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Como fazemos mudanças na vida quando estamos amando! O outro
funciona como espelho, e ocupa o que de melhor temos: a atenção. Percebemos
cada gesto, cada atitude, cada opinião, cada palavra.
Queremos nos tornar não graduados, mas doutores na outra
pessoa. A nossa opinião começa, quando não a ficar misturada, pelo menos
parecida com a do amado. O que pensamos diferente até continuamos a pensar, mas
já colocamos alguma dúvida, algum senão, alguma pimenta, algum gosto diferente,
um algo mais. É que um amor nos liberta e a primeira coisa que ganha asas é a
nossa mente. Mais leve, mais solta, mais receptiva, porque mais alegre. A
alegria nos deixa abertos ao novo. A tristeza nos coloca um véu, nos amarra,
nos aprisiona em nós mesmos.
O que o amor nos traz de bom é aceitarmos, por exemplo, mudar uma opinião enraizada, por outra vinda
de quem elegemos partilhar intimamente da nossa vida. Bem... pra termos chegado
a escolhê-lo, dentre todos os outros seres humanos viventes no planeta, a
opinião dele acaba valendo tanto quanto a nossa. Se a opinião do seu amado não
vale, ou a sua não vale um tiquinho pra ele, desculpe-me, mas não é amor!
Amor de verdade não é competitivo. No máximo, diante de uma
situação de competição, fica feliz se o outro vence. É como se vencesse por
ele. É que amor com “A” maiúsculo tem o sentimento de orgulho grudado nele. Não
de orgulho, sentimento ruim, mas de reconhecimento do outro. A gente tem
orgulho de quem a gente ama. A gente enche o peito pra falar dele. Se não o
fizer, tem alguma coisa errada.
Amor é coisa séria. De repente o sujeito entra na vida da
gente, conquista a nossa alma, o nosso corpo, compartilha de nossos sonhos,
ideias, problemas, ocupa o cérebro e o coração ao mesmo tempo. Quer
mais sério que isso? Mais do que uma atividade profissional.
Na empresa a gente entra em determinada hora, terminado o
expediente a gente vai embora e, teoricamente, o nosso compromisso com a
empresa acabou aí. E ainda somos remunerados. Com um amor não. Ele acorda com a
gente, vai com a gente pra empresa, vai dormir com a gente, habita os mesmos
sonhos da gente, ocupa um território permanente. E num movimento não
necessariamente físico, mas necessariamente mental. Com remuneração nenhuma, enfrenta todo tipo de adversidade, advinda do mundo
externo, e pior ainda, do nosso mundo interno.
E lá tem um dia que
acaba. Sim, como tudo nessa vida, também tem o seu final. Tem o seu tempo de
dar certo. Se no final de um amor, mantivermos no nosso cotidiano o que aprendemos
de bom com ele, esse amor, sim, pode ser considerado um amor que valeu a pena. E
é engraçado: tem gente que diz que quer esquecer, que nem quer ouvir falar mais
do fulano ou de amor, que perdeu tempo, que não consegue enxergar o que de bom
ficou, mas repete em sua vida modos adquiridos do ex-amado. (hehe)
Pode ser que não
tenha ficado nada mesmo, não tenha valido a pena mesmo, mas uma coisa é certa: a gente nunca pode
menosprezar a nossa capacidade de amar, nem que tenha sido por quem não valeu a
pena. Triste seria se não conseguíssemos nem
amar assim.
Sabe... de cada amor que tive, aprendi algo. Teve até o que
achei que quase desaprendi, não fosse eu ter me salvo a tempo. (hehe)
Brincadeiras à parte, alguma coisa de bom todos me deixaram,
mesmo os que, ao final, eu tenha jurado que “igual a esse, não quero outro nunca
mais!” É que a palavra “nunca” é muito forte em se tratando de amor. Quando a
gente vê, já está fazendo o que jurou nunca mais fazer.
Um amor, se nada mudar na nossa vida, não pode ser considerado amor.
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