não via finais de novelas tão lindos e emocionantes.E a frase:E foram felizes porque entenderam que felicidade é uma coisa boa e não devemos mandá-la embora só porque não estamos acostumados a ela,não sai da minha cabeça.

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  2. Que bom! E tomara que continue por muito tempo!

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