quinta-feira, 29 de março de 2012

HOJE A NOITE SERÁ DIA

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A acomodação é contagiosa. (argh!)

Trabalhe com um líder que gosta de mudanças, receptivo a novas ideias, e você crescerá profissionalmente.  Trabalhe com um chefe que chega no horário, que ouve seus colaboradores, que é assertivo, que é exemplo de conduta profissional e  que gosta de gente, que você aprenderá a gostar também, a cuidar do patrimônio da empresa, a ter orgulho do seu trabalho, do que faz.

Agora, pense no contrário. Num líder parado, que quando você lhe dirige a palavra, ele fica lhe olhando com uma cara de que parece que você não é deste mundo? Num líder que acha que tudo se resolverá por si, sem querer saber dos problemas da empresa, de conversar com o colaborador que está com dificuldades, que nunca é presente quando se faz necessário? O que dá pra cobrar dos colaboradores de um sujeito assim? Num instantinho vão ficar a cara do chefe e a tendência de empresa com gente assim, é fechar as portas.

Por que me lembrei de falar sobre pessoas inertes? Porque depois de me haver com o porteiro da noite sobre as lâmpadas que não estavam acendendo na garagem (achava que ele que não estava ativando o painel na guarita), e olhando para os outros problemas no prédio, dei-me conta de que o condomínio está refletindo a administração do síndico. Gente boa, não podemos negar, mas a sua inércia já atingiu os colaboradores e até mesmo os moradores. As lâmpadas estavam queimadas! E sequer os porteiros noturnos notificaram o síndico. Pra que, se falta luz na vaga de garagem do carro do próprio síndico?! Precisa dizer mais alguma coisa?

Sabe aquele troço de você se acostumar com uma rachadura, que depois nem a enxerga mais? É mais ou menos isso.

Aí você me dirá: – Vai ver que ele quer economizar para o condomínio!  E eu lhe responderei: primeiro que as lâmpadas são as econômicas, segundo que no nosso condomínio a inadimplência é nula, e terceiro, que o barato pode sair caro. Se um dos condôminos bater o carro no do outro condômino, justificadamente poderá alegar escuridão na garagem. E toca o condomínio se haver com o conserto de carro.

Ironia do destino, o síndico anterior embora muito doente, era mais proativo que o atual, que é bem mais jovem. O síndico anterior, embora com uma doença que lhe consumira o corpo ao longo de quinze anos, não lhe consumiu a mente, não lhe consumiu a vontade de viver o quanto pôde, muito menos a vontade de manter a valorização do condomínio. Isso prova que liderança e proatividade independem de idade.

Tudo na vida tem que ter manutenção pra não perecer, e manutenção dá trabalho mesmo. Mas é necessária: no amor, no trabalho, na família, em sociedade! Se a gente não quer se haver em ter que levantar o bumbum da cadeira, melhor não se enveredar a ser cabeça de nada. (hehe)

Bem... o meu pequeno mundo, o meu condomínio, reflete o Brasil.

Nesta semana saíram dois dados interessantes: o primeiro foi a arrecadação recorde de impostos em fevereiro, comparada com mesmo mês do ano passado, já descontada a inflação. O segundo foi o grau de felicidade do brasileiro. Não sou contra nenhum dos dois, mas acho que há um paradoxo neles. A arrecadação cresce em escala geométrica, e os serviços que temos no país não refletem essa dinheirama toda que vai para o governo. E o grau de felicidade do brasileiro continua alto, embora esses mesmos serviços não os atendendo decentemente, sendo precários. Acostumamos à falta de infraestrutura nas cidades, acostumamos com o caos na saúde (veja Londrina), acostumamos com a corrupção, acostumamos com um ministro caindo por mês, acostumamos com a parede rachada. Só que felicidade passa também pela consciência enquanto cidadãos. Mas parece que isso não tem importância, não é mesmo?

Não sei onde a gente vai parar.

Pedi para o zelador fazer um levantamento e ele detectou, há pouco, cinco lâmpadas queimadas na garagem. E segundo ele não tem nenhuma reclamação: nem de síndico, nem de morador. Aliás, tem a minha. 

Bom... pelo menos consegui que, hoje à noite, na garagem seja dia.


2 comentários:

  1. Concordo com vc em número, gênero e grau.
    Acomodar-se é fácil porém nada sadio!
    è COMO AQUELAS DOENÇAS SILENCIOSAS, quando a gente se dá conta.... não dá para se fazer mais nada.
    parabéns pelo texto e pelas reflexões.

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