segunda-feira, 2 de abril de 2012

DESILUSÃO AMOROSA

Christina Scarratt - pinterest.com


Adoro ouvir histórias de amor. Infelizmente as ouço mais de mulheres do que de homens. As mulheres falam mais de suas aventuras e desventuras amorosas. Elas são mais abertas e subjetivas pra contar. E nós gostamos mesmo de contar, principalmente quando temos eco. (hehe)

E ultimamente tenho ouvido várias histórias, nos vários grupos que frequento, e é impressionante como tenho notado uma coisa em comum: a desilusão amorosa. Normal seria se ela ocorresse e morresse por si só. Mas como é comum ela causar uma cratera na vida da pessoa!

Como há mulheres sozinhas (e homens também),  por conta de uma desilusão amorosa! Talvez nem se deem conta. Talvez as escolhas futuras por si só dizem dessa desilusão, como por exemplo, as escolhas por futuros parceiros impossíveis, que são escolhidos, inconscientemente, a dedo pra corroborar a amargura, o medo de um novo fracasso ou a mágoa, que sobrou da desilusão amorosa anterior. Como que para provar que se for em frente vai dar noutra desilusão. E desse jeito vai mesmo! (hehe)

Penso que ninguém, mas ninguém, tem o direito de matar a nossa esperança em encontrar um amor que dê certo, depois de um que deu errado. Se é que deu errado – prefiro dizer que deu certo o tempo que tinha que dar, ou que era possível dar. Nenhum homem vale a pena marcar a ferro e fogo a vida da gente, como uma tatuagem, a ponto de desistirmos do amor dos outros homens do planeta. Só que pensando bem, não é o outro que nos marca, nós que nos automarcamos, nos autoencarceramos.

O pior é que às vezes não é tão claro assim. Tenho ouvido mulheres de uma certa idade que há muito tempo desistiram de pensar em um homem pra suas vidas. Está certo que não é tão fácil engatar um amor após o outro, mas em boa parte das histórias que tenho ouvido, os homens não estão fazendo tanta falta assim pra essas mulheres. Não que precisemos deles para sermos felizes. Mas parece que as desilusões que essas mulheres passaram, minaram o campo pra qualquer outro novo relacionamento. Fechadas pra balanço que não tem fim. A gente se acostuma com os balanços sem fim. (hehe) Mas não pode! É tão bom ter um companheiro!

Só que essas mulheres se esquecem de que, se elas se desiludiram, elas fizeram parte do processo. Somos coautoras, corresponsáveis pelas nossas desilusões; somos responsáveis pelas nossas escolhas. Ninguém sai de um relacionamento sem uma parcela de contribuição no que deu certo e no que não deu.

E aí, as histórias que ouço são invariavelmente: tive um grande amor, que não deu certo. Depois apareceu um fulano, depois outro, depois outro, e nenhum deu certo mais. Parece até que há um gozo em dizer o porquê, os motivos pelos quais não deram certo. Acho até que poderia aparecer o Brad Pitt, o Richard Gere, na vida de cada uma dessas mulheres, que não estaria bom, porque a desilusão matou invisivelmente, paulatinamente, sorrateiramente, qualquer possibilidade de vir a dar certo com outra pessoa. Acho até que tem gente que exibe a desilusão como um troféu. Aí chega a ser até comodismo perante a vida!

E acho que com homens acontece a mesma coisa, e às vezes até com um componente a mais. Se um homem se desiludiu com sua mãe (isso mesmo!), na tenra idade, seja por rejeição, seja por ciúmes, seja por divergência de opiniões, seja por qualquer causa, é muito comum ele ter problemas no relacionamento amoroso com uma mulher. Pensando bem, da mesma forma, nós mulheres com nossos pais. Parece que fica estigmatizada a relação homem x mulher, quando a gente não tem resolvida a história com nossa mãe ou com nosso pai. Bom... mas daí é trabalho (e dos bons!) para um Analista.

Mas voltando aos homens, vejo que eles ainda lidam melhor do que as mulheres com as desilusões amorosas. É difícil ver um homem que se separou ficar muito tempo sozinho. Ele logo, logo, arruma outra companheira. Nós mulheres é que ficamos ruminando. Taí uma coisa a aprender com eles. Taí uma coisa que deve dar uma tese. 

Só que desilusão a gente encontra em tudo: no trabalho, nas amizades, nos compromissos que assumimos, que nos engajamos. Faz parte da natureza humana. O que não pode nunca é deixar que essa desilusão mexa tanto com a vida da gente, a ponto de paralisar o lado que a desilusão fez o estrago. No caso do que posto hoje: no coração.

Fui olhar no dicionário e “desilusão” significa “perda da ilusão; decepção, desapontamento”. E aí me pergunto: o amor é ilusão? O amor é ilusório? Penso que não. Amor é um sentimento real. Se foi ilusão em algum momento, por que ficar fechado para o real que pode estar a qualquer tempo na nossa frente?

É... ainda bem que no meio dessas histórias de desilusão amorosa, há aquelas em que a pessoa fez dessas desilusões apenas experiências de vida a mais, e recomeçou tudo de novo, como deveria ser. E são dessas histórias de amor, recheadas de desilusões e novas “ilusões”, que eu mais gosto!

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