quinta-feira, 22 de março de 2012

É TUDO O QUE SE PODE SER


Que mania a gente tem de imaginar o que anda pela cabeça do homem por quem a gente se apaixonou.  De “ler” os pensamentos dele. E pior, de explicá-los. Que mania e que pretensão dizer que ele me ama ou dizer que ele me odeia, dizer do sentimento dele, usando como base, como parâmetro, o que vai dentro da gente, o sentimento da gente.

Que mania de, diante do que está visível e escancarado, a gente ainda não sair do engano! A torcida do Flamengo grita que ele está passando um verão apenas, a do Corinthians berra que ele não quer saber da gente, e a gente teima em querer não ouvir. (hehe)

É questão de tempo, o danado do tempo, pra tirar a cadeira do lugar.

E aí a gente pega a se perguntar por que foi desse jeito e não de outro?

Por que a minha escolha não foi a escolha que eu esperava dele? Por que eu o escolhi?

Por que a resposta não foi a que eu queria ouvir?

Por que eu não consegui responder quando tinha a resposta na ponta da língua, ou por que não consegui encontrar uma resposta pra dar, embora tenha procurado tanto por uma explicação?

Ou por que a ficha caiu depois? Por que a ficha só cai depois?

Por que ainda dou chance, quando ele talvez nem queira, ou não tenha pedido por ela ou nem é merecedor dela?

Por que ainda procuro entendê-lo, se ele nem sequer cogita que eu o entenda?

Por que  quero que ele  me enxergue, ou enxergue o meu amor, se eu não ocupo o seu espaço físico, nem tampouco seu espaço mental?

Por que ainda eu gasto tempo em pensar nele, se meus pensamentos não estão na mesma frequência dos dele?

Por que ainda acredito em promessas que nunca se cumprirão? Se olho pra trás e há uma estrada de intenções que não passaram disso?

Por que é que não suporto mais ouvir sequer o seu nome? Por que ficou apenas um enigma a sua passagem pela minha vida?

Por que ele segue um caminho e eu outro? Por que, então, que nossos caminhos ainda se cruzaram? Ou por que nem sequer chegamos a uma encruzilhada, para pelo menos sermos obrigados a escolher uma direção a tomar?

Por que nem houve o beco sem saída? Pelo menos teríamos um beco nas nossas lembranças.

As respostas estão todas aí, escancaradas:

Porque foi paixão e não amor. Porque foi tudo vivido a um e não a dois. Porque foi tudo o que eu pude; foi tudo o que ele pôde – dar ou receber.

Faltou boa vontade? Será? Quem sabe responder pelo outro? Eu não sei!

Eu só sei que a gente nunca vai saber o que o outro pensa se não perguntar; se ele quiser falar; se ele nos achar merecedoras de ouvir; se quisermos ouvir; se ele souber o que dizer; se a gente souber falar; se ele não se esconder; se a gente não temer; se a gente se envolver; se ele se entregar. A gente nunca vai saber se não arriscar. A gente nunca vai saber se não experimentar. A gente nunca vai saber se não conviver com gente – que gosta de gente, que foge de gente, que parece ser como a gente, que é diferente da gente, que não gosta da gente, que ignora a gente, que ama a gente.

Agora, uma coisa é certa: só entregamos o que podemos, só recebemos o que merecemos, só temos o que realmente desejamos. Só temos o que somos. E ainda nem sabemos o que somos, quem somos (estão aí os psicólogos pra nos dizer isso e pra nos ajudar!).

Se na paixão existe desejo sobrando, também tem cobrança sobrando. Se é de um lado só, então, a dívida pode se tornar imensa. Embora, passível de ser saldada.  Ainda bem!

Já o amor nos capacita a aceitar dar mais do que receber. Mais agradecer do que cobrar. Ele é mais aceitação do que se pode ter, e menos engano. É mais curtição do que sofrimento. É mais difícil, mas torna a vida mais fácil.

Em todo caso, penso que na paixão ou no amor, ou em qualquer outra situação, se houve movimento, se houve inércia, foi o se que podia ser naquele momento. Não mais!

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